terça-feira, 31 de outubro de 2023

Documentário: FESTA DO JONGO

TSE declara Jair Bolsonaro inelegível pela segunda vez

Plenário do TSE e Jair Bolsonaro

Plenário do TSE e Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS)

Indígena que fez denúncia na ONU é encontrado morto duas semanas após notificar invasão em sua terra

 Tymbek, como era conhecido, foi encontrado morto em um rio no último dia 14, supostamente por afogamento

Tymbektodem Arara

Tymbektodem Arara (Foto: Reprodução)

Sputnik Brasil - A Polícia Federal no Pará está investigando as circunstâncias da morte do líder indígena Tymbektodem Arara, na Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira.

De acordo com o portal de notícias g1, Tymbek, como era conhecido, foi encontrado morto em um rio no último dia 14, supostamente por afogamento, 16 dias depois de ter ido à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, para denunciar a invasão de terras na TI Cachoeira Seca, onde vive a etnia Arara.

"Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas, em 2016", discursou, à época, o indígena. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que cerca de 697 km² de floresta foram desmatados na TI Cachoeira Seca entre 2007 e 2022.

"Tanto ele quanto o cacique receberam áudios, nenhum dizendo 'Vou te matar', mas 'Ah, você está aí? Que bom que está defendendo sua terra', 'Vocês não têm medo?', 'O que estão fazendo aí?'. E eles ficavam dando perdido, dizendo que era para apresentar a cultura Arara", relatou uma pessoa que esteve com Tymbek na ONU.

Fonte.Brasil247.com


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Deus enviou seu filho amado, mas o sistema religioso o matou!

MST envia alimentos para a Faixa de Gaza por meio de avião da FAB


domingo, 29 de outubro de 2023

PATRIOTÁRIO FICA REVOLTADO PELO BRASIL TER MAIS MULHERES! (HUMOR)

Santa Missa em seu Lar

Lula demite terceira mulher do primeiro escalão do governo para abrigar Centrão

Daniela Carneiro, Ana Moser e Rita Serrano foram demitidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste ano —


Ameaçada no cargo desde julho, Rita Serrano teve seu posto colocado em discussão ainda no âmbito da da reforma ministerial

Ao demitir a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demite a terceira mulher de postos de comando do governo para abrir espaços para novos aliados de legendas do Centrão e consolidar apoio de legendas como União Brasil, PP e Republicanos no Congresso.

Em julho, o presidente tirou Daniela Carneiro do Ministério do Turismo para abrigar o deputado Celso Sabino (União-PA) a pedido do União Brasil. Em setembro, demitiu Ana Moser do Ministério dos Esportes apesar de forte resistências de lideranças do esporte e de pressão de outras ministras mulheres. No lugar da medalhista, entrou o deputado federal André Fufuca (PP-MA). A demissão de Ana Moser ocorreu dois meses Lula afirmar a ministra que ela não seria substituída. Em reunião com Lula no Palácio do Planalto no começo de julho, Ana Moser ouviu de Lula que "não se preocupasse" com os boatos sobre sua saída.

A saída de Rita Serrano começou a ser discutida no âmbito da reforma ministerial de Lula. O comando do banco foi negociado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) que indicou Carlos Vieira, servidor de carreira do banco e nome de sua confiança para o comando chefiar a instituição. Vieira tem experiência no mercado financeiro e já comandado Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que gere bilhões no fundo de pensão. O critério de gênero, no entanto, foi um fator que não pesou para a escolha da indicação de Lira. Como mostrou O GLOBO, a estratégia de Lira é dividir as 12 vice-presidências com PP, Republicanos, PSD e União Brasil.

O Centrão vinha pressionando o Planalto para que Lula anunciasse o novo nome ainda em outubro. A decisão atrasou devido a recuperação do presidente após uma cirurgia no quadril, que ocorreu em 29 de setembro.

Ameaçada no cargo desde julho, Rita chegou a se movimentar no governo em busca de apoio e manteve a postura de "fincar o pé" frente a possibilidade de sair. Buscou os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Maria Fernanda Ramos Coelho, ex-presidente da Caixa e secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência.

