sexta-feira, 3 de junho de 2016

Alunos de Direito recebem texto de Daniela Andrade sobre advogados transfóbicos





Por Neto Lucon

Após ser vítima de preconceito nas redes sociais, a transfeminista Daniela Andrade
 escreveu um texto em que denuncia advogados e advogadas que dizem lutar pelos direitos humanos, mas que na verdade são transfóbicos. E a mensagem acabou indo parar nesta semana nas mãos de universitários do curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira (Universo), em Niterói, no Rio de Janeiro.

+ Acusados de matar travesti Laura Vermont terão primeira audiência


Na mensagem, Daniela pede para que todas as vezes em que advogados disserem que defendem os direitos humanos, as pessoas perguntem se eles incluem as travestis, mulheres transexuais e homens trans neste grupo de humanos. E se eles respeitam a identidade de gênero dessas pessoas. 

“Não é raro encontrar aqueles e aquelas que, nos grupos humanos, só incluem mesmo as pessoas cisgêneras. Então cuidem-se não faltam advogados e advogadas transfóbicas que, não só não lhe ajudarão, como irão ser agentes do preconceito. Cuidem-se por que cisativistas radicais também podem ser advogadas, e elas estão alinhadas ao fundamentalismo religioso”, escreveu.

O texto foi utilizado e distribuído durante o Seminário que ocorreu nesta semana, levantou discussões e foi elogiado pelos universitários. "Muito bem redigido, foi um prazer usá-lo em nosso trabalho", escreveu a universitária Aline Aguiar. "Texto sensacional! Obrigada por tudo, aprendi muito com vocês", concordou Carollina Velasco.


Leia na íntegra: 




TRANSFOBIA E TRANSFOMAÇÃO


Recentemente, Daniela foi vítima de vários ataques transfóbicos por criticar ativistas cis que utilizam do preconceito e do atual debate sobre estupro para justificar o repúdio que sentem por travestis e mulheres transexuais, inclusive questionando se elas devem utilizar o banheiro de acordo com a identidade de gênero. Um deles, que mobilizou a rede social, foi de uma advogada que diz ser defensora dos direitos humanos. Ela chegou se referir à Daniela com um nome masculino e utilizar artigos e pronomes masculinos.

A transfeminista prefere não comentar o episódio - afinal, ele só sinaliza um problema recorrente e comum em cisativistas - e afirma ao NLUCON que o apontamento posterior foi justamente para alertar as pessoas trans e travestis de que nem todo profissional que diz defender os direitos humanos realmente tem essa preocupação com a população trans. 

“Nesse grupo há quem divide o grupo dos humanos que vai defender e o grupo dos humanos que vai invalidar, discriminar ou ostracizar. Frequentemente acham, por exemplo que travestis e transexuais se tratam do grupo gay e aí pautam como se as necessidades dos homossexuais fossem as mesmas que as nossas. Ou então, em casos extremos, discriminam deliberadamente, pois não é por que a pessoa se formou em direito que ficou livre de todos os preconceitos”, defende.

Sobre o texto ter chegado aos alunos de Direito, Daniela agradece à militanteBruna Benevides e outras ativistas trans e destaca a importância do diálogo. “É preciso que estudantes de direito se formem e sejam profissionais conscientes de que é preciso falar de transfobia. É preciso falar nos direitos humanos das pessoas trans, é preciso se conscientizarem de que o grupo de pessoas trans e travestis está degraus abaixo em todos os aspectos quando o assunto são direitos humanos. Sobretudo num país em que sequer direito de defecar e urinar nos é garantido, está em suspenso no STF a ação que o validará”.

Via http://www.nlucon.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...