quarta-feira, 21 de junho de 2017

13 anos sem Brizola, por Fernando Brito




A brisa que fica

13 anos, e ainda lembro bem do dia 21 de junho de 2004, o dia em que Leonel Brizola deixou de ser polêmica para experimentar uma (quase) unanimidade  que nunca foi, nem poderia ser, sendo o que foi.
A morte tem este condão de, ao menos, serenar os ódios ou ao menos calá-los por algum tempo.
Mas , embora eu vivesse, naquele dia, a desorientação de quem via se encerrarem 22 anos de convivência – que foi se tornando próxima  sem deixar de ser tumultuada (e que deve sua duração mais à paciência dele do que à minha) -, havia outra coisa a alimentar a perplexidade, em mim e em outros.
É que desaparecia, com a morte de Brizola, a última lembrança viva das lutas políticas e sociais do pré-64 e de um projeto nacional que se iniciara nos anos 30 e 40, no qual o Brasil começava a se tornar um país em modernização e uma sociedade de massas.
Aliás, a última deste tempo e a penúltima do renascimento destas lutas no pós-ditadura, porque ainda sobrava (e nos sobra, ainda) Lula, irmão mais novo, com quem as relações de amor e ódio do velho gaúcho são de todos conhecida e que ele próprio explicava com um dito da sua terra natal: “lenha boa é a que sai faísca”.
É o início do inverno e os anos vividos vão nos ensinando que há a época de desfolhar, recolher-se, aprender que o viço verdadeiro não é o da vaidade juvenil, mas o do brilho e da chama que nos anima o amor a este país, a seu povo e aos seres humanos, falem qualquer língua ou vistam peles de qualquer cor.
O que eu aprendi de melhor com Brizola? Aprendi a perseverar e a acreditar que os invernos, mesmo os mais ásperos, duros, frios terminam, afinal,  em primavera.
Mas só se a gente não desiste do improvável, mesmo quando ele parece impossível.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um pouco sobre Maria Bonita

  Maria Bonita nasceu no dia 17 de Janeiro de 1910 em Malhada da Caiçara, no atual município de Paulo Afonso, na Bahia. Era filha de José Go...