Serrano também contava com o apoio de sindicatos . O Sindicato dos Bancários do ABC, entidade da qual Serrano é ex-presidente, divulgou nota afirmando que não poderão aceitar sua substituição. A Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf-RJ/ES) também publicou manifesto destacando a trajetória de Rita no banco, do qual é funcionária desde 1989 e repudiando o movimento "oportunista e carguista que busca derrubá-la da presidência da Caixa".

Em 13 de julho, durante cerimônia de assinatura da medida provisória que recriou o Minha Casa, Minha Vida no Palácio do planalto, servidores do banco repetiram "Fica Rita" na presença do presidente Lula.

Com uma vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, Lula já afirmou publicamente que não adotará critério de gênero para sua escolha. O presidente busca um nome de sua confiança, com quem tem relação pessoal e compromisso com pautas progressistas. Os principais cotados ao posto são homens: o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, e o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias.

Fonte.Jornal Extra.



sábado, 28 de outubro de 2023

Ônibus Itinerante da Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu faz atendimentos na Praça Rui Barbosa


A dona de casa Ana Lúcia Pereira dos Santos Viana, de 52 anos, saiu de casa no bairro de Rancho Fundo para ir ao Calçadão de Nova Iguaçu, nesta sexta-feira (27), e se deparou com o ônibus itinerante da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) oferecendo serviços de saúde à população em alusão à campanha Outubro Rosa. Ela aproveitou para passar por consulta e garantir o agendamento do seu exame de mamografia, essencial para o diagnóstico precoce do câncer de mama.
“O atendimento foi rápido. Agendei mamografia e fiz exames de glicose, hepatite, sífilis e HIV. Serviços como estes facilitam a vida da população”, afirmou Ana Lúcia.
O ônibus itinerante está percorrendo diversos bairros de Nova Iguaçu, levando os serviços de unidades básicas de saúde ou clínicas da família até os moradores. Foram oferecidas consultas médicas, odontológicas, encaminhamento para mamografia, ultrassonografia da mama, aplicação de vacinas, aferição de pressão arterial e glicose, testes rápidos para identificar Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Hepatites, além de serviços de beleza, maquiagem, manicure, auriculoterapia e corte de cabelo para mulheres. Na Praça Rui Barbosa foram realizados 1.148 atendimentos.
“Outubro é o mês de cuidados com a saúde da mulher, principalmente pela campanha de conscientização sobre o câncer de mama. Percorremos a cidade levando aos moradores os serviços de saúde e marcação de exames fundamentais para o diagnóstico precoce dessa doença”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Nobre Calvancanti.
Mãe do menino Bernardo Tavares Guerra, de 3 anos, a dona de casa Beatriz Tavares, 23, passou pela Praça Rui Barbosa e aproveitou para ser orientada da forma correta da higiene bucal da criança.
“Ele aprendeu que dente não se escova apenas quando acorda e vai dormir, ele acaba criando um hábito de higiene bucal. Essa orientação é importante até para os pais saberem ensinar em casa”, destacou.
A ação continua nos próximos dias e vai até 1° de novembro. Neste sábado (28), o ônibus irá estacionar na Rua Lima Barreto, no bairro Vila Nova, para atender os moradores da região.
Fonte.https://www.novaiguacu.rj.gov.br/

Mega-Sena acumula e deve chegar a R$ 105 milhões: veja as dezenas sorteadas

 

Veja as dezenas sorteadas

Veja os números sorteados no concurso 2650 da Mega-Sena, realizado na noite deste sábado (28), em São Paulo.

 Aposta única da Mega-Sena custa R$ 5 e apostas podem ser feitas até as 19h — Foto: Marcelo Brandt/g1

Aposta única da Mega-Sena custa R$ 5 e apostas podem ser feitas até as 19h — Foto: Marcelo Brandt/g1

concurso 2650 da Mega-Sena foi realizado na noite deste sábado (28), em São Paulo. O prêmio acumulou e deve chegar a R$ 105 milhões no próximo concurso.

Veja os números sorteados: 37 - 58 - 18 - 39 -29 - 09.

O próximo concurso será sorteado na próxima quarta-feira (1).

Fonte.g1.com



Altman: "O Estado de Israel está moralmente condenado. Perdeu o que poderia lhe restar como direito à existência"


"A humanidade irá varrê-lo do mapa por racismo e colonialismo", afirmou o jornalista.

