sexta-feira, 3 de junho de 2016

Acusados de matar Laura Vermont terão primeira audiência; família organiza protesto





Por Neto Lucon

Depois de quase um ano, os cinco réus acusados de agredir e matar a socos e pauladas a travesti Laura Vermont, de 18 anos, no dia 20 de junho de 2015 terão a primeira audiência nessa quinta-feira (2), às 11h, no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, em São Paulo. A família de Laura organiza um protesto no mesmo dia, local e horário. 

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“Uma família inteira morreu junto. Sofremos todos os dias e também sentimos a dor da impunidade. Que país é esse e que leis são essas, que prendem e soltam assassinos? Foi uma covardia o que eles fizeram, foi muita crueldade. E é por isso que vamos lá para não deixar que esse crime termine assim”, desabafa Zilda Vermont, mãe de Laura, ao NLUCON. 

Os réus Van Basten Bizarrias de DeusIago Bizarrias de DeusJefferson Rodrigues PauloBruno Rodrigues de Oliveira e Wilson de Jesus Marcolino já confessaram ter agredido e terem participação no assassinato de Laura em depoimento em agosto de 2015. Mesmo assim, respondem ao processo em liberdade, após a autorização da juíza Érica Aparecida Ribeiro Lopes e Navarro Rodrigues

Será a primeira audiência do caso, que eles respondem por homicídio doloso - ou seja, quando há a intenção de matar.

O CASO

Em 20 de junho de 2015, Laura Vermont voltava de madrugada para a casa na Avenida Nordestina, Vila Nova Curuça, Zona Leste da capital, quando encontrou os cinco homens pelo caminho. Segundo a investigação, eles teriam tido uma discussão e todos violentaram Laura, que estava sozinha, com socos e pauladas. 

"Um dos detidos confessou que pegou um pedaço de pau e deu três pauladas na cabeça de Laura", afirmou em julho o delegado José Manoel Lopes. Um vídeo gravado por um frentista mostra a vítima sangrando, atordoada e pedindo socorro. Outro vídeo de câmeras de segurança também mostra o momento das agressões (assista aqui). 

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Na mesma noite, dois policiais militares foram enviados no bairro para socorrer Laura e apartar a briga. Mas na abordagem Laura entrou no carro da PM, tomou a direção, bateu o veículo em um muro e acabou levando um tiro no braço esquerdo do soldado Diego Clemente Mendes.

Inicialmente, o tiro foi omitido por ele e pelo sargento Ailton de Jesus no depoimento ao 63º DP Vila Jacuí. Eles também forjaram um depoimento, entregando a uma testemunha falsa um papel para contar o que "viu", e também mentiram que prestaram socorro. Ao investigar, o 32º Distrito Policial  descobriu a farsa. 

Vítima de pauladas, socos e de um tiro, Laura morreu em decorrência do traumatismo craniano que sofreu causado por agente contundente, informou o laudo do Instituto Médico-Legal,  

JUSTIÇA?


A juíza 
Érica Aparecida Ribeiro suspendeu no dia 11 de agosto de 2015 a prisão preventiva dos cinco réus, alegando que, "não havendo indícios de que os acusados tenham procurado furtar-se à sua responsabilização criminal ou prejudicar a instrução probatória, pois confessaram a prática do delito e individualizaram suas condutas", ela entendia que era "cabível a substituição da custódia preventiva pelas seguintes medidas cautelares".

Já o 
Ministério Público não denunciou os PMs, mas solicitou que eles fossem investigados por seus superiores pelo falso testemunho e pela fraude processual. Eles também chegaram a ser detidos, mas o juiz Antonio Maria Patiño Zorz os liberou, alegando que "não parece razoável acreditar que os acusados, ainda que pairem suspeitas, causarão, em liberdade provisória, risco concreto à ordem pública".

Depois. foi estabelecida a fiança de um salário mínimo para cada um dos PMs envolvidos.

O PROTESTO

Nas redes sociais, a família, amigos e militantes organizam um protesto em frente ao Fórum na quinta-feira (2), a partir das 11h, enquanto ocorrer a audiência. Eles pedem a punição e prisão dos acusados do assassinato de Laura Vermont, o fim da transfobia e o fim da impunidade de crimes de ódio. 

“O primeiro passo está sendo dado agora com essa audiência. Até agora eles estão soltos, aproveitando a vida com passeios e se divertindo, enquanto minha irmã morreu e a minha família morreu junto com ela. Esperamos que eles sejam presos, queremos justiça”, diz Rejane Laurentino de Araújo, irmã da vítima.
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A investigação descarta ser um caso de transfobia – "foi um desentendimento na rua" – mas a família e amigos defendem que se trata, sim, de uma agressão e de um assassinato motivados pelo preconceito. Até porque Laura já havia sido agredida por transfobia anteriormente.

“Isso é puro preconceito e uma grande covardia. Por uma pessoa ser trans, ela tem que ser agredida e morta? Ainda mais por cinco covardes? Isso é errado e eu nem sei o que penso. Só sinto uma revolta muito grande”, defende Zilda, que pede a participação de todos.


Quem quiser participar e ter mais informações, pode acessar o link do protesto clicando aqui
Via http://www.nlucon.com/

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