Vinagre e alho na vagina contra candidíase? Veja riscos de 'receita' sem eficácia e conheça o tratamento certo
Alho e vinagre não são recomendados no tratamento de candidíase, dizem especialistas. Na imagem, mulher com dor na região do abdômen. — Foto: Freepik
Alho e vinagre não são recomendados no tratamento de candidíase, dizem especialistas. Na imagem, mulher com dor na região do abdômen. — Foto: Freepik
Especialistas explicam que, além
de não funcionar, prática pode complicar uma infeção genital muito comum que é
facilmente tratável com os medicamentos corretos.
Por Emily Santos, g1
Vinagre e alho na vagina para tratar candidíase?
Receita não tem eficácia e traz riscos
Coceira,
corrimento escurecido e denso, dor ou sensibilidade na vagina são alguns dos
sintomas de uma infeção genital muito comum chamada candidíase. E o que se vê nas redes sociais
são "receitinhas caseiras", como a que "prescreve" colocar alho no canal vaginal e usar vinagre para lavar a
genitália ou
fazer banho de assento.
🚨🚨
Especialistas ouvidas pelo g1 explicam que, além de não funcionar, isso
pode, na verdade, complicar um quadro que é facilmente tratável com os medicamentos corretos.
Não
existe nenhum estudo científico que suporte essa teoria de que vinagre e alho
sejam efetivos no tratamento de candidíase. O tratamento para esse quadro é
feito com medicamento antifúngico receitado por um médico.
—
Ana Katherine Gonçalves, ginecologista e membro da Febrasgo.
O que é candidíase
Alho e vinagre não são recomendados no tratamento
de candidíase, dizem especialistas. Na imagem, mulher com dor na região do
abdômen. — Foto: Freepik
Candidíase
é o nome dado a uma infecção genital causada pelo fungo do gênero Candida, que provoca coceira,
secreção e inflamação, e pode também causar incômodos na relação sexual.
Nós
já nascemos com o fungo da candida no nosso sistema, ele faz parte da flora
vaginal. O problema é que, quando ele acha um clima propício para se
proliferar, pode acabar causando uma infecção fúngica.
—
Luana Bridi, ginecologista.
O
ambiente propício para o fungo é quente e úmido, e a infecção acontece com mais
frequência diante de alguns fatores como:
·
baixa
imunidade;
·
diabetes;
·
uso de
corticoides ou antibióticos; e
·
uso de
absorvente diários.
Como reduzir as chances de ter
candidíase
Evitar roupas muito apertadas na região da genitália, não exagerar em produtos (como
sabonetes) usados
na região íntima e lavar apenas com água corrente são boas maneiras de manter o pH da região
equilibrado.
Cuidar da alimentação também é importante, já que isso pode, por
exemplo, ajudar a manter um bom sistema imunológico.
Outra
dica dada por Bridi é de, sempre que possível, deixar a região
"respirar". "Dormir sem calcinha ou usar roupas mais folgadas nos horários livres, em casa, também
é saudável", diz.
Nada de alimentos na vagina!
Procure um médico
Teve
algum dos sintomas de candidíase e lembrou da "receitinha infalível"
do TikTok? Pois esqueça dela!
Aliás, de
acordo com a ginecologista Ana Katherine Gonçalves, que é membro da comissão de
trato genital inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo), deve-se manter qualquer tipo de alimento fora (e
longe) da vagina.
Segundo
Luana Bridi, essa teoria pode ter surgido da ideia de que vinagre pode ser
usado como antisséptico, o que já foi desmentido pelo Conselho Regional de
Farmácia de São Paulo.
"O
vinagre pode, na verdade, piorar a irritação devido à sua acidez", explica
a especialista.
Já o alho
é conhecido por suas propriedades antifúngicas, mas o efeito é avaliado pelo consumo
como alimento, e não
na aplicação tópica (na pele).
Candidíase de repetição
O alerta
é importante especialmente porque, quando não tratada, a candidíase pode durar meses ou até virar um
quadro de candidíase de repetição, que é quando a inflamação faz pausas e retorna em
curtos períodos de tempo.
Portanto,
ao começar a notar os sintomas, a recomendação é procurar um médico, já que,
segundo as especialistas, coceira e irritação, dor e secreção vaginal são
sintomas comuns a outros tipos de infecção, como as causadas por bactérias, por
exemplo, e até de alergia.
O
ideal é ir a um médico que solicite um exame laboratorial que determine o
diagnóstico específico. Nada de se medicar por conta própria ou de passar
qualquer coisa além de água fria na região.
—
Ana Katherine Gonçãoves, ginecologista e membro da Febrasgo.
Se o
médico recomendar essa "misturinha", nem pense em segui-la.
"Pegue a receita com o carimbo e faça uma denúncia no Conselho Regional de
Medicina (CRM). E, claro, se consulte com outro especialista que seja
confiável", aconselha Luana Bridi.
enfrentar a baixa umidade
Fonte.g1.com
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