Breno Altman | Palestinos realizam trabalho de resgate em meio a escombros após ataque israelense em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza 13/10/2023

Breno Altman | Palestinos realizam trabalho de resgate em meio a escombros após ataque israelense em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza 13/10/2023 (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa)

247 - O jornalista Breno Altman bateu duro no governo israelense, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, por causa dos novos ataques na Faixa de Gaza, que fica entre Israel, na Ásia, e o Egito, na África. Segundo o analista, "o Estado de Israel está moralmente condenado". "Perdeu o que poderia lhe restar como direito à existência. Mais cedo ou mais tarde, a humanidade irá varrê-lo do mapa por racismo e colonialismo. Como ocorreu com outros Estados semelhantes", afirmou o colunista na rede social X, antigo Twitter. 

"O regime sionista tem que desaparecer. O sionismo é uma corrente ideológica que se equivale moralmente ao fascismo e ao nazismo. Deve ser combatido de forma implacável. Representa os valores mais pérfidos da história: o racismo e o colonialismo. Sua influência entre os judeus é uma maldição também para este povo", acrescentou. 

Benjamin Netanyahu
Benjamin Netanyahu. Foto: Reuters

Neste sábado (28), o exército de Israel afirmou que "bombardeou 150 alvos subterrâneos" no norte da Faixa de Gaza durante a última, anunciou um comunicado militar. As comunicações de Gaza com o resto do mundo foram interrompidas na sexta-feira (27). 

O governo israelense afirmou que teve o seu território  atacado no último dia 7 da Faixa de Gaza por integrantes do Hamas, grupo que nasceu nos anos 80 e é uma das principais organizações islâmicas. A maioria dos membros da organização é sunita, que representa cerca de 90% dos muçulmanos e, segundo esta corrente de pensamento, o califa - chefe de Estado e sucessor de Maomé (570-632), deveria ser eleito pelos muçulmanos.

Fonte.brasil247.com

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Errar é humano, exceto para pessoas negras


Casos envolvendo Anielle Franco, Marcelle Decothè e Andrey Lemos mostram o alto preço que negros e negras pagam por deslizes – e expõem o racismo hipócrita do país.

Pessoas negras raramente têm seus méritos reconhecidos, mas o menor de seus erros é lembrado pela vida toda. Ilustração: Intercept Brasil

A BIOMÉDICA Jaqueline Goes de Jesus integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus no Brasil apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de covid-19 no país (em escala mundial, o mapeamento teve uma média de 15 dias). 

Viviane dos Santos Barbosa, engenheira química, misturou os metais paladium e platina e desenvolveu um catalisador inédito, que reduz a emissão de gases poluentes. Sua descoberta recebeu a premiação máxima – entre 800 trabalhos – na International Aerosol Conference, em 2010.

Enedina Alves Marques se formou em engenharia civil em 1945, na Universidade Federal do Paraná. Naquele momento, pouquíssimas mulheres conseguiam terminar uma graduação, principalmente em áreas até hoje marcadas por forte presença masculina, como mostra esse artigo.

É muito provável que você nunca tenha ouvido falar de nenhuma das mulheres acima, que têm outra coisa em comum, além de suas excelências e pioneirismos: todas elas são negras.

É muito provável, também, que você tenha acompanhado – nas redes, televisões, podcasts, rádios, etc – as notícias sobre a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e sua então assessora, Marcelle Decothé, no episódio do jogo do São Paulo, quando a última fez uma postagem que terminaria, dois dias depois, com sua demissão. Naquele mesmo momento, a ministra era defenestrada em praça pública por ter postado um vídeo se dizendo flamenguista em um avião da Força Aérea Brasileira. Semanas depois, foi também demitido o diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Andrey Roosewelt Chagas Lemos. O gatilho para seu desligamento foi uma apresentação na qual uma bailarina rebolou a bunda, usando uma saia minúscula, em um evento do ministério.

Todas essas pessoas têm outra coisa em comum além de terem chegado a postos de destaque em suas áreas: elas são, e isso você sabe, negras

Nesse texto, quero te apontar três questões interconectadas:

1) Pessoas negras que realizam trabalhos relevantes geralmente aparecem muito pouco, ou pelo menos bem menos que seus pares brancos. Mas, ao contrário, os erros cometidos por pessoas negras ganham os holofotes muito rapidamente – e esses erros serão lembrados, escrutinados, até o fim das suas vidas.

