terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ao contrário do Rio de janeiro os os candidatos LGBTS assumem sua sexualidade.


Eleições: Silvetty Montilla conversa com A Capa sobre sua candidatura a vereadora pelo PSOL

Por Paco Llistó em 28/08/2012 às 18h36
Eleições: Silvetty Montilla conversa com A Capa sobre sua candidatura a vereadora pelo PSOL
Figura emblemática da noite gay paulistana, Silvetty Montilla vem dividindo nos últimos meses seu tempo com outra função: é candidata, junto a seu colega Bill da Pizza, a vereadora pelo PSOL.
Como se sabe, a transformista empresta seu nome e rosto a outra causa nobre: o humor. Venerada por plateias do país inteiro, Silvetty garante que, se eleita, não vai abandonar sua carismática personagem, apesar de antecipar que, na Câmara Municipal, pretende trabalhar desmontada. "Silvetty é uma personagem, mas sou um cidadão e a princípio vou me apresentar como Silvio. Mas a Silvetty sempre está por aí, né?", afirma sem rodeios.

Entre as propostas de Silvetty está um maior investimento em saúde e educação. Outras bandeiras políticas da candidata são a Parada Gay, que segundo ela precisa continuar na avenida Paulista, e a proposta de uma lei que multe por homofobia. "Já tem uma lei estadual [10.948/2011], mas a gente pode fazer uma municipal também", acredita a transformista.

Silvetty conversou com A Capa sobre a sua candidatura a vereadora pelo PSOL e aproveitou também para tirar dúvidas de seus fãs, que fizeram perguntas pelo Facebook. Confira:

Como surgiu a oportunidade de você se candidatar a vereadora?
Surgiu da necessidade de melhorar a vida da população LGBT, que constantemente vem sofrendo ataques de fundamentalistas religiosos... E, claro, pelo convite do Bill [da Pizza, também candidato pelo PSOL], que sempre me estimulava quando a gente conversava sobre o partido e sobre política de modo geral.

Quais são seus diferenciais em relação aos outros candidatos?
Acredito que a minha experiência de 25 anos na noite me deixa perto da realidade dos LGBT e isso é muito importante, porque conheço o que as pessoas vêm enfrentando no seu dia a dia e do que elas precisam.

Como você pretende ajudar a combater os ataques homofóbicos nas ruas de SP (pergunta de um fã, via Facebook)?
Primeiro tem que lembrar que polícia é tarefa do governo do estado. A cidade só pode cuidar dos prédios públicos, tipo praças, escolas. Mas pra combater a homofobia a gente não tem só a polícia. Tem um milhão de alunos nas escolas públicas municipais, tem que tirar do papel a educação em direitos humanos e ensinar o povo a não tratar mal os LGBTs, mas também não tratar mal mulher, negro, nordestino. Por que a gente não pode usar o kit escola sem homofobia? Pode sim! Não é porque a Dilma vetou que a gente não pode usar.
Você continuará se apresentando nas boates caso seja eleita (pergunta de um fã, via Facebook)?
Vou continuar. Primeiro, porque eu trabalho principalmente de fim de semana. Segundo, que é um jeito de manter contato com o pessoal que votou em mim. Isso não atrapalhou o Gilberto Gil [ex-ministro da Cultura], nem a [deputada estadual pelo PCdoB] Leci Brandão, eles fizeram um trabalho fantástico.

Quais são suas principais propostas?
Nós ainda estamos fechando nossas propostas para a cidade, mas as principais são as bandeiras do PSOL: mais investimento em educação, pra permitir educação em direitos humanos e educação contra a homofobia. O Giannazi [candidato a prefeito do PSOL-SP] quer que a educação volte a ter 31% do orçamento. Mais investimento em saúde, sem privatização. Tem muita organização social que nega camisinha, não pode! Se for público, não fica assim. Tem que garantir também que os funcionários públicos atendam bem os LGBTs e saibam do que eles precisam. Não adianta só falar de camisinha pra lésbica, por exemplo. Mais dinheiro pra Cads, o órgão da prefeitura que cuida dos assuntos LGBT. O Kassab não liberou quase metade do que prometeu! Mais Centros de Referência à Diversidade. Hoje só tem um e eles fazem um trabalho super importante com os gays em situação de rua. Garantir que a Parada não deixe a Paulista. Um vereador tentou chutar a Parada da Paulista, não pode, um monte de gente vai de transporte público, qualquer outro lugar ia esvaziar a Parada! Aprovar lei que multe por homofobia. Já tem uma lei estadual [10.948/01], mas a gente pode fazer uma municipal também.

Você realmente irá vestir a camisa arco-íris e batalhar pelas nossas causas (pergunta de um fã, via Facebook)?
Claro! Eu não estou entrando nessa para brincar. O PSOL tem um histórico, tem compromissos com a pauta LGBT e nós vamos lutar pra que nossas reivindicações virem realidade. O que não podemos deixar é que a bancada de fundamentalistas sempre abafe os direitos dos LGBT como vem sendo feito na Câmara de São Paulo... Teve até projeto do dia do orgulho heterossexual!

Como pretende mudar algo dentro de um contexto tão ortodoxo sendo você tão distante dos "padrões sociais" (pergunta de um fã, via Facebook)?
Quem "é distante do padrão social"? Trabalho duro como todo mundo! "Distante do padrão social" é quem trabalha só como vereador e fica milionário, como uns vereadores aí. Eu acho que é muito saudável para aquele espaço, que é tão conservador, receber pessoas como eu do meio LGBT... Ou a gente precisa sempre se adequar a um jeito velho de fazer política? Isso não dá certo. A gente tem muito problema e poucas conquistas. A gente tem que entender que faz parte da sociedade e que o que a gente é não deve ser empecilho para ocupar a política.

De que forma pretende construir seus aliados políticos? Você conta com o apoio do movimento LGBT em geral?
Temos muitas pessoas que estão nos apoiando e acreditando na nossa candidatura. É lógico que sempre há pontos de vistas diferentes no movimento LGBT, nossos maiores aliados serão as pessoas e a pressão popular dos gays. Não tenho muita esperança em me aliar a vereadores da bancada fundamentalista para isso... Lembrando que tem muito religioso que defende os LGBTs, tem a ICM e muitas outras aí.

Na sua opinião, qual é o maior problema enfrentado atualmente pela população LGBT de São Paulo?
Eu acho que nós temos perdido a noção de cidadania. Somos privados de muitos direitos, temos muitos problemas e eles se apresentam sempre ligados com alguma coisa. Por exemplo, a bee sofre discriminação e não arranja emprego porque é afeminada demais, a outra não está contente com o corpo, mas a [secretaria de] Saúde não dá conta de fazer nada. Enfim, problemas existem muitos, mas precisamos pensar também nas responsabilidades do município e de um vereador, acredito que com ações na área da educação e saúde teremos mais resultados.

Silvetty será mesmo Silvetty ou Silvio na Câmara Municipal de SP?
Silvetty é uma personagem, é meu trabalho há 25 anos... Mas sou um cidadão e a princípio vou me apresentar como Silvio... Mas a Silvetty sempre está por aí, né?

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