Morador da Baixada rodou a América do Sul e parte da Europa de carona
Vizinho da Rodovia Dutra, o universitário Marcos Lamoreux, de 28 anos, morador de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, não precisa de muito para ser feliz. Bastam uma mochila e uma estrada para o coração dele bater mais rápido. Aos 20 anos ele viajou pela primeira vez de carona, e não parou mais.
— Achava que viajar assim era coisa de filme. Uma amiga que conhecia as “manhas” me convidou, e eu topei. Viajamos para São Paulo com um caminhoneiro. A primeira dica que ela me deu foi: “não dorme”. Afinal, somos caronas, não agregados — lembra.
Quem aceita dar carona, quer companhia, ensina o jovem, que, assim, já conheceu São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Natal, no Brasil, além de Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile, Equador, Venezuela e alguns países da Europa. A jornada que realmente o ensinou a andar de carona foi pela América do Sul:
— Era um congresso de veganos. Saí um mês antes do evento. Antes de viajar, você precisa saber onde comer, quantas pessoas conhece no caminho, qual a temperatura do local. Hoje em dia, com a internet, tudo fica mais fácil.
Mas apesar do planejamento, é preciso contar com os imprevistos. Na mesma viagem, ele brigou com uma das amigas e também adoeceu.
— Ficamos uns 50 dias na rua. Acabei ficando três dias doente. Aí, você tem que parar e se cuidar. Perrengues acontecem...
Para conseguir dinheiro extra durante as aventuras, Marcos jogava malabares no sinal, tocava cavaquinho e até artesanato fez e vendeu.
— Tudo é aprendizado. Na estrada, as pessoas são solidárias. Eu corria atrás, fazia uns bicos e ia aprendendo com outros viajantes — destaca, mostrando a a companheira fiel, pequena e verde: a mochila. — Levo três blusas, três bermudas, chinelo e coisas de higiene pessoal. Dependendo do lugar, um casaco. Não gosto de jeans. Não é preciso muito para viver.
E foi com só 100 euros no bolso que Marcos desembarcou em Paris. Com amigos pelo caminho, ele dormia em salas, quartos e ia conhecendo os lugares.
— Não penso em conforto, e sim, no aprendizado. Na Europa, eles costumam jogar fora a comida que está vencendo no mesmo dia. Eu pegava do lixo. Lá é limpo, com lixo separado.
Viagens viram roteiro para livro já lançado
Ao chegar das viagens, Marcos ouvia dos amigos: “Um dia isso vai virar livro”. E virou. Estudante de Audiovisual, ele fez roteiro e usou suas histórias como base para a obra “Minha casa é minha mochila”.
— Eu já tinha algumas coisas nos cadernos e blocos, então comecei a moldar a história. Outras coisas fui lembrando, consultei amigos. Lancei o livro no mês passado — diz o ele, que vê na rotina veneno:
— Viajar me mantém vivo. Você só sabe do que é capaz quando está necessitado — conclui ele, que está em Belo Horizonte com sua mochila.
As dicas para viajar de carona
Locais de partida
Postos de gasolina, paradas de ônibus e vias em que caminhões trafegam. Evite domingos e feriados, quando quem está viajando, provavelmente, está com o carro cheio.
Destino
Escreva numa papel o seu destino e tenha sempre um mapa e rotas traçadas. Use roupas confortáveis e claras. A cor ajuda o motorista a enxergar você. O motorista precisa sentir confiança em você.
As regras do caroneiro
Seja educado e use o bom senso. Lembre-se: você é carona, não agregado do motorista. Evite fumar, não suje o veículo, não detalhe muito a sua vida, não fale a quantidade de dinheiro que tem e evite viajar à noite. Converse sempre. As pessoas que dão carona querem companhia. A troca é sempre boa. É de lei levar água e comida na mochila, como barras de cereal, frutas e biscoitos. Não esqueça o repelente e o protetor solar. Leve o mínimo de roupas.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/morador-da-baixada-rodou-america-do-sul-parte-da-europa-de-carona-16109913.html#ixzz3ZmgF41cx
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