2) Dito isso, vale olharmos com muita atenção para a famosa frase “errar é humano”. Por quais razões ela se aplica menos às pessoas negras? Quem são mesmo os “mais humanos”, nesse caso?

3) Não tenho nenhuma dúvida de que Jaqueline, Viviane e Enedina, essas mulheres que alcançaram feitos históricos (a última foi a primeira engenheira negra do Brasil), tenham cometido erros – e, enquanto andarem sobre a terra, ainda cometerão. Afinal, pessoas que fazem coisas incríveis também erram. Eu, você, as pessoas que amamos erramos. Exigir perfeição contínua de alguém é uma ação absolutamente desumanizadora. E é justamente isso o que acontece quando apagamos, por causa de uma decisão infeliz, todos os feitos de Anielle, Marcelle e Andrey.

É preciso dizer que a virulência vista nos casos da ministra, da ex-assessora e do ex-diretor está também profundamente ligada ao moralismo de ocasião e ao bolsonarismo.  E tanto um quanto o outro incluem a imprensa, bancadas congressistas e a maioria da população. O primeiro é uma marca nacional e atravessa os mais diversos posicionamentos políticos, inclusive à esquerda. O segundo não vai se importar em destruir tudo aquilo que lhe pareça supostamente “comunista”, principalmente se esse “aquilo” for feito ou voltado para minorias, se não estiver relacionado somente à fé cristã ou se envolver a população LGBTQIAP+. 

Todos se unem, em posicionamentos abertos ou não, conscientes ou não, em julgar muito rapidamente ou de maneira superficial os tropeços pretos – os humanos tropeços pretos. Ou seja, estamos falando de racismo, seja ele explícito ou disfarçado.

Eu concordo que Anielle, Marcelle e Andrey cometeram deslizes nos episódios aqui citados. No caso das duas primeiras, isso é evidente, uma vez que foram postagens suas que as levaram para o tribunal das redes e da mídia. No caso do ex-diretor, há de se dizer que outras pessoas poderiam ser também responsáveis pela escolha da performance batecu, mas ele assumiu sozinho todas as críticas à apresentação, ocorrida no 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde.

Esses deslizes, no entanto, não são de ordem moral: são sobretudo estratégicos. Agora, todos os olhos estarão voltados para as pessoas que estão ineditamente nos lugares de poder, como as negras e indígenas. E é preciso jamais esquecer que um candidato de extrema direita foi vencido, mas isso não significa jogo ganho. Não se trata de se curvar a esses olhares, mas sim de saber driblá-los. E quem é ou já foi periférico, quem cresceu em morro, cohab ou favela, quem é e sempre será preto, de drible entende bem. O drible é o que tantas vezes confere a vitória, a beleza, a genialidade: Marta, Pelé e Garrincha; os caboclinhos, os maracatus, a capoeira; Jaqueline, Viviane e Eneida. Aprendamos também com elas e eles.

A ministra não cometeu erro algum ao pegar um avião oficial para ir ao jogo no Morumbi – ela foi até lá para assinar um protocolo de intenções de combate ao racismo no esporte, ou seja, no exercício de seu cargo. Seu único porém foi mostrar-se torcedora do Flamengo – o que não seria nenhum grande escândalo se não houvesse milhões de escrutinadores de seus passos e cujo gozo só será atingido se a retirarem do comando da pasta.

Esses escrutinadores, reparem bem, jamais se escandalizaram com um então deputado federal – Jair Bolsonaro, em 2018 – dizendo que usava auxílio-moradia para “comer gente“. Tampouco se indignaram que o ex-presidente tenha gasto R$ 8,3 milhões em férias, boa parte delas nos momentos de picos da pandemia e com milhares de mortes por dia no país.

Para deixar ainda mais redondinho: vocês conseguem imaginar a sobrevivência política (e mesmo física, sabemos) de uma Anielle Franco, deputada federal, dizendo confortavelmente que usou recurso público para “comer gente”? Ou, sendo ela presidente, a imaginam desfilando de jet ski enquanto os hospitais públicos estavam lotados de pessoas sem oxigênio?

