segunda-feira, 29 de junho de 2020

Primeira campanha de doação de sangue com doadores LGBTI no Rio recebe quase o dobro do previsto

Doadores de sangue no Hospital Pedro Ernesto
Doadores de sangue no Hospital Pedro Ernesto Foto: Divulgação/SEDSODH
Marcelo Antonio Ferreira
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RIO — Como parte da Semana do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais), nesta segunda-feira, o Hospital Universitário Pedro Ernesto deu início à campanha de doação de sangue com doadores LGBTI — a primeira da história. Promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), a ação chega logo depois que foram derrubadas as medidas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiam este público de realizar doações.

O primeiro dia registrou excelentes números; no planejamento original, seriam atendidas 20 pessoas, sob agendamento, em respeito às medidas de segurança. Mas a procura superou as expectativas: até às 15h, 38 pessoas já haviam doado. Então, para evitar aglomerações, a organização teve que reorganizar o esquema.

Parte da fachada do hospital recebeu uma bandeira com cores do arco-íris
Parte da fachada do hospital recebeu uma bandeira com cores do arco-íris Foto: Divulgação/SEDSODH

Integrante do Rio Sem Homofobia e superintendente de Políticas LGBTI, Ernane Alexandre, foi uma dos nomes que, nos últimos anos, esteve à frente do debate político para inclusão deste grupo. E hoje, além de ter ido ao hospital para abrir a campanha, também foi doar.

— Tenho 15 anos dentro do movimento social, para mim, como superintendente, e para nós, no geral, essa decisão do STF e quebra de portaria da Anvisa foi uma mudança de paradigma. Hoje, poder doar é mais um direito que é garantido ao público LGBT. E já são tantos direitos não compreendidos ou não facilitados para essa população — conta Alexandre

— Que a gente possa aproveitar isso e fazer valer nosso direito de doar. Principalmente neste período de pandemia do Covid-19, em que estão muito baixos os estoques de sangue. Eu mesmo doei e fique feliz demais com os 150ml — comemora ele.

No último 22 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) alegou inconstitucionalidade nas restrições que impediam a doação de sangue de “homens que tiveram relações sexuais com outros homens” no período de um ano e, então, as removeu. Em termos práticos, o benefício não atendeu apenas a homens gays, mas, também, mulheres trans, pessoas bissexuais e travestis.

E, nessa segunda-feira, a advogada Maria Eduarda Aguiar, de 39 anos, que também é presidente do Grupo Pela Vidda, foi a primeira mulher trans a doar.

— Eu vejo como uma vitória fundamental. Temos um déficit nos bancos de sangue e é uma demanda constante. A quantidade de material que se perdia pelo preconceito por orientação sexual ou identidade de gênero era um absurdo. Não importava se você tivesse um parceiro fixo há dez anos ou mais, ou se tivesse filho. Na verdade, o que se leva em consideração hoje é a prática e conduta sexual da pessoa. Isso é um critério mais isonômico, que é para todos. Os bancos de sangues fazem testes periódicos mais de uma vez. Não era plausível a restrição pela pessoa ser homossexual ou travesti — diz Maria Eduarda.

Em todos os hemocentros do Brasil, depois que o sangue é coletado, ele passa por avaliações rigorosas para garantir, de fato, a ausência de qualquer patologia e conferir se é próprio para uso médico.

— Quando se vai doar, se faz a tipagem sanguínea e, depois da doação, o sangue vai ser analisado para o resultado de sorologia, para ver se está livre de doenças como hepatite B, hepatite C, HIV, HPV. Depois que o resultado é negativo, o sangue é liberado para transfusão — explica Jennifer Ribeiro, chefe do Serviço de Hemoterapia do Pedro Ernesto, que ainda diz que, assim como todos os hemocentros, o banco sanguíneo do Pedro Ernesto também registrou queda durante estes meses de pandemia.

Além do hospital universitário, outras duas unidades recebem a campanha: a Santa Casa de Barra Mansa, apenas no dia 29, e o Hospital São João Batista de Volta Redonda, de 30 de junho a 3 de julho. Nos três pontos é necessário marcar agendamento.

Locais para doação na campanha:

Rio de Janeiro

Data: 29 de junho a 3 de julho

Horário: 8h às 15h

Local: Banco de Sangue Herbert de Souza - Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)

Endereço: Boulevard Vinte e Oito de Setembro 109 - Vila Isabel - Rio de Janeiro

Agendamento: (21) 2868 8134.

Barra Mansa

Data: 29 de junho

Horário: 7h às 11h

Local: Banco de Sangue da Santa Casa de Barra Mansa

Endereço: Rua Pinto Ribeiro 205 (anexo à Santa Casa)

Agendamento: (24) 3323-1918



Volta Redonda

Data: 30 de junho a 3 de julho

Horário: 7h às 13h

Local: Hospital São João Batista

Endereço: Rua Nossa Senhora das Graças 235 - Colina

Agendamento: (24) 3339-4242



Para doar, é necessário que o doador leve documento original com foto, esteja bem de saúde, tenha entre 16 e 69 anos. Menores de 18 anos devem levar autorização e documento do responsável. Além disso, o doador deve ter peso mínimo de 50kg, não estar em jejum, evitar alimentos gordurosos três horas antes, ter dormido pelo menos seis horas. O intervalo mínimo entre uma doação e outra é de dois a três meses.

Não podem doar sangue as pessoas que fazem uso de drogas ilícitas injetáveis, que tenham quadro de hepatite após os 11 anos de idade, malária e evidência clínica ou laboratorial de doenças transmissíveis pelo sangue, como HIV, hepatite B e C e Doença de Chagas.

Outros impedimentos temporários são febre, gripe ou resfriado, gravidez atual ou parto recente (90 dias para parto normal e 180 dias para cesárea), amamentação (até 1 ano após o parto). Uso de alguns medicamentos, tatuagem ou piercing (mínimo um ano), vacinação (de acordo com o tipo de vacina), transfusão de sangue (mínimo um ano), extração dentária (sete dias), anemia e cirurgia.

Fonte.https://extra.globo.com/

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