segunda-feira, 2 de março de 2015

5 razões pelas quais impeachment de Dilma é improvável, segundo brasilianistas

5 Reasons Why Dilma's impeachment is unlikely, according Brazilianists



Dilma (AFP)
Falta de interesse da oposição e de provas de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras são alguns dos motivos apontados pelos especialistas

A série de problemas enfrentados pela presidente Dilma Rousseff neste início de segundo mandato já foi indicada por alguns como sinal de ameaça ao seu governo.
Na semana passada, um blog publicado no site do jornal britânico Financial Times listou 10 motivos para acreditar que Dilma poderia sofrer impeachment, entre eles as investigações de corrupção na Petrobras, a economia em baixa, a crise no abastecimento de água e energia e o menor apoio no Congresso.
No entanto, para cientistas políticos consultados pela BBC Brasil, esse não é um cenário realista e, apesar dos problemas, no momento não há razão para considerar a possibilidade de que Dilma não termine seu mandato.
Abaixo, cinco motivos pelos quais os brasilianistas consideram improvável um processo de impeachment no Brasil:

1 – Até o momento, não há base para impeachment

Para os analistas entrevistados pela BBC Brasil, apesar dos graves problemas enfrentados pelo governo, não está claro qual seria a base para um processo de impeachment.
"Há tensões dentro do governo, tensão entre Lula (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e Dilma, entre o PT e (o novo ministro da Fazenda) Joaquim Levy. A polarização no Brasil está ficando muito forte, entre o PT e a oposição, entre o Congresso e a presidente", enumera Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, em Washington.
"Mas a pergunta que eu tenho é como o processo de impeachment seria iniciado, qual seria a base para impeachment", questiona.

Dilma (AFP)
Para analistas, um fator importante é não haver evidências de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras

Segundo Hakim, até o momento não parece haver nada que possa desencadear um processo de impeachment. Ele ressalta que acusações de "incompetência", por si só, não são motivo para impeachment.
O cientista político Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, em Washington, lembra que nos Estados Unidos a ameaça de impeachment também costuma ser mencionada com frequência.
"O impeachment nunca está fora de questão. Os conservadores do Tea Party estão sempre falando em impeachment no Congresso americano, mas obviamente isso não vai acontecer", compara.
"(No caso do Brasil) penso que é muito cedo para sequer pensar sobre a possibilidade de um processo sério de impeachment."

2 – Não há evidências de envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras

O escândalo de corrupção na Petrobras, que já provocou o rebaixamento da nota da empresa pela agência de classificação de risco Moody's, é considerado por Hakim o principal problema enfrentado por Dilma no momento.
Mas ele e outros analistas ressaltam que nada indica que a presidente – que esteve à frente do Conselho de Administração da empresa entre 2003 e 2010 – tenha tido algum tipo de envolvimento ou soubesse dos casos de corrupção.
"Até o momento, não há evidência de que Dilma seja culpada de nada além de má administração (no caso da Petrobras)", diz o cientista político Matthew Taylor, pesquisador do Brazil Institute, órgão do Woodrow Wilson Center e professor da American University, em Washington.
Taylor observa que, assim como no escândalo do Mensalão muitos dos membros mais céticos da oposição diziam na época que o então presidente Lula deveria saber do que ocorria, no caso da Petrobras é possível que muitos digam o mesmo de Dilma, que seus laços com a empresa eram tão estreitos que ela deveria saber do esquema de corrupção.
"Mas em uma grande organização como essa, é bem plausível que ela simplesmente não tenha investigado mais profundamente o que poderia estar ocorrendo", afirma.
"Até agora não há qualquer sugestão nos documentos que se conhece de que Dilma seja culpada de qualquer comportamento criminoso", diz Taylor.

3 – A oposição não tem interesse em um processo de impeachment

Segundo os analistas ouvidos pela BBC Brasil, a oposição não teria condições e nem tem interesse em levar adiante um processo de impeachment.
"Não acho que o PSDB teria muito a ganhar. Além disso, precisaria do apoio do PMDB e de outros partidos na coalizão do governo. E, francamente, nenhum desses partidos gostaria de ver Dilma sofrendo um impeachment", afirma Taylor.
"Eles têm muito a ganhar com uma Dilma enfraquecida", observa. "Talvez seja melhor para a oposição simplesmente deixar Dilma mergulhada na crise e deixar que ela tome as difíceis medidas de austeridade e ser responsabilizada por elas."

