sábado, 15 de setembro de 2012

Militantes candidatos LGBTS que assumem sua homossexualidade


“Vereadores 2012″: Rafael Myranda/Simões Filho



 série “Vereadores: Eleições 2012 e a cidadania LGBT” é uma promoção do site Gay Brasil que tem a intenção de apresentar à eleitora e ao eleitor LGBT o perfil e as propostas de candidatas e candidatos a vereadoras e vereadores das Câmaras Municipais das cidades brasileiras.
Dessa vez publicamos a entrevista com Rafael Myranda, candidato do Partido Trabalhista Renovador Brasileiro – PTRB, à Câmara Municipal de Simões Filho – BA. Com 21 anos, Rafael representa não só a população LGBT mas, também, o protagonismo juvenil nestas eleições.
O PTRB foi fundado por Levy Fidelix e dissidentes do então PTR – Partido Trabalhista Reformador, e somente disputou cargos eletivos em 1994, com pequena expressão nas urnas. Após essa experiência, o grupo fundador se reorganizou, com sucesso, fundando a legenda.

Rafael Myranda é candidato à vereador em Simões Filho, na Bahia, pelo PTRB e tem como bandeiras os direitos LGBT e da juventude. (Foto: Divulgação)
Rafael Myranda é auxiliar administrativo no SAC de Camaçari e está se licenciando em História. De acordo com Rafael, ele se filiou ao PTRB porque foi “o partido que apostou numa candidatura LGBT na cidade”.
Simões Filho é um município do Estado da Bahia, localizado ao lado de Salvador, e com uma população estimada em 107.561 habitantes. Foi criado com a emancipação da capital baiana e sua denominação atual data de 07 de novembro de 1961, numa homenagem ao jornalista e político Ernesto Simões Filho, fundador do jornal “A Tarde”.
Conheça as plataformas de atuação pela cidadania, respeito e inclusão da diversidade sexual na ordem política municipal de Rafael Myranda.
GB – Você poderia apresentar para a eleitora/eleitor LGBT um breve relato de, no máximo três parágrafos, sobre sua história e atuação em prol dessa população?
Rafael Myranda – Sou candidato pela primeira vez. Na ultima eleição ajudei um candidato a deputado, mas é minha primeira vez como candidato a um cargo político.
Acredito que a atividade política é um direito universal, mas a representatividade política é uma necessidade de todos os grupos de nossa sociedade, seja com representantes próprios ou com representantes comprometidos com as demandas dos segmentos a que se pré dispõem a representar. O principal motivo de minha candidatura é tentar lutar por políticas públicas de direito humanos, principalmente para o segmento de mulheres, negros e LGBT que são os mais desfavorecidos da sociedade
Atuo há 4anos em movimentos sociais e tenho histórico de luta no movimento estudantil (onde fui de grêmio e da União Jovens Socialistas), depois LGBT, na saúde e em prol dos direitos humanos.
Sou do Grupo Contra o Preconceito, de Simões Filho-BA (http://grupocontrapreconceito.blogspot.com), filiado ao Fórum Baiano LGBT e Coordenador Nacional/Nordeste da ARTGAY JOVEM. Pertenço, ainda, à Congregação Mãe de Deus (CMD) e sou seminarista inclusivo.
Hoje, como candidato a vereador por Simões Filho me sinto preparado para continuar a luta pelos direitos dos jovens e estudantes em todas as suas especificidades.

