terça-feira, 16 de abril de 2019

Carioca se divide entre o canteiro de obras e os palcos como drag queen


Igor William, que dá vida a Safira O'Hara, viralizou ao mostrar a construção da sua casa dos sonhos

De dia Igor William; de noite, Safira O'Hara
De dia Igor William; de noite, Safira O'Hara - 
Pás, enxadas, cílios postiços e saltos altos fazem parte da rotina de Igor William. Morador da Pavuna,  o carioca de 29 anos divide seu tempo entre a construção da própria casa e os shows como a drag queen Safira O'Hara. Entre um e outro, trabalha como cozinheiro em um restaurante de comida japonesa. 
"Comecei a fazer drag há uns dez anos, em uma brincadeira de Carnaval. Me interessei pelo assunto quando interpretava personagens femininos no teatro. Ali, as vilãs foram as que mais me chamaram atenção e notei que poderia ser uma artista transformista", conta.
Igor viralizou nas redes sociais ao compartilhar com os internautas alguns detalhes da construção de sua casa, em uma favela da Pavuna. A poeira da obra e a fumaça dos palcos escondem uma grande história de superação. Aos 19 anos, o carioca foi expulso de casa pela sua mãe por ser homossexual. Só em 2017, aos 27, conseguiu comprar o próprio terreno para construir seu lar:
"Estou morando na casa que estou construindo. As paredes ainda estão no tijolo e cimento, mas essa foi a forma que encontrei minha felicidade. Severino, um grande amigo pedreiro, trabalha aqui comigo nas nossas folgas. Ele me ensina a fazer as coisas da obra". 
Para fugir de possíveis casos de homofobia, Igor pensou em algumas estratégias para quando se transforma em Safira O'Hara. Entretanto, ele garante ser muito bem aceito em seu bairro:
"Sou respeitado por todos os vizinhos, que conhecem minha vida dupla. Mas, quando me monto como drag queen para ir trabalhar e saio da vizinhança, corro muitos riscos de ser agredido. Para não não sofrer nenhum ataque, costumo me maquiar em casa, coloco uma camisa de escola de samba para dar uma disfarçada. Levo um figurino levinho na bolsa porque vou conseguir correr mais rápido se precisar".
Depois de contar sua história na web, Igor afirma que algumas pessoas tentaram criar uma vaquinha para ajudá-lo na reforma. Ele, que ficou surpreso com a repercussão do caso, negou a ajuda. 
"Recebi muitos recados positivo de LGBTs que conquistaram seus sonhos. Meu recado para a comunidade é que não desista nunca. Quiseram fazer uma doação para mim, mas não aceitei. Consigo, mesmo que aos poucos, ganhar um dinheirinho para minha obra. Mas há muitos casos por aí que precisam de ajuda. Com certeza existe uma mulher trans que ainda não conseguiu ser empregada ou um menino gay que acabou de ser expulso de casa", alerta. 
Igor e Safira moram na casa que, dia após dia, vai sendo erguida. Para evitar brigas, a planta da construção prevê dois quartos..
"Estou construindo um para mim e outro para ela. Não temos condições de existir juntos no mesmo ambiente, não dá certo. Também estou planejando um ateliê para que eu possa fazer 
meus desenhos e estudar artes visuais". 
Fonte. Jornal O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...