Maioria dos pacientes de Covid internados em UTIs do RJ não tem sobrevivido, apontam dados do Ministério da Saúde
Em meio a um
cenário de alta ocupação nos leitos de UTI do estado, fila por vagas na
regulação, e também de diversos relatos sobre escassez de insumos como
sedativos tidos como imprescindíveis para a intubação de pacientes, o Rio de
Janeiro tem registrado, nas últimas leituras, uma quantidade bem maior de
mortes do que de curas de pessoas internadas com Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG) em vagas de terapia intensiva, segundo dados extraídos do
Sivep-Gripe do Ministério da Saúde.
Um
levantamento feito pelo EXTRA com os dados do MS de pacientes graves desde 2020
revela que entre 14 de fevereiro e 4 de abril (últimas oito semanas
atualizadas), houve registro de 5.401 pacientes internados em UTIs Covid em
hospitais públicos e privados. Destes, 3.326 (61,5%) morreram, e 2.075 (38,4%)
receberam alta. O sistema sofre com atraso de notificações, mas, segundo
matemáticos ouvidos pela reportagem, a margem de oito semanas permite enxergar
um cenário mais próximo da realidade.
Se levado em
consideração todo o período da pandemia no RJ, do início, em meados de 15 de
março de 2020, até a última atualização, do dia 4 de abril de 2021, é possível
notar que, neste panorama geral, também há mais mortes do que curas de
pacientes internados em terapia intensiva com casos de SRAG no Rio. Os
registros dão conta de que, neste período, foram 34.294 internados em UTIs
cadastrados no sistema. Destes, 19.062 (55,5%) morreram e 15.232 (44,4%) foram
curados.
Procurada, a
Secretaria estadual de Saúde ainda não se manifestou sobre os dados em questão.
Fila por
leitos de UTI cai quase à metade em uma semana, mas ainda é grande
O número,
tanto de pedidos de internação, quanto da fila por leitos de UTI, são índices
que, nos últimos dias, tem apontado para um cenário um pouco mais otimista.
Segundo os dados do painel do governo estadual, em sete dias, houve uma queda
de cerca de 49% na quantidade de pessoas que aguardam por vagas de terapia
intensiva: eram 674 no dia 7 de abril, e são 344 nesta quarta-feira, de acordo
com a última atualização. Outras 37 esperam por leitos de enfermaria. Em
relação às solicitações de internação para UTIs, o último pico, que chegou a
292 solicitações em 24 horas no dia 6 de abril, agora já chega a 128 nesta
quarta-feira. A ocupação nos leitos de UTI do estado é de 86,7%.
Nos últimos
30 dias, a SES afirma que o estado passou a contar com 736 novos leitos para
tratamento da Covid-19, o que pode estar contribuindo para a diminuição da
fila. Estes números foram apresentados na tarde desta terça-feira, durante
coletiva do secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves. Segundo ele,
as vagas foram abertas nas redes federal (293), estadual (280) e municipais
(163). Ao todo, afirma a pasta, o Rio conta com 3.550 leitos (1.580 de
enfermaria e 1.970 de UTI) exclusivos para coronavírus.
40 mil
mortes e 25 dias com alta na média móvel de óbitos
Nesta
quarta, o estado registrou 300 mortes e 4.039 novos casos de Covid-19. Ao todo,
já são 688.797 infectados e 40.091 vidas perdidas desde o início da pandemia.
Com estes números, o RJ chega ao 25º dia seguido com aumento na média móvel de
mortes, que é de 17% em relação a duas semanas. A média móvel agora é de 3.253
casos e 258 óbitos por dia.
Março foi
considerado o pior mês da pandemia no Brasil pela Associação Nacional dos
Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), representa a classe dos Oficiais
de Registro Civil do país. No mês passado, segundo dados que constam no portal
da transparência do Registro Civil, 48% de todas as mortes por doença em
território nacional tiveram como causa a Covid-19. No Rio, 30,3% das mortes por
doença tiveram ligação com o novo coronavírus.
Fonte. Jornal Extra Rio
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