domingo, 24 de março de 2024
Desparecimento forçado: famílias sofrem sem soluções, luto ou corpos para enterrar
Num dos casos, mãe descobriu que filho foi morto ao ser confundido por bandidos com um traficante de um bando rival
Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Lemuel Silva dos Santos, de 19 anos, dividia seu tempo entre o trabalho com a mãe em um comércio e cursos técnicos, como, por exemplo, o de conserto de telefones celulares. Seus planos para o futuro incluíam ter a própria loja, cursar uma universidade e até morar no exterior. No dia 30 de março de 2022, os sonhos do jovem foram interrompidos. Horas após se despedir da mãe e dizer que iria encontrar um amigo, Lemuel desapareceu. O sumiço aconteceu numa região onde há comunidades com territórios controlados pelo tráfico e pela milícia.
esesperada, a comerciante Viviane Maria reconstituiu os últimos passos do filho e descobriu que ele sumiu após ter sido levado por alguém para a Comunidade Parque das Palmeiras, no Bairro da Palhada, em Nova Iguaçu. Missionária evangélica, ela encontrou forças e coragem para ir até o local, a fim de procurar pelo rapaz. Lá, recebeu a informação de que Lemuel havia sido morto e que teria tido o celular roubado por traficantes, após ser confundido com um integrante de um bando rival. Viviane chegou a percorrer um trecho de mata em busca do corpo do rapaz, mas foi aconselhada por uma mulher a abandonar a ideia e retornar para não correr mais riscos. Aflita, foi até uma delegacia atrás de ajuda. Em vão.
— Eu fui até a delegacia. Tentei fazer barulho, mas o preconceito que sofri lá foi muito grande. (Ouvi) tipo, “seu filho era viciado? Seu filho era bandido?”. O policial mandou que eu fosse para casa. Disse que meu filho poderia estar “por aí, com uma mulherzinha” e que daqui a pouco ele estaria de volta. Estou esperando há dois anos meu filho atravessar a porta de casa — diz, emocionada.
Com medo, Viviane deixou o que tinha para trás e saiu do país com outros três filhos. Antes, precisou passar por tratamento psiquiátrico e tomar calmantes.
— Uma mãe quando perde um filho é como se tivesse uma pata de elefante sobre o próprio peito — concluiu.
Lemuel não é a única vítima de desaparecimento forçado (quando a pessoa some contra sua vontade). Este tipo de violência não é tipificada pela Polícia Civil, sendo contabilizada ao lado de outros desaparecimentos como, por exemplo, quando alguém se perde, foge de casa ou tem lapso de memória.Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que 5.815 pessoas desapareceram no Estado do Rio, em 2023, uma média de 15,9 casos por dia. Houve um aumento de 10% na comparação com o ano de 2022, que registrou 5.255 desparecidos.
A família do entregador Kesley Domingos de Freitas, de 22 anos, também não conseguiu se despedir do rapaz. Na noite do dia 19 de janeiro de 2022, ele estava lavando a motocicleta que usava para trabalhar, no Bairro Km32, em Nova Iguaçu, quando homens armados desceram de um carro e o renderam. Ele foi colocado à força em um veículo e nunca mais apareceu.
— É como se ele fosse um nada. Aconteceu, sumiu, despareceu e fica sem solução. O que dói mais é não saber o porquê. É não ter um corpo — disse uma pessoa próxima.
O mesmo drama atinge a família de um tatuador. Morador da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, ele conversava com amigos, no dia 9 de dezembro de 2022, quando começou um tiroteio entre milicianos e traficantes. A vítima procurou abrigo em uma hamburgueria, mas foi baleada no local e levada por homens armados.
— Minha vida acabou depois disso. Faz um ano e três meses que tudo aconteceu e eu não tenho nada, nenhuma notícia dele ou de corpo — disse uma parente.
Já David Wellington, de 18, desapareceu após sair de Bangu, também na Zona Oeste, em 9 de dezembro de 2012. Na Avenida Brasil, ele foi abordado, amarrado por duas pessoas e colocado na mala de um carro. Quando estava sendo levado para ser executado, ele conseguiu usar o celular que estava no bolso. David ligou para a família e avisou o que estava acontecendo. Foi a última vez que alguém teve notícias do rapaz. A família optou por não procurar a polícia.
— O pior foi não poder enterrar, foi não poder se despedir — disse um parente.
Livro e pesquisa
Um estudo feito pelo Observatório Fluminense da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em parceria com o Fórum Grita Baixada, revela que, entre 2016 e 2020, foram recebidas 768 denúncias sobre desaparecimentos forçados no Rio (417) e na Baixada Fluminense (351).