4 – Apoio no Congresso

Dilma enfrenta dificuldades em sua relação com o Congresso e com a própria base aliada, em um momento em que o PT e o PMDB, apesar de terem as maiores bancadas, perderam cadeiras nas últimas eleições, que também foram marcadas por uma maior fragmentação do Congresso.
"Uma das questões cruciais para Dilma é lutar contra a oposição que há no Congresso ao plano de ajuste fiscal. Mas ela está em uma posição enfraquecida, porque não é popular, o PT tem menos membros no Congresso, há mais partidos pequenos", enumera Roett.
Apesar das dificuldades, os analistas ressaltam que a estrutura de apoio de Dilma é muito mais forte do que a do ex-presidente Fernando Collor de Mello, alvo de impeachment em 1992.
"Collor estava implementando políticas que eram de certa maneira radicais, que iam contra a maioria dos eleitores, e estava fazendo isso em um contexto em que seu partido tinha menos de 3% do Congresso", diz Taylor

5 – Dificuldades em toda a América Latina


Apesar de graves, os atuais problemas não são exclusividade do Brasil; muitos países da América Latina também enfretam escândalos

A avaliação dos analistas é de que, apesar de graves, os atuais problemas não são exclusividade do Brasil. Muitos países da América Latina também enfrentam um período de escândalos e economia em queda.
"Não é como se o Brasil estivesse sozinho", observa Hakim.
Ele cita os casos de México, Venezuela, Peru, Chile e Argentina, onde os presidentes também atravessam um momento de fraca popularidade.
"Se no Brasil a inflação chega a 7,3% nos últimos 12 meses, na Argentina está em torno de 40%, e na Venezuela perto de 70%", diz Hakim.
"A confiança do investidor está em baixa em toda a América Latina."

Exagero

Para Hakim, há um certo exagero quando se fala na possibilidade de impeachment de Dilma.
"Ninguém falava em impeachment de Fernando Henrique Cardoso por causa da crise do apagão. Ninguém falava em impeachment de Lula por causa do Mensalão", lembra.
O analista reconhece que Dilma está enfrentando problemas em várias frentes, mas afirma que esses problemas não são incomuns em governos com a economia em baixa.
"Lembra quando todos falavam que o Brasil era um foguete em direção à lua, que ninguém segurava o Brasil? Aquilo foi dramaticamente exagerado. Agora, o suposto desastre enfrentado pelo Brasil também está sendo exagerado. Pode estar prestes a enfrentar um pouco de turbulência, mas não se compara à situação da Argentina ou da Venezuela", afirma Hakim.
Taylor diz que o escândalo da Petrobras o deixa "cautelosamente otimista".
"Quando se pensa no Brasil e nas experiências da América Latina, em quantos outros países você prenderia alguns dos mais importantes empresários e consideraria a possibilidade de prender alguns dos mais importantes políticos? E, mesmo eu não achando um cenário realista, a própria contemplação de impeachment de uma maneira válida institucionalmente. Isso tudo aponta para a força da democracia brasileira, não fraqueza."
Fonte.http://www.bbc.co.uk/

