“É um retrocesso”, diz rapper que participou de comercial censurado por Bolsonaro


Stella Yeshua é rapper e participou do comercial do Banco do Brasil. Foto: Arquivo Pessoal
Nesta quinta-feira (25) foi revelado que o presidente Jair Bolsonaro vetou uma propaganda do Banco do Brasil. Marcada pela diversidade, a peça publicitária carregava vários rostos, posturas e estilos. Uma das pessoas a participar do comercial foi a rapper Stella Yeshua. Em entrevista ao blog, ela afirmou que não entendeu os motivos pelos quais ele resolveu censurar o vídeo.
“Não consegui codificar o lamento do presidente. Somos jovens livres, querendo expressar nosso estilo de vida e um novo estilo de consumo. A múltipla diversidade vencedora, aparentemente, incomodou a maior autoridade do País”, afirmou a rapper. “É um retrocesso”, constatou.
Stella relata que recebeu a notícia sobre o veto ontem. Ela estava em uma hamburgueria quando um amigo mandou uma mensagem dizendo o que tinha acabado de acontecer. “Num primeiro momento, achei que fosse brincadeira porque eu não consegui encontrar sentido para alguma censura. Mas houve um espanto depois da confirmação”, diz.
Até agora, a rapper diz que não entendeu as razões para o bloqueio. “O vídeo é limpo, inocente e soa inclusivo. Me senti livre para ser eu”, constata a artista que afirma não ser atriz e nem modelo. “Eu fui convidada por conta da diversidade em um nicho de música”, explica.
O anúncio de que o presidente tinha derrubado a propaganda e de que o diretor de comunicação de marketing tinha sido exonerado veio seguida de outra ação: agora, todas as peças de publicidade das estatais do governo federal vão precisar ter o aval do Planalto para circular.
O caso acabou dando abertura para que muitas pessoas usassem a internet para propagar ódio. “Recebi uma avalanche de mensagens de pessoas sem entender o ocorrido, indignadas e solidárias com o caso, mas também tiveram pessoas que apoiaram o ocorrido argumentando que o presidente só está exercendo suas promessas. [Foram] muitas mensagens ofensivas, racistas, de pessoas que apoiam a violência e praticaram em forma de mensagem”, diz.
Para Stella, foi necessária a perseverança de outras pessoas para que, hoje, ela pudesse estar em um comercial de repercussão nacional. “A gente lutou muito tempo por um espaço. Eu acredito que o Brasil vive, em partes, um avanço de empoderamento e vontade de continuar, mas, ao mesmo tempo, existe uma corda no nosso pescoço querendo impedir que a gente consiga avançar e chegar no topo da montanha”, constatou a jovem.
Um dia após a censura ser revelada, a rapper também usou sua conta no Instagram (@stella.yeshua) para mandar uma mensagem para outras pessoas negras. Em um trecho da publicação ela diz: “Eu sou o corpo que incomoda, a cor polarizada, a minha imagem é escama nos olhos, pode abrir e deixar arder, eu sou a invasão, eu sou a que não deveria estar, eu sou o menor cachê, eu sou a censura do presidente. Eu sou você”.
Fonte. Yahoo.com.br

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