Fica evidente que aquela máxima hipócrita dita várias vezes na imprensa no caso da ministra – “não basta ser honesta, tem que parecer honesta” –  definitivamente não vale para todo mundo. Quando uma preta revela seu amor por um time a bordo de um avião da FAB (ainda que, reiterando, isso seja sim um erro estratégico), o mundo cai. Quando um homem branco de olho clarinho diz que usa dinheiro público para foder, ele é no máximo brincalhão ou positivamente “autêntico”.

Já Marcelle, que acompanhava a ministra da Igualdade Racial, postou comentários no mínimo descuidados e injustos em seus stories, uma vez que promoveu generalizações sobre a torcida do São Paulo. Nesse caso, acompanho Ronilso Pacheco, que escreveu aqui no Intercept sobre o descompasso entre a postagem da ex-assessora e seu papel institucional. 

Mas acompanho também Ronilso quando ele fala que a reação desproporcional ao caso é, dando o melhor nome à coisa, racismo (e machismo). Aqui, acrescento: considero extremamente infeliz o afastamento da doutora em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela UFRJ, com atuação no Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da mesma universidade e experiência em ensino em comunidades carentes – ela veio de uma, Parada de Lucas, na zona norte carioca.

Um dos textos que melhor sintetizaram a sanha para atingir Anielle e afastar Marcelle foi postado pelo CEO da agência BRECHA (um hub de inteligência especializado em áreas favelizadas) e ativista Raull Santiago: “Que o dia de hoje sirva de lição para você e para todas as pessoas que vem de onde nós somos. Pois nosso sucesso é frágil e no tropeço, o açoite é direto e sem dó. Não há brecha de carinho ou cuidado. É real e intenso, como diz Racionais. Por isso que eu cuido e não descuido. Quando aperta, há dúvidas ou erro, o cerol passa violentamente e só resta os becos e vielas da favela para me acolher”.

Quando li isso, lembrei imediatamente do dia em que um ex-chefe meu, na redação do Jornal do Commercio, me chamou para conversar em sua sala. A então nova editora havia pedido minha cabeça após um breve desentendimento – ela, uma mulher branca, tinha alergia imensa ao fato de conviver com pessoas talentosas em sua equipe. Chegou a me impedir de atender telefonemas – eu era também colunista e recebia, claro, ligações a todo momento. 

Meu ex-chefe me sugeriu mudar de editoria e assim manter meu emprego. Eu disse que gostava muito do que fazia, que cobria o setor em questão há anos e nenhum problema relacionado às matérias e reportagens havia surgido. Além de que, era a primeira vez que algo daquela natureza ocorria profissionalmente comigo em relação ao grupo. Ele – Ivanildo Sampaio, a quem sempre agradecerei por sua absoluta sinceridade – falou: “Se você ficar, tudo que você fizer de bom vai ficar no silêncio. Mas tudo que você fizer de errado vai sempre aparecer”.

Mudei de editoria.

Hipócritas têm horror o batecu e amor à misoginia

Andrey Roosewelt Chagas Lemos, agora ex-diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, foi o mais recente defenestrado em praça pública, após o episódio da bunda rebolativa em um evento da pasta. Várias entidades manifestaram apoio ao servidor exonerado. Quando vi as imagens, instantaneamente pensei que aquela dança sensual estaria nos noticiários, redes sociais e daria tração aos discursos dos Valadões, dos Malafaias e das Damares. Com o batecu rodando a internet, logo apareceram notícias de que Andrey foi indicado, em 2019, para a diretoria do departamento pelo governo Bolsonaro. Essa pode ser uma forma de neutralizar o mimimi da extrema direita, mas pode ser, também, uma armadilha. Vamos repercutir o mesmo pânico moral desses grupos? 

De novo, o problema não está exatamente na dança ou na bunda. O problema é produzir um material que irá ser repetido nas redes a todo novo pleito, dentro do contexto hipócrita-moralista que tanto ajuda a eleger vereadores, deputados, prefeitos, governadores e presidentes completamente voltados a minar o campo das minorias. 

