Babá disse a Monique que Henry estava 'mancando' e havia levado 'banda' e chute após ter ficado no quarto com Dr. Jairinho


Henry Borel Medeiros tinha 4 anos e investigação da polícia aponta que mãe sabia que a criança sofria maus tratos do padrasto
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos e investigação da polícia aponta que mãe sabia que a criança sofria maus tratos do padrasto Foto: Agência O Globo
Paolla Serra, Luisa Valle e Cláudia Meneses




RIO - Mensagens trocadas entre a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, mãe do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, e a babá Thayna de Oliveira Ferreira, de 25 anos, no dia 12 de fevereiro, revelam que ela sabia das agressões do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), contra o filho dela. De acordo com as mensagens, a que o EXTRA teve acesso, a professora chega a lamentar pelo filho depois que a babá avisa que o parlamentar estaria dentro do quarto com a criança. Thana relatou à patroa que o menino disse ter levado "uma banda" e ter sido chutado, além de estar mancando e com o joelho doendo.


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RIO - Mensagens trocadas entre a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, mãe do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, e a babá Thayna de Oliveira Ferreira, de 25 anos, no dia 12 de fevereiro, revelam que ela sabia das agressões do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), contra o filho dela. De acordo com as mensagens, a que o EXTRA teve acesso, a professora chega a lamentar pelo filho depois que a babá avisa que o parlamentar estaria dentro do quarto com a criança. Thana relatou à patroa que o menino disse ter levado "uma banda" e ter sido chutado, além de estar mancando e com o joelho doendo.

Leia mais: Juíza diz que Dr. Jairinho praticava abusos físicos no menino e o trancava no quarto

Dr. Jairinho impunha ‘rotina de violência’ a Henry, conclui Polícia Civil

Em um trecho de uma conversa entre as duas, Monique se diz apavorada pelo fato de o menino estar no quarto com Dr. Jarinho na tarde do dia 12 de fevereiro:

Monique pede para Thayna entrar no local:

A babá então tira o menino do quarto e diz para a mãe que ele não quer ficar sozinho na sala. E envia uma foto com Henry em seu colo:

Já nesta parte, Monique diz "coitado do filho", ao saber que o menino queria que a babá ficasse ao lado dele:

A mãe então pede a funcionária que dê um banho na criança, e mas Thayna responde que Henry "não quer entrar ali no corredor":

Nesta parte da conversa, Thayna relata à patroa que Henry queria ficar no colo dela e que reclamou que "o joelho estava doendo":

Monique então pergunta se a criança não relatou o que aconteceu quando estava no quarto com o padastro. "Vou descobrir quando chegar", disse ela à baba:

Em outro ponto da conversa, Thayna sugere que Monique apareça em casa de surpresa. Ela diz ainda que Jairinho teria levado o menino para o quarto do casal e Monique afirma que vai instalar uma câmera no local e pede para a babá ajudá-la a encontrar um local para colocar o aparelho, "mas tem que ser imperceptível":

A babá revela que tem medo de que a criança caia quando está com ela porque não sabe "o que Jairinho faz quando chega, depois ele (Henry) tá machucado":

Monique revela estranhamento porque, apesar de Jairinho estar em casa há mais tempo, ele lhe disse que "chegou agora em casa":

Thayna conta a Monique que, após tirar o menino do quarto, Henry lhe relatou que levou uma "banda" e foi chutado pelo padrasto:

Em seguida, a babá disse que Henry estava mancando e ainda lhe envia um vídeo com o garoto:

Thayna diz ainda que Henry reclamou "da cabeça", que estava doendo, e pediu para não lavar o local. A mãe indaga: "Será que ele bateu a cabeça?":

Dr. Jairinho (Solidariedade) e a professora, presos nesta quinta-feira acusados de tentar atrapalhar as investigações, serão indiciados por homicídio duplamente qualificado. Após um mês de investigações, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), acredita ainda que o casal torturou o menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, sem chance de defesa. Se condenados, eles podem ficar até 30 anos presos. O parlamentar, que foi afastado pelo seu partido e pode perder o cargo, impunha uma rotina de violência ao enteado, é o que concluíram as investigações da Polícia Civil após ouvir 18 testemunhas no inquérito. Para o delegado, "há provas contundentes que revelam fundadas razões de autoria de crime hediondo”.

Foram feitas perícias também nos 11 celulares e computadores apreendidos com o pai do menino, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, além da sua ex-mulher e do vereador. Eles conseguiram recuperar as mensagens trocadas entre a professora e a babá do menino, em 12 de fevereiro, que mostram a funcionária alertando a patroa sobre as agressões cometidas por Jairinho.

O depoimento da babá foi um dos fundamentos para o pedido de prisão. De acordo com a polícia, ela teria mentido e afirmado que a família vivia em harmonia e que nunca havia presenciado nenhuma anormalidade no apartamento onde moravam, no condomínio Majestic, na Barra da Tijuca. Para a polícia, que já sabe que a criança levava do parlamentar chutes, bandas e pancadas na cabeça com o conhecimento de Monique, Thayna de Oliveira Ferreira, de 25 anos, poderia estar sendo influenciada pelo casal. Nesta quinta-feira, além da prisão do casal, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Thayna e apreenderam o celular dela.

O que mostra o inquérito

O inquérito aponta que menino chegou ao condomínio Majestic levado pelo pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, por volta de 19h20m do dia anterior à morte. Monique teria dado banho no filho e o colocado para dormir no quarto que dividia com Jairinho. Por volta de 3h30m, quando já tinham pego no sono após supostamente assistir a uma série na televisão, de acordo com depoimento, a professora e o vereador disseram ter encontrado a criança caído no chão do cômodo, com pés e mãos gelados e olhos revirados.

Eles, então, levaram Henry para a emergência do Hospital Barra D’Or, onde as médicas garantem que Henry já chegou morto e com as lesões descritas nos laudos de necropsia.

Ao ser questionada durante seu depoimento, Monique afirmou acreditar que Henry possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, desequilibrado-se ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão. Também na delegacia, Jairinho contou que, após ouvir os gritos da mulher, caminhou até o quarto, colocou a mão no braço de Henry e notou que o menino estava com temperatura bem abaixo do normal e com a boca aberta, parecendo respirar mal. O vereador disse que acreditou que Henry havia broncoaspirado, mas seu quadro evoluía mal, já que no caminho para o hospital não respondeu à respiração boca a boca nem aos estímulos feitos por Monique. Jairinho contou que, apesar de ter formação em Medicina, nunca exerceu a profissão e a última massagem cardíaca que realizou foi em um boneco, durante a graduação.

Fonte. Jornal Extra

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