O resultado deste levantamento — com base em entrevistas com mães e parentes de vítimas deste tipo de violência, análise de dados do Disque-Denúncia e acompanhamento de relatos nas redes sociais — virou filme e livro. A publicação, com o título “Desaparecimento Forçado: Vidas Interrompidas na Baixada Fluminense”, será lançada nesta terça-feira no auditório da UFRRJ. O trabalho foi feito por 12 pessoas, entre professores, graduandos e pós-graduandos do curso de Ciências Sociais da universidade.
— O Brasil não tipificou esse crime. Aí que começa o nosso problema. Essa massa de gente que desapareceu, que foi assassinada e os corpos foram destruídos, é misturada com criança que desapareceu, que se perdeu, com adultos, idosos que têm doenças. Normalmente ocorrem (os desaparecimentos forçados) em áreas dominadas por milicianos e traficantes — explicou o professor da UFRRJ e sociólogo José Cláudio Souza Alves.
A Secretaria estadual de Polícia Civil (Sepol) disse desconhecer a metodologia utilizada no levantamento e que as ações da instituição são norteadas com base em dados oficiais do ISP. Procurado, o instituto informou que os dados divulgados pelo órgão são provenientes de registros feitos nas delegacias e que a tipificação “desparecimento forçado” não existe no Código Penal Brasileiro.
Sobre o caso de Kesley de Freitas, a Polícia Civil informou que a investigação aponta que ele foi morto por milicianos. Foi solicitado o comparecimento de parentes ao Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense (IPPGF) para coleta de material genético, mas isso ainda não ocorreu.
Já o sumiço de Lemuel dos Santos é investigado pelo Setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a polícia, a informação inicial é que ele teria sido assassinado depois de ser confundido com um traficante de uma quadrilha rival. Já sobre o tatuador, a linha investigada pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros é a de que ele seria ligado a uma milícia.
Fonte.Jornal Extra
Saiba quem são os acusados de mandar executar Marielle Franco
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Os irmãos Domingos Brazão (foto) e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa, foram presos neste domingo (24) apontados como mandantes do atentado contra Marielle Franco, que vitimou também o motorista Anderson Gomes. O crime ocorreu em março de 2018. Os três foram presos no Rio de Janeiro, de forma preventiva, na Operação Murder, Inc., deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e Polícia Federal (PF).
Os nomes dos três presos na operação constam da delação de Ronnie Lessa, executor do crime em que Marielle perdeu a vida. De acordo com Lessa, os três detidos teriam sido os mandantes do crime. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A família Brazão pertence a um importante grupo político do estado do Rio de Janeiro. Ex-deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), cargo do qual ficou afastado depois de ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro, acusado de receber propina de empresários. Essa prisão se deu no âmbito de desdobramento da Lava Jato no estado.
O irmão de Domingos, Chiquinho Brazão, é deputado federal pelo União Brasil, além de foi empresário e comerciante. Nas eleições de 2018, foi candidato a deputado federal pelo Avante e elegeu-se com 25.817 votos. Já o delegado Rivaldo Barbosa era chefe da Polícia Civil à época do atentado contra Marielle Franco. Atualmente, desempenha a função de coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição. Os três já foram levados para a Superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro.
A operação de hoje engloba ainda 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado. Documentos, além de celulares e computadores dos presos, foram levados para a sede da PFRJ. As investigações apontam que a morte de Marielle está relacionada à expansão da milícia no Rio de Janeiro.
Domingos Brazão disse, em entrevista ao UOL em janeiro deste ano, que não conhecia e não lembrava da vereadora Marielle Franco.
Já Chiquinho Brazão havia divulgado nota no dia 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou na imprensa. A nota diz que ele estava “surpreendido pelas especulações” e afirmou que o convívio com Marielle sempre foi “amistoso e cordial”.
Fonte.Brasil247.com
sexta-feira, 22 de março de 2024
Criança autista tem braço rabiscado com ofensas homofóbicas em escola
O caso ocorreu na Escola Estadual João Octávio dos Santos, em Santos; mãe diz que criança é vítima de ataques recorrentes no local
São Paulo – Uma criança autista de 12 anos teve o braço rabiscado com ofensas homofóbicas e capacitistas enquanto sofria uma crise de ausência, um tipo de crise epilética que faz com que a pessoa perca a consciência durante poucos segundos e, em alguns casos, por minutos. O caso aconteceu na Escola Estadual João Octávio dos Santos, localizada no Morro São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo, na última quarta-feira (20/3).