Estamos falando de uma guerra de sentidos, uma disputa simbólica extremamente importante e da qual a sobrevivência de nossa já mal-ajambrada democracia depende. Mas é bem importante que a gente se pergunte onde estava esse pessoal moralmente ofendido quando o ex-presidente Bolsonaro dançava uma música misógina na lancha. Ou quando ele removeu do rosto de uma criança a máscara de proteção que a mãe dela tinha colocado. Era um evento lotado de apoiadores, e a pandemia estava a todo vapor.

Pesquisei em variados sites e redes sociais, dos liberais aos conservadores, e foi muito interessante observar a reação à bunda rebolativa. Muita gente escrevendo “nunca tive tanta vergonha de ser brasileiro”, uma quantidade enorme de pessoas falando em defender a família. 

Entendo mesmo que a performance seja pouco apropriada para um evento do ministério. Mas admito que tenho vergonha real de ser brasileira, até hoje, quando lembro que poderíamos ter muito filho, pai, mãe, irmão, avó, amiga até agora vivos se o governo anterior tivesse aceitado a tempo as ofertas de vacina contra a covid-19. Tive vergonha de ser brasileira quando vi o espetáculo de erros que levou dezenas de pessoas a morrerem sem oxigênio em Manaus, como mandar avião com suprimentos para o lugar errado.

A quantidade de homens defendendo a família me lembrou também da enorme quantidade de pais de família, casados, que procuram historicamente prostitutas nas ruas. Aqui, o problema não são nem de longe as profissionais do sexo, que se expõem à luz do dia ou da noite (e, por isso, também sofrem uma série de violências). Como diz Renato Drummond Tapioca Neto neste artigo, “a imagem da prostituta foi construída pelos discursos masculinos médicos, na borda de instituições como a Família, o Estado e a Igreja”. 

Outras pesquisas de campo mostram que a maioria dos clientes de prostitutas travestis são homens casados e de meia-idade. Há também livros narrando essa questão. São essas mulheres cisgêneras, transgêneras ou travestis que levam a culpa de macularem as famílias, enquanto seus clientes mostram-se verdadeiros santos, impolutos, à mesa de almoço dominical e nas igrejas e templos. Sempre à vontade para apontar a “imoralidade” alheia.

Me pergunto de o governo Lula ficará refém de todo estrebucho que vier dos radicais da extrema direita ou se vai saber jogar o jogo, driblando e também mantendo em seus cargos pessoas julgadas negativamente por uma parte da sociedade que está em silêncio, por exemplo, sobre a tentativa de acabarem com os casamentos homoafetivos. Marcelle Decothé não deveria ter sido demitida: um pedido de desculpas e um reposicionamento institucional teriam sido suficientes. 

Me pergunto também se o governo federal vai saber lidar com nossa uma imprensa “democrática” que, há poucos dias, insistiu em repercutir não a nota do governo brasileiro condenando os ataques a Israel e defendendo a criação de um estado palestino, mas sugerindo que a gestão Lula apoia o Hamas. A jornalista Monica Waldvogel, na Globonews, achou melhor iluminar menos o claro repúdio do governo brasileiro aos ataques em Israel para dar os holofotes ao fato de 20 parlamentares do PT terem, em 2021, sido contra a classificação do Hamas como grupo terrorista

nota escrita logo após os ataques do Hamas, em 7 de outubro, começa dizendo: “O Governo brasileiro condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza, provocando a morte de ao menos 20 cidadãos israelenses, além de mais de 500 feridos. Expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo de Israel. Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”.

Como eu disse antes, vencermos um governo de extrema direita não significa que as coisas estão apaziguadas e as fontes nas praças estejam jorrando leite e mel. O Brasil, em grande parte, se orgulha de ser brasileiro – um brasileiro racista, machista, individualista e meritocrático. E bem hipócrita.

*

Escrevi, ao lado do pesquisador Jorge Ijuim, o artigo “Repensar a “humanidade”: limites de um conceito na imprensa e apontamentos para superar a desumanização”. Ele fala sobre a noção violenta de humanidade, algo que seria próprio de pessoas brancas, principalmente homens donos de alto capital econômico. Sim, o branco rico.

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Fonte.Fabiana Moraes. Jornalista, professora e pesquisadora do Núcleo de Design e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (NDC/UFPE).

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Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...