sábado, 3 de junho de 2017

Os chechenos gays precisam urgentemente de proteção

Fazem dois meses – quando começaram a surgir as notícias no jornal russo independente Novaya Gazeta - desde que as autoridades chechenas têm detido, torturado e até mesmo matado homens gays como parte de uma campanha deplorável para “limpar” a república de pessoas de “orientação sexual não tradicional”. Para o resto do mundo, a notícia foi chocante. Para a população perseguida da Chechênia, os eventos recentes são uma escalada aterradora da homofobia arraigada à sociedade a qual estiveram sujeitos durante toda a vida. É a abordagem sistemática que é nova. “A homofobia costumava acontecer em incidentes separados”, disse à Anistia International Akhmad *, que está agora escondido. “Mas agora não há salvação – isto é perseguição a nível oficial”. É difícil imaginar a solidão de ser gay na Chechênia. É ruim o bastante saber que oficialmente, você não existe. As afirmações repetidas pelas autoridades de que não há pessoas gays na Chechênia condenam você a uma vida de invisibilidade, onde seus direitos podem ser pisoteados com total impunidade. Talvez seja ainda pior que este rancor homofóbico esteja tão profundamente enraizado na sociedade ao ponto que você deve esconder sua identidade de sua família e amigos mais próximos. Os “homicídios de honra” ainda ocorrem na Chechênia para expiar as manchas percebidas na honra de uma família, incluindo relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. Uma fonte disse à Anistia Internacional que ele conhecia um homem gay que foi morto a tiros por seus próprios parentes e que não recebeu um enterro: “Para um muçulmano, não ter funeral é particularmente difícil. É como se essa pessoa nunca tivesse existido, como se ninguém tivesse o direito de se lembrar dele”. Mas os chechenos gays existem. Eles são reais e eles precisam desesperadamente de ajuda real. É pouco provável que venha de qualquer lugar perto de casa. Esta perseguição terrível está sendo dirigida por Ramzan Kadyrov, o homem mais poderoso da Chechênia, que gozou por anos da impunidade de violações dos direitos humanos cometidas no passado. Já há relatos de que a polícia chechena está planejando processar por difamação os jornalistas do jornal Novaya Gazeta que deram a notícia em primeira mão. E, embora Kadyrov diga que está pronto para cooperar com as investigações, ele continua a negar a existência das mesmas pessoas que está perseguindo. Pressione as autoridades agora! Enquanto as autoridades chechenas continuam a viver em sua própria versão da realidade, os homossexuais chechenos não têm esperança de proteção ou justiça em sua região natal ou país. A Anistia Internacional falou com testemunhas que descreveram como os homens suspeitos de serem homossexuais são humilhados publicamente quando as autoridades chegam a eles – expostos na frente de suas famílias e colegas, colocando-os em risco de represálias, mesmo que depois sejam liberados. A mistura tóxica de uma sociedade profundamente conservadora e o clima de medo gerado pelo mandato repressivo de Kadyrov significa que as autoridades podem fazer isso em plena luz do dia, sem medo de serem responsabilizadas. Os tormentos infligidos aos homens homossexuais são projetados para humilhar e prejudicá-los fisicamente. Ex-detidos descreveram ser forçados pelos guardas da prisão a dançar a dança feminina nacional do país e a assumir nomes femininos para serem ridicularizados por não se adequarem aos “ideais” homofóbicos e misóginos da masculinidade. Alguns tinham eletrodos anexados aos lóbulos das orelhas, como brincos. Outros detalhes, mais chocantes, que os homens disseram à Anistia Internacional não podem ser compartilhados por medo de revelar suas identidades e comprometer sua segurança. Mas os homens gays não são o primeiro grupo a ser perseguido pelas autoridades chechenas, nem serão os últimos. As autoridades chechenas têm controlado e visado vários grupos que consideram uma ameaça à segurança e aos “valores tradicionais”. A sexualidade e os relacionamentos são apenas uma das áreas fortemente policiadas pelo governo de Kadyrov, que é violentamente intolerante a qualquer tipo de crítica. Os defensores dos direitos humanos, os trabalhadores da mídia e os ativistas políticos enfrentam ameaças, assédio e, muitas vezes, violência física. Assim como os chechenos comuns que se atrevem a discordar publicamente. A Anistia Internacional está ciente de casos em que os indivíduos que falaram desapareceram, depois ressurgiram alguns dias depois em vídeos do Youtube, nos quais pedem desculpas a Kadyrov e ao povo checheno. Os homens foram forçados a aparecer sem calças em alguns desses vídeos – as autoridades chechenas têm praticado a degradação do povo por um longo período. Enquanto isso, a condenação internacional das atrocidades não se traduziu em uma ajuda concreta para homens gays em risco e aterrorizados na Chechênia. Até agora, só sabemos de poucos indivíduos que receberam asilo em países seguros. De acordo com a rede russa LGBT, há cerca de 40 indivíduos atualmente escondidos na Rússia, tentando desesperadamente fugir do país. Ficar em qualquer parte da Rússia é inseguro. Os ex-detidos permanecem ao alcance das autoridades chechenas e há um alto risco de homicídios de honra – há casos em que pessoas LGBTI foram seguidas para outras regiões e atacadas por seus parentes. Portanto, é imperativo que os governos internacionais abram suas portas aos homens gays que fogem da Chechênia. É vital que os governos que justamente se posicionaram em condenação dessas atrocidades continuem assegurando que os chechenos que procuram proteção internacional tenham acesso a procedimentos legais de refúgio. Claro, o ônus deve recair nas autoridades chechenas e russas de modo que parem com essas atrocidades. Eles precisam começar por liberar todos aqueles que detiveram simplesmente por ser quem são. A pressão internacional deve ser mantida até que as autoridades chechenas e russas reconheçam essa situação e outros crimes contra a população e tomem medidas significativas para levar os que são responsáveis pela justiça. Mas para os homens presos na Chechênia, ameaçados por todos os lados, a justiça parece um sonho e a tarefa mais premente para eles é simplesmente sair. A comunidade internacional deve desempenhar o seu papel para garantir sua segurança. Não é suficiente apenas falar sobre os direitos LGBTI enquanto as pessoas vivem à sombra da tortura e da morte. Contexto Em 1º de abril, o jornal independente russo Novaya Gazeta informou que mais de 100 homens que se acreditava serem homossexuais foram sequestrados nos últimos dias como parte de uma campanha coordenada. Segundo informações, os homens foram torturados ou sofreram outras formas de maus tratos e pelo menos três deles foram mortos. Flores pela esperança: solidariedade aos gays da Chechênia Homens gays torturados e mortos na Chechênia Ativistas em todo o mundo exigem proteção para homens gays na Chechênia. Via Anistia Internacional Via https://anistia.org.br/noticias/ativistas-em-todo-o-mundo-exigem-protecao-para-homens-gays-na-chechenia/

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