Ginecologista Flávia Fairbanks,
doutora pela USP, dá dicas para que mulheres repensem hábitos considerados
triviais, mas que podem causar risco por serem benéficos para fungos e
bactérias.
Hábitos que prejudicam a saúde íntima
feminina — Foto: Foto: Pexels
Alguns hábitos podem parecer triviais ou inofensivos, mas - na avaliação
de especialistas em saúde da mulher - podem colocar em risco a região íntima
feminina. Calça justa, biquíni molhado, uma calcinha errada, absorventes
diários e até a alimentação podem trazer efeitos indesejados.
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O g1 listou 12 hábitos que prejudicam a
saúde da vagina:
1.
Alimentação
Consumir muitos doces, carboidratos e gorduras podem alterar o pH
vaginal.
"O pH vaginal é um dos mecanismos de defesa dessa região. Ele é
naturalmente mais ácido, gira em torno de 3,8 a 4, e as bactérias mais
maléficas não vivem nesse pH. O consumo de carboidratos, principalmente o açúcar, vai acidificar o pH,
predispondo a candidíase, por exemplo. Uma alimentação muito rica em
ácidos também vai mexer com esse mecanismo", explica a ginecologista
Flávia Fairbanks, mestre e doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP).
Ela orienta que uma alimentação com um consumo equilibrado de
carboidrato favorece a manutenção do pH.
2. Deixar a calcinha secando no box
Você pode lavar a sua calcinha durante o banho, mas o problema está na hora de secar. Nada de
deixar pendurada na torneira ou em qualquer lugar do banheiro.
"Quando deixamos a calcinha secando no box (ou no banheiro),
estamos favorecendo a proliferação de fungos. O melhor jeito de secar uma roupa
íntima é no sol, por causa dos raios UV. Outra dica é passar o fundo da
calcinha com o ferro quente, porque o calor ajuda a eliminar fungos e
bactérias", alerta Fairbanks.
Na hora de secar a calcinha, prefira
ambientes arejados e que batam sol — Foto: Reprodução/TV Globo
3. Absorventes/protetores diários
Algumas mulheres se sentem mais protegidas com os absorventes diários
(ou protetores diários). No entanto, esse hábito é muito prejudicial para a saúde da vagina. Segundo a
ginecologista, esses protetores bloqueiam os mecanismos próprios de oxigenação
e ventilação da vagina.
"Oxigenar essa região é muito saudável. As bactérias costumam ser
anaeróbicas, ou seja, não precisam de oxigenação. Quanto mais oxigênio levar para a
região, mais você favorece a esterilização dessas bactérias. Um absorvente
diário todos os dias diminui essa oxigenação e pode provocar corrimentos e
infecções", diz a ginecologista.
4. Usar calça apertada
As calças
mais apertadas prejudicam a ventilação, a transpiração da região íntima e a
manutenção da temperatura normal da vagina. Além disso, calças mais justas
podem causar um atrito permanente na região vulvar, provocando incômodo e
irritações.
Fairbanks explica que o organismo vai ter uma resposta a essa irritação,
desenvolvendo uma inflação. "Essa inflamação, junto com bactérias e fungos,
gera um descontrole local e o favorecimento de infecções, candidíase",
ressalta.
5. Não fazer xixi após a relação
sexual
Não importa se você usou ou não preservativo durante a relação
sexual. O xixi é
indispensável após o sexo vaginal. Flávia Fairbanks explica que as
mulheres liberam secreções para a lubrificação vaginal que ficam passeando e
passam perto da uretra.
"Fica um shopping center de bactérias e não tem jeito: quando você
termina a relação, a uretra está colonizada por essas bactérias. Essas bactérias estão doidas para ir
para um lugar desconhecido e o caminho natural é subir a uretra e ir para a
bexiga", comenta.
Ao urinar, a mulher expulsa as bactérias do canal da uretra com o
próprio jato do xixi, não deixando chegar até a bexiga. "Pode ser até um
pouquinho, não precisa estar com vontade", alerta Fairbanks.
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Absorvente interno: troca deve ser
feita a cada quatro horas — Foto: Pixabay
6. Troca do absorvente interno
As adeptas do absorvente interno devem ter atenção na hora da
troca. Mesmo que
o fluxo da menstruação seja baixo, essa troca deve ser feita a cada quatro
horas (seis horas, no máximo).
"Mesmo que tenha pouco sangue, é preciso trocar o absorvente
interno com frequência, mesmo no fim da menstruação. Se você deixar por mais
tempo, corre o risco de ter infecções até mais sérias", explica a
ginecologista.
7. Usar biquíni molhado por muito
tempo
Umidade, baixa ventilação e ambiente quente: um cenário ideal para desenvolver
candidíase, diz a ginecologista.
"O biquíni úmido não permite uma ventilação maior, o que contribui
para a proliferação de fungos e bactérias. A dica é: usou o biquíni e ele está
úmido? Dê um jeito de secar ou trocar".
A dica é: usou o biquíni e ele está
úmido? Dê um jeito de secar ou trocar — Foto: Alessandro Buzas/Futura
Press/Estadão Conteúdo
8. Ducha vaginal
O uso da ducha vaginal é muito prejudicial à saúde íntima da
mulher. Ela não
tem função higiênica e ainda destrói os mecanismo de barreira da vagina.
"A vagina tem um tecido muito sensível. Essa ducha vaginal pode
causar microfissuras, favorecendo a aquisição de infecções sexualmente
transmissíveis (ISTs). Não pode fazer ducha vaginal e nem limpar dentro da
vagina. Essa região já tem seus próprios métodos de autolimpeza", diz
Fairbanks.
9. Tipos de calcinha
A melhor
calcinha é, sem dúvidas, a de algodão. Os tecidos sintéticos são mais
acessíveis e comuns, mas são inimigos da saúde íntima da mulher, pois abafam a
região, aumentando a umidade e favorecendo a proliferação de bactérias e fungos
responsáveis pelas infecções vaginais.
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10. Depilação
A depilação mais segura é que preserva os pelos perto da região da
uretra, dos orifícios vaginal e perianal. "Não existe indicação médica para
retirar todos os pelos dessa região íntima. Tirou tudo? Vamos observar.
Cada pele reage de um jeito, cada mulher tem um hábito. Precisa ver como o
corpo reagiu".
A vulva tem mecanismos próprios de autodefesa que são dependentes de:
composição de gordura, bactérias naturais, pH local e composição da proteção
trazida pelos pelos pubianos. Esse quarteto monta o sistema de defesa e
proteção local.
11. Sabonete íntimo
Você não
precisa usar um sabonete íntimo para higienizar a região da vulva. Água e sabonete
neutro já dão conta do recado. Além disso, alguns produtos podem alterar o pH
vaginal.
"Usar sabonete íntimo é opção, não é indicação ou obrigação. Caso a mulher queira usar, ela
precisa procurar um produto que tiver o pH mais próximo possível do neutro. Se não for, ele
pode mudar a constituição dos mecanismos de defesa da região, expondo o
organismo a risco de outras infecções, bactérias e fungos", explica Flávia
Fairbanks.
12. Secar o xixi de trás para frente
O correto é sempre usar o papel higiênico de frente para trás - no sentido da vagina para o ânus. Isso evita que a
mulher leve bactérias intestinais da região anal para a região da vagina,
levando a infecções.
Fonteg1.com
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