terça-feira, 26 de maio de 2015

Jovem teria sido jogado no Rio Guandu,

Jovem teria sido jogado no Rio Guandu, segundo moradores de condomínio ‘Minha casa, minha vida

Julio Cesar Duarte, síndico do condomínio Aveiro (Minha Casa Minha Vida), em Santa Cruz, foi preso pela DH
Julio Cesar Duarte, síndico do condomínio Aveiro (Minha Casa Minha Vida), em Santa Cruz, foi preso pela DH Foto: Fábio Guimaraes
Rafael Soares
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O corpo de Ellerson Markus Ferreira Loureiro, de 19 anos, desaparecido após ser entregue por síndico de condomínio a milicianos, teria sido jogado no Rio Guandu. Segundo o relato feito por uma testemunha aos agentes, moradores a avisaram que os milicianos “teriam amarrado pedras no corpo de Ellerson e jogado no Rio Guandu”. No momento da prisão, o síndico acusado de ter levado o jovem aos milicianos, Julio Cesar Lima Duarte, de 34 anos, chegou a afirmar que cada morador paga, mensalmente, uma taxa de R$ 70 ao condomínio “Minha casa, minha vida”, mas negou que a quantia seja repassada à milícia.
No relatório do inquérito, o delegado Alexandre Herdy, responsável pelo caso, afirma que “no condomínio Aveiro há forte influência de grupos milicianos, de modo que a lei do silêncio impera na localidade, dificultando a identificação de seus integrantes e de seus atos ilícitos”. As investigações continuam para identificar aos milicianos responsáveis pelo crime.
— Já sabemos que a milícia que age naquele local é a maior do Rio. Mas as investigações não param por aí. Agora, o objetivo é descobrir o paradeiro do corpo, para que a família possa enterrá-lo, e chegar até os responsáveis diretos pela execução — afirmou.
Ellerson saiu da casa da mãe, na Região dos Lagos, após se assumir homossexual em meados do ano passado. Logo se mudou para a casa de parentes beneficiados num condomínio do programa federal “Minha casa, minha vida”, na Estrada dos Palmares, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. No novo lar, a rotina do jovem esbarrou na cartilha da milícia que dá as cartas no condomínio. Após ser acusado de furtar R$ 600 da casa do síndico do prédio, Julio Cesar, em janeiro, Ellerson não foi mais visto. Para a Divisão de Homicídios (DH), o jovem foi amarrado pelo síndico dentro do conjunto habitacional e entregue aos paramilitares. O corpo não foi encontrado até hoje.
Na manhã desta quarta-feira, vinte agentes da especializada prenderam Júlio Cesar em seu apartamento, dentro do conjunto habitacional. O síndico vai responder pelo homicídio e pela ocultação de cadáver de Ellerson. A prisão acontece um mês depois de o EXTRA revelar que todos os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Na ocasião, a série de reportagens “Minha casa, minha sina” mostrou que, na Zona Oeste, alguns síndicos funcionam como um “braço” da milícia dentro dos condomínios, cobrando o pagamento de taxas de segurança e levando aos paramilitares moradores que não cumprem à risca as regras.
O EXTRA teve acesso, com exclusividade, ao inquérito que investiga o desaparecimento de Ellerson. Segundo o depoimento de um parente, o dinheiro furtado por Ellerson seria usado por Julio Cesar para pagar a taxa mensal cobrada pelos milicianos. “O dinheiro que ele furtou era para pagar a milícia. Ele confessou que havia furtado, eu apenas o amarrei e o entreguei para a milícia dar um corretivo nele. Não sei o que eles fizeram com ele, mas a milícia não costuma deixar vestígios, não”, teria afirmado o síndico à testemunha. Na ocasião, Julio Cesar ainda pediu desculpas à família. Ele não sabia que Ellerson tinha parentes no condomínio.
Fuzil, pistola e granada
Ameaça - Segundo o depoimento do parente de Ellerson, Julio Cesar teria tentado convencer a família a não procurar a polícia para comunicar o desaparecimento. "Não adianta ir na delegacia denunciar, que eles acham vocês onde estiverem", teria afirmado o síndico.
Apreensões - Durante a operação para a prisão do síndico, os agentes da DH também apreenderam, num local próximo ao condomínio, um fuzil, pistolas e granadas. Dois homens foram presos. Os agentes também estouraram um depósito de máquinas caça níquéis.
Série de reportagens - Em março, a série “Minha casa, minha sina”, publicada pelo EXTRA, mostrou nos condomínios do "Minha casa, minha vida" destinados aos beneficiários mais pobres no Rio, moram 18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo localizadas dentro de apartamentos, interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/jovem-teria-sido-jogado-no-rio-guandu-segundo-moradores-de-condominio-minha-casa-minha-vida-16149740.html#ixzz3bG9gwp7u

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