A mãe da vítima, Bárbara Aparecida Nogueira da Silva, de 38 anos, relatou ao Metrópoles que o caso ocorreu durante o horário de lanche da criança, momento em que ela estava sem o acompanhamento especial que tem na escola.
Na ocasião, um grupo de meninos se aproximou da vítima que, com medo, apagou devido a uma crise de ausência, uma condição comum em pessoas com epilepsia. Ao acordar, a criança notou o braço riscado com ofensas homofóbicas e capacitistas com dizeres “autista retardado” e “gay”. Segundo a conta, a escola disse que a ação aconteceu em um “ponto cego”, sem fiscalização.
Bárbara ainda relatou que os casos são recorrentes. Um dos ataques sofridos pela vítima foi dentro do banheiro da escola, quando meninos cercaram a criança e tentaram pegar em suas partes íntimas para ver se “ele tinha mesmo”. A motivação dos ataques seria relacionada ao fato de o irmão do menino se assumir um homem trans.
A mulher também disse que está tentando marcar uma reunião com a escola e que vai ao local na próxima segunda-feira (25/3). Bárbara mencionou que a escola a chamou para um encontro nesta manhã mas que não compareceu pois tinha um compromissos com profissionais relacionados ao filho. A mulher diz que registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Infância e Juventude (DIJU) de Santos, nesta sexta-feira (22/3).
Bárbara afirmou que, apesar da realidade enfrentada, o filho adora os professores da escola e que acredita que o local não pode pagar pela ação de alguns alunos. Embora reconheça o gosto da criança, a mãe acredita que a estrutura e a fiscalização oferecidas pelo governo não atende às necessidades do menino e alegou que “não existe inclusão no ambiente escolar”.
A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (Seduc) afirmou, por meio de nota, que recebeu as denúncias da mãe e que vai apurar as imagens da escola envolvida. Além disso, revelou ter convocado os responsáveis pelos alunos acusados a compareceram na unidade nesta sexta-feira.
A pasta também colocou à disposição do aluno um profissional do Programa Psicólogos na Educação, se a responsável permitir. A nota ainda esclarece que a equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) também acompanha o caso e “irá implementar estratégias de mediação de conflitos e trabalhos da cultura de paz na unidade escolar”.
Prefeitura de Nova Iguaçu disponibiliza Pontos de Apoio para atender possíveis vítimas das chuvas
Diante da previsão de fortes chuvas que devem atingir algumas regiões do Estado do Rio, incluindo diversos municípios da Baixada Fluminense, até a noite do próximo domingo, a Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio das Secretarias Municipais de Defesa Civil e Assistência Social (SEMAS), já preparou 52 Pontos de Apoio caso seja necessário abrigar moradores vítimas do temporal. A recomendação é que a população que mora em áreas de vulnerabilidade, ao perceber que vai chover ou ser avisada pelo SMS da Defesa Civil, saia de casa e procure um local seguro. Caso não tenha onde se abrigar, como em residências de parentes, por exemplo, dirija-se até um dos pontos de apoio. Além dos 37 disponibilizados pela Defesa Civil, a SEMAS vai oferecer 11 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e quatro Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Outros nove pontos da Prefeitura também podem se tornar abrigos temporários.
“Como há uma expectativa da aproximação de uma frente fria e uma previsão de chuvas fortes com rajadas de ventos, estamos nos preparando para uma pronta resposta. Disponibilizamos para as famílias que vivem em locais próximos de áreas vulneráveis, como alagamentos ou deslizamentos de terra, de forma antecipada, os endereços dos pontos de apoio”, disse o secretário de Defesa Civil de Nova Iguaçu, coronel Jorge Ribeiro, que já está com todo seu efetivo de prontidão até domingo, quando os meteorologistas preveem que as condições climáticas terão melhorado.
A Defesa Civil tem um canal de comunicação por SMS com avisos das condições climáticas. Já são mais de 68 mil pessoas cadastradas para receber os alertas. O serviço é gratuito e oferecido desde 2018 por mensagem de texto para 40199, informando o CEP de interesse. Desde a noite desta quarta-feira (20), um aviso de alerta meteorológico de chuvas intensas com elevados acumulados pluviométricos e ventos fortes. A previsão é entre a noite desta quinta-feira (21) até a noite de domingo.
Em caso de emergência, a população deve entrar em contato com a Defesa Civil pelos dos números 199 / 2667-5751 / 98160-9740. Já a SEMAS disponibilizou a Central de Atendimento do Sistema Único de Assistência Social, no número 21 99706-8443 para a população que necessitar de atendimento da assistência social. O atendimento é 24 horas.
Fonte.https://www.novaiguacu.rj.gov.br/
Confira aqui os Pontos de Apoio:
Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe
A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...