sábado, 17 de junho de 2017

Representantes de escolas de samba protestam em frente à prefeitura


RIO — Representantes de escolas de samba do Rio de Janeiro fizeram uma manifestação em frente à prefeitura da cidade, na tarde deste sábado. O grupo protestava contra o anúncio do prefeito Marcelo Crivella, informando que haverá cortes na subvenção de todos os grupos de agremiações que desfilam no Rio.
Integrante da Comissão de Carnaval da Beija-flor de Nilópolis, Cid Carvalho alertou para a importância que as escolas do Grupo Especial têm para toda a cadeia produtiva do setor. Segundo ele, as agremiações que desfilam na Estrada Intendente Magalhães, além de precisarem da subvenção do executivo municipal, contam com o apoio das grandes escolas.
— É um efeito dominó. Se mexer no Especial, a prefeitura inviabiliza a apresentação na Intendente Magalhães. Neste momento, nós (carnavalescos do Grupo Especial) temos uma dificuldade gigantesca para conseguir captar patrocínio devido à crise econômica que assolou o país — diz ele, para acrescentar: — O enredo da Beija-flor está indefinido porque depende de planejamento para saber quanto poderá investir.
Coordenador da Comissão de Carnaval da escola de Nilópolis, Laíla também criticou Marcelo Crivella:
— Na Beija-flor, temos mais de 140 funcionários que trabalham o ano inteiro para que o desfile aconteça. Essa manifestação foi organizada pelo povo. Estou aqui como cidadão do samba. Tenho 74 anos e desde os 8 anos vivo o carnaval. Eu respiro isso e sei da importância dessa manifestação cultural para a nossa cidade.
Outro que também mostrou seu descontentamento com as medidas adotadas por Marcelo Crivella foi o carnavalesco da São Clemente, Jorge Silveira.

— Eu acho que o prefeito e sua equipe têm um entendimento muito errado sobre tudo que representa o carnaval. Em qualquer país civilizado, manifestações culturais têm forte investimento para que o local possa atrair mais turistas e reforçar sua identidade. E esse problema de distanciamento do executovo com a folia é grave demais — critica.



Concentracao contra o corte de verbas para o desfile das escolas de samba, anuciado pelo prefeito Crivella, em frente a prefeitura. - Monica Imbuzeiro / Agência O Globo
Coreógrafo da Comissão de frente da azul e branco de Nilópolis, Marcelo Misailidis ressaltou a importância do ato.
— Esse é um bom momento para que possamos explicar para toda a população o quanto é importante esse investimento num dos braços econômicos da cidade. Para governar, é preciso olhar para muitas demandas, não apenas as suas como prefeito ou governador. O carnaval já perdeu subsídios da Petrobras, do Governo do Estado... Agora, a prefeitura, que mais se beneficia dessa festa, quer cortar tudo isso — revolta-se.
Durante o evento, o comentarista de carnaval Milton Cunha se reuniu com baianas de várias agremiações e todos entoaram antigos sambas que fizeram sucesso na Marquês de Sapucaí.
Por volta das 17h, o grupo saiu em caminhada pela Rua Afonso Cavalcanti, cantando sambas de sucesso, como Liberda, liberdade.
— O Estado é laico. O Crivella está traindo o mundo do samba. Durante às eleições, ele se reuniu com todas as agremiações e prometeu todo apoio. Só servimos para ajudar a eleger o prefeito e mais nada. Ele tem que pensar como prefeito e não como bispo — diz Verônica Cristina Gonçalves, de 34 anos, componente da ala das baianas da Mangueira.
Relembre:

O prefeito Marcelo Crivella disse, na segunda-feira (12), que planeja cortar pela metade a subvenção concedida às escolas de samba do Grupo Especial a partir do carnaval de 2018. Os recursos das escolas seriam remanejados para dobrar as diárias pagas por criança às creches privadas conveniadas com a prefeitura. Nos dois últimos anos (2016-2017), cada escola do Grupo Especial recebeu R$ 2 milhões da prefeitura. Com o corte, esse valor passaria para R$ 1 milhão por agremiação, que corresponde ao que cada escola recebeu há dez anos, em 2008. O prefeito argumentou que precisa dos recursos, e que o corte não iria interferir tanto no evento se os sambistas forem valorizados.
Via Jornal O Globo


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