Simões Filho é um município da região metropolitana de Salvador, com 107.561 habitantes.
GB – Em um cenário político conservador e fundamentalista, contrário aos direitos da diversidade sexual, como você acredita que o vereador possa atuar a favor das políticas públicas para a população LGBT?
Rafael Myranda – Vou citar Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da idade, cor, raça ou orientação sexual. Se aprenderam a odiar, é possível aprender a respeitar”.
Por isso escolhi algumas áreas de atuação se eleito for:
Cidadania – Instituir o dia municipal de combate a Homofobia.
Educação – Incluir no plano municipal de educação diretrizes para uma educação sem homofobia.
Saúde – Colocar na lei de diretrizes orçamentária recursos para implantação do política municipal de saúde integral LGBT.
Segurança – Criar o Grupo de Trabalho para segurança pública municipal de LGBT.
Habitação – Garantir a prioridade de casas para Travestis, Transexuais, Lésbicas e Gays expulsos de casa ou de baixa-renda.
Cultura – Apoiar eventos culturais que promovam a paz e a diversidade cultural, como a parada LGBT, mostras , festivais.
Mulher – Estender todas as ações voltadas para as mulheres heterossexuais, para as lésbicas, bissexuais e transexuais.
Trabalho – Garantir a qualificação profissional de Travestis, Transexuais, Gays e Lésbicas para o mercado formal de trabalho reforçando a luta para que a prostituição não seja única opção de trabalho.
Comunicação – Incluir nos materiais de divulgação da Câmara Municipal e dos Órgãos da Prefeitura imagens positivas de pessoas LGBT.
Assistência Social – Garantir acesso das Lésbicas, Bissexuais, Gays, Travestis e Transexuais aos programas de assistência social dos Governos, como bolsa família, Loas, bolsa escola,…
Memória – Conferir título de cidadania, nomes de ruas, praças, avenidas, para LGBT que ajudaram a construir a história de nossa cidade.
Legislativo – Apoiar todas as ações voltadas ao combate a Homofobia, realizando audiências públicas e sessões na Câmara Municipal voltadas ao tema.
Renda – Apoiar a formação de cooperativas de Lésbicas, gays, Travestis ou Transexuais como forma de ampliar o desenvolvimento econômico municipal.
Administração – Criar na estrutura administrativa: O Conselho Municipal de LGBT, A Coordenadoria Municipal LGBT, o Plano Municipal LGBT e o Centro de Referencia de combate a Homofobia.

“Se eleito, planejo construir um mandato participativo. Sem ouvir a população em sua diversidade fica muito difícil pensar projetos de lei que, de fato, contemplem a população”, declarou Rafael Myranda.
GB – Você pretende interagir com o Executivo Municipal buscando aprovar projetos de lei que contemplem a comunidade LGBT? Quais projetos de lei você pretende apresentar?
Rafael Myranda – Se eleito, planejo construir um mandato participativo. Sem ouvir a população em sua diversidade fica muito difícil pensar projetos de lei que, de fato, contemplem a população.
Vou também fiscalizar as políticas públicas com ênfase na saúde e cultura e lutar fortemente pela criação da secretaria municipal de direitos humanos com coordenadorias de políticas para negros, LGBT, mulheres.
Outra tarefa que irei me empenhar é pela criação da Secretaria de Juventude e da implementação do Conselho de Juventude com políticas oriundas dos próprios jovens, construindo assim um mandato participativo.
GB – Quais as áreas que você considera como fundamentais para a inclusão e cidadania da diversidade sexual?
Rafael Myranda – Além das que já citei acima, nosso mandato será importante canal de diálogo, protagonismo e participação das minorias com o poder público para discutir políticas setoriais como educação, saúde, trabalho e renda, agricultura, direitos humanos, esporte, cultura, lazer e segurança pública e o orçamento municipal (PPA, LOA e LDO).
GB – Por que a comunidade LGBT deve te eleger?
Rafael Myranda – Resolvi sair candidato para defender a diversidade humana: homens, mulheres, heterossexuais, bissexuais, lésbicas, gays, trans, adolescentes, jovens, adultos, idosos, brancos, negros, indígenas, pessoas com deficiências, portadores do HIV, de hepatites, de hanseníase, de diabetes, evangélicos, católicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, ateus.
Fonte. Gay Brasil.

Um comentário:

  1. Ao contrário do que ocorre nesta eleição no Rio de janeiro, tem militante LGBT na Bahia que assume sem medo sua homossexualidade.( mesmo estando em partidos de tendencia politica "conservadora" eles dão entrevistas e assumem publicamente que são gays e propoem saidas para a homofobia.
    Portanto, Isso é fantástico, ao contrário dos( as ) militantes do Rio de Janeiro, que entram mudos nos horários eleitorais e saem calados sobre este tema. Todavia acho que é por pressão da m. dos partidos ou será para fazer graça com os evangélicos). Portando, e perdem a oportunidade de poder usar o horário eleitoral para mostrar a verdadeira face da realidade vivida pela maioria dos homossexuais que vive excluída dos programas sociais, longe das salas de aulas e perto dos necrotérios,como tem sido a realidade da matança que ocorre no Brasil.
    Nunca na história desse pais se matou tantos homossexuais por motivo de ódio e intolerância. A própria anistia internacional já denunciou o Brasil aos órgãos internacionais de direitos humanos porque aqui se executa mais homossexuais por motivo de ódio, tanto quanto; IRÃ, IRAQUE, ZIMBÁBUE( países governados por fanáticos religiosos)
    felicito aos candidatos/ candidatas da Bahia, desejo sucesso. Continuem assim sem hipocrisia!

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