Alessandra Corrêa
Winston-Salem (USA) for BBC Brazil

Dilma (AFP)
Lack of opposition interest and Dilma's evidence of involvement in the scandal Petrobras are some of the reasons cited by experts
The series of problems faced by President Dilma Rousseff at the start of second term has been nominated by some as a threat signal to your government.
Last week, a blog published in the British newspaper the Financial Times website listed 10 reasons to believe that Dilma could be impeached, including the corruption investigations in Petrobras, the down economy, the crisis in the supply of water and energy and the lowest support in Congress.
Also read: Levy reduces payroll relief and criticizes Mantega
However, for political scientists consulted by BBC Brazil, this is not realistic and, despite the problems, at present there is no reason to consider that Dilma not finish his term.
Below, five reasons why Brazilianists consider unlikely impeachment proceedings in Brazil:
1 - So far, there is no basis for impeachment
For analysts interviewed by BBC Brazil, despite the serious problems faced by the government, it is unclear what would be the basis for impeachment proceedings.
"There are tensions within the government, tension between Lula (former President Luiz Inacio Lula da Silva) and Dilma, between the PT and (the new Minister of Finance) Joaquim Levy. The polarization in Brazil is getting too strong, between PT and the opposition, between Congress and the president, "lists Peter Hakim, president emeritus of political analysis institute Inter-American Dialogue in Washington.
"But the question I have is how the impeachment proceedings would be initiated, which would be the basis for impeachment" he asked.
Dilma (AFP)
For analysts, an important factor is that there is no evidence of involvement of Dilma in Petrobras scandal
According to Hakim, yet there seems to be nothing that can trigger an impeachment process. He points out that charges of "incompetence", per se, are not cause for impeachment.
Political scientist Riordan Roett, director of the study program in Latin America Johns Hopkins University in Washington, points out that in the United States impeachment threat is also often mentioned frequently.
"The impeachment is never out of the question. The conservative Tea Party are always talking about impeachment in Congress, but obviously it will not happen," he compares.
"(In Brazil) I think it is too early to even think about the possibility of a serious impeachment process."
2 - There is no evidence of involvement of Dilma in Petrobras scandal
The corruption scandal in Petrobras, which has already downgraded the company's rating by Moody's rating agency, is considered by Hakim main problem faced by Dilma right now.
But he and other analysts point out that there is no indication that the president - who headed the Board of Directors of the company between 2003 and 2010 - has had some involvement or knew of cases of corruption.
"To date, there is no evidence that Dilma is guilty of nothing but bad administration (in the case of Petrobras)," says political scientist Matthew Taylor, a researcher at the Brazil Institute at the Woodrow Wilson Center and organ professor at American University, in Washington.
Taylor notes that, as in Mensalão scandal many of the most skeptical members of the opposition said at the time that the then President Lula should know of what happened in the case of Petrobras is possible that many say the same of Dilma, their ties with company were so narrow that she should know the corruption scheme.
"But in a large organization like this, it is quite plausible that it simply has not investigated more deeply what could be going on," he says.
"So far there is no suggestion in the documents that we know that Dilma is guilty of any criminal behavior," says Taylor.
3 - The opposition has no interest in a process of impeachment
According to analysts polled by BBC Brazil, the opposition would not be able, nor is interested in taking on impeachment proceedings.
"I do not think the PSDB would have much to gain. In addition, need the support of the PMDB and other parties in the government coalition. And, frankly, none of these parties would like to see Dilma suffering impeachment," says Taylor.
"They have a lot to gain from a weakened Dilma" he says. "It might be better to simply let the opposition Dilma steeped in crisis and let her take the tough austerity measures and be responsible for them."
4 - Support in Congress
Dilma faces difficulties in their relationship with Congress and with the allied base itself, at a time when the PT and the PMDB, despite having the highest benches, lost seats in the last elections, which were also marked by further fragmentation of Congress .
"One of the crucial issues for Dilma is to fight against the opposition that is in the Congress for the fiscal adjustment plan. But it is in a weakened position because it is not popular, the PT has fewer members in Congress, there are smaller parties' lists Roett.
Despite the difficulties, analysts point out that Rousseff's support structure is much stronger than that of former President Fernando Collor de Mello, impeachment target in 1992.
"Collor was implementing policies that were somehow radicals, which went against the majority of voters, and was doing so in a context in which his party had less than 3% of Congress," says Taylor
5 - Difficulties in Latin America

Although serious, the current problems are not unique to Brazil; many Latin American countries also enfretam scandals
The evaluation of analysts is that, although serious, the current problems are not exclusive to Brazil. Many Latin American countries also face a period of scandals and falling economy.
"It's not as if Brazil were alone," says Hakim.
He cites the cases of Mexico, Venezuela, Peru, Chile and Argentina, where presidents also go through a time of unpopular.
"If in Brazil inflation reaches 7.3% in the last 12 months in Argentina is around 40%, and Venezuela close to 70%," says Hakim.
"Investor confidence is down throughout Latin America."
Exaggeration
For Hakim, a certain exaggeration when it comes the possibility of impeachment of Dilma.
"Nobody talked about impeachment of Fernando Henrique Cardoso because of the blackout crisis. Nobody talked about impeachment of Lula because of Mensalão" he recalls.
The analyst recognizes that Dilma is facing problems on several fronts, but says that these problems are not uncommon in governments with the down economy.
"Remember when everyone spoke that Brazil was a rocket to the moon, no one held Brazil? That was dramatically exaggerated. Now, the supposed disaster facing Brazil is also being exaggerated. It may be about to face some turbulence, but does not compare to the situation in Argentina or Venezuela, "said Hakim.
Taylor says the Petrobras scandal leaves "cautiously optimistic."
"When you think of Brazil and the experiences of Latin America, how many other countries you would hold some of the most important businessmen and consider the possibility of holding some of the most important politicians? And even I not finding a realistic scenario, the very contemplation of impeachment of a valid way institutionally. This all points to the strength of Brazilian democracy, not weakness. "
Fonte.http: //www.bbc.co.uk/

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