terça-feira, 12 de setembro de 2017

Transexual acusa colegas de trabalho de preconceito no Rio


Mesmo após ter mudança de nome civil reconhecida, ela diz ter sido proibida de usar banheiro feminino. Empresa alega estar trabalhando para que ela seja aceita pelas demais funcionárias.

Por Henrique Coelho, G1 Rio
 
Selem tem nome feminino oficial, mas sofre com preconceito na empresa em que trabalha (Foto: Henrique Coelho/G1)Selem tem nome feminino oficial, mas sofre com preconceito na empresa em que trabalha (Foto: Henrique Coelho/G1)
Selem tem nome feminino oficial, mas sofre com preconceito na empresa em que trabalha (Foto: Henrique Coelho/G1)
Selem Rufino Soares, de 45 anos, auxiliar de serviços gerais da empresa CNS Nacional de Serviços há pelo menos dois anos, afirma que passa por uma rotina de constrangimentos no trabalho pelo fato de ser transexual. Ela conta que foi proibida de utilizar o banheiro feminino de seu local de trabalho e que seu nome civil - que ela usa por ter conseguido a autorização da Justiça para a mudança na justiça - não vem sendo respeitado por um superior. Ela avalia entrar com uma ação trabalhista contra a empresa.
“Fui obrigada a utilizar o vestiário masculino, já virou palhaçada. Minha identidade é Selem, mas esse funcionário diz que só posso usar o vestiário feminino quando fizer a mudança de gênero. Até lá, eu sofro”, contou ela ao G1, após reunião com membros da Coordenadoria da Diversidade Sexual (CEDS) da Prefeitura do Rio, em Botafogo, na Zona Sul.
Segundo Selem, as humilhações são constantes. “Eu não sou coitadinha, só quero que me respeitem. É muito ruim você subir uma escada para se trocar no vestiário masculino, e as pessoas ficam olhando, fazem chacota, e eu tenho que ficar calada”, lamenta ela, que diz estar pronta para lutar pelo que considera justo. “Eu não tenho medo de morrer. Eu estou morrendo. Meu corpo sangra, minha alma chora e ninguém me ouve, mas não posso voltar atrás na minha luta, na minha militância”.
Durante a reunião, a auxiliar de serviços gerais também relatou que, depois de suas reclamações, chegou a ter cogitada uma transferência para o Hospital Central da Polícia Militar, algo difícil para ela, moradora da Rocinha, área com forte presença de traficantes. “Eu não posso trabalhar lá [no hospital]. Não posso”, afirmou.
O coordenador de Diversidade Sexual da prefeitura, Nélio Georgini, explicou que, em um caso como o de Selem, o papel do órgão é de prestar apoio jurídico e social a vítimas de preconceito. Segundo dados da coordenadoria, foram 16 atendimentos para transexuais em 2017. “Vamos comunicar a empresa até que para eles tenham fala nesse processo. O nosso trabalho sempre será o de mediar todos os envolvidos, que é o que a prefeitura pode fazer”, disse Georgini.
A advogada Eduarda Aguiar da Silva, de 37 anos e também transexual, que representa Selem, explicou que ela vai tentar o processo conhecido como demissão reversa. “É o direito de o empregado dar uma justa causa no empregador, por assédio moral. Pediria a rescisão direta do contrato de trabalho com todos os direitos trabalhistas garantidos, além de indenização pelos danos morais”, afirmou a advogada.

O que diz a empresa

A assessoria de imprensa da CNS afirmou que, em julho de 2016, Selem teria conseguido uma certidão de nascimento que comprova a mudança de nome - de Joabe Rufino Soares para Selem Rufino Soares. Ela teria sido remanejada para trabalhar em estabelecimentos da Polícia Militar, mas manifestou medo de sofrer preconceito por ser moradora da Rocinha e de ser reconhecida por algum PM.
Ainda segundo a assessoria da CNS, Selem teria sido então transferida para o Hospital Central do Exército (HCE), onde, no último dia 4, um supervisor recebeu queixa de outras 10 funcionárias da empresa, que reclamaram de desconforto com o fato de Selem utilizar o banheiro feminino, alegando que a funcionária não teria mudado de sexo.
Diante da crise, a CNS requereu um terceiro banheiro para a funcionária transexual, mas alegou estar trabalhando para que Selem seja aceita na empresa pelas demais funcionárias. Para isso, já está em contato com a CEDS para que sejam oferecidos workshops e palestras para a promoção de maior conhecimento e respeito à diversidade de gênero.
Fonte. G1.com

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