Preparativos para o carnaval de 2018 estão paralisados na Cidade do Samba
Anúncio de corte na verba repassada pela prefeitura jogou um balde de água fria nos preparativos da folia
Rio. No barracão das escolas de samba do Grupo Especial, o clima ainda é de pós-desfile: carros alegóricos esperam para serem desmontados e poucas pessoas (em alguns casos, nenhuma) trabalham para montar os desfiles de 2018. O corte de 50% na verba repassada pela prefeitura para as agremiações, anunciado pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB), jogou um balde de água fria nos preparativos da folia.
— Nessa época do ano, já teríamos desmontado todos os carros e estaríamos fazendo a ferragem dos novos. Mas nada foi feito. Estamos esperando a reunião que o prefeito disse que vai marcar com as escolas — explica Chiquinho da Mangueira, presidente da verde e rosa.
Luís Carlos Magalhães, presidente da Portela, campeã do carnaval deste ano, Crivella não poderia ter mudado as regras “depois que o jogo já começou”. Ele conta que a escola assumiu compromissos financeiros que, agora, não poderá cumprir:
— O carnaval hoje é um voo de águia, porque investe-se pouco e a cidade recebe R$ 3 bilhões. É daí que saem os impostos que acabam na educação também. Quando ele (Crivella) abate, em pleno voo, a águia, está implementando um voo de galinha. É um tiro no pé.
Presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta lembra ainda que a prefeitura ainda deve uma parcela de R$ 100 mil às escolas, referente ao último desfile.
— Por conta dessa situação e da falta de posicionamento do prefeito, seguramos a produção — diz Horta.
A indefinição não afeta apenas os dirigentes das escolas. Cenógrafo da Imperatriz Leopoldinense há 29 anos, Clécio Régis, de 55, construiu uma empresa e uma casa em Bangu, na Zona Oeste do Rio, com o dinheiro que ganhou trabalhando no carnaval.
— Construí tudo graças ao carnaval. Só para fazer o trabalho da Imperatriz emprego, no mínimo, 15 pessoas. A maior parte da renda da minha empresa vem da festa. Virou uma indústria que emprega muita gente. Como faremos se tudo for cancelado? — questiona o cenógrafo.
O aderecista da Mangueira Wellington Ferreira, de 20 anos, teve que improvisar para garantir uma renda extra:
— Essa notícia deixou a gente com medo porque nosso emprego está ameaçado. Aqui no barracão está tudo parado. Hoje, eu vou levar uma das esculturas do desfile passado para alugar numa festa em Niterói. O presidente deixa e a gente se vira como pode.
Maria Aparecida Vieira trabalha há cinco anos na cozinha da Liga das Escolas de Samba (Liesa) e nunca viu tão pouco movimento na Cidade do Samba.
— Junho já é época de voltar a ter movimento por aqui. Essa situação deixa em dúvida como será o dia de amanhã — lamenta a cozinheira.
Via O Globo
Comentários
Postar um comentário