quarta-feira, 8 de julho de 2015

Jovem é encontrado morto em rio na Baixada Fluminense; família acredita em homofobia


Ele era membro do grupo Tambores de Olokun, adepto do candomblé.
Ele era membro do grupo Tambores de Olokun, adepto do candomblé. Foto: Mazé Mizo/ Divulgação
Igor Ricardo e Marina Navarro Lins
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O corpo do ator e produtor cultural Adriano da Silva Pereira, de 33 anos, foi encontrado nesta terça-feira, com marcas de facada, em um valão no bairro Três Marias, a cerca de 30 quilômetros de um posto onde estava com os amigos em Nova Iguaçu. A família acredita em crime de homofobia. Ele saiu de casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na noite de domingo, para encontrar os amigos no posto. Depois do encontro, ninguém mais o viu.
— Estava com um pressentimento ruim e fomos ao IML. Achamos o corpo nesta terça-feira. No local, um funcionário disse ter certeza que o crime é de homofobia. Já viu muitos outros semelhantes — conta o irmão Mazé Mixo.
Adriano era fundador do Brecho Dona Pavão
Adriano era fundador do Brecho Dona Pavão Foto: Reprodução/ Facebook
Risada solta e com o maracatu agitando os pés, Adriano era conhecido pela alegria contagiante. Ele era Membro do grupo Tambores de Olokun, adepto do candomblé e um dos fundadores do Brechó Dona Pavão. Estava sempre nos eventos culturais da região.
— Perdemos o Adriano para o ódio - desabafa a cunhada, Priscila Bispo.
Fundador do Movimento 28 de Junho, o primeiro LGBT da Baixada Fluminense, Eugênio Ibiapino afirma que a morte de Adriano tem características semelhantes a outras motivadas por homofobia. Desolado, ele disse que não sabe mais o que fazer para mudar o cenário de violência contra homossexuais:
Amigos e familiares foram de branco ao enterro
Amigos e familiares foram de branco ao enterro Foto: Nina Lima / Extra
— O modus operandi é uma morte com muita crueldade. Muitos tiros ou muitas facadas. O meu movimento existe desde 1989 e não sei mais o que fazer. O poder público ignora a violência, a polícia maltrata os homossexuais que vão prestar queixas e a imprensa também não aparece. A maioria dos casos fica na invisibilidade.
Homenagem do Rio Maracatu
Homenagem do Rio Maracatu Foto: Reprodução/Facebook
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Marcelo Freixo (PSOL), os avanços conquistados nos últimos tempos geram medo em quem não quer mudanças:
— Esse medo está se transformando em ódio. Isso ocorre com a homofobia e com a intolerância religiosa da mesma forma. Temos que entender o que está acontecendo para agir de forma preventiva.
Familiares e amigos se despedem do ator e produtor cultural
Familiares e amigos se despedem do ator e produtor cultural Foto: Nina Lima / Extra
Grupo de amigos fez homenagem para Adriano durante uma aula de Maracatu. No post no Facebook, o amigo Didac Tiago desabafa:
— Chega de homofobia. Temos de tirar esses exemplos de intolerância do nosso congresso. Vamos nos unir.
O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense. O corpo de Adriano foi enterrado no cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, acompanhado por um cortejo do Tambores de Olokun.


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/jovem-encontrado-morto-em-rio-na-baixada-fluminense-familia-acredita-em-homofobia-16702785.html#ixzz3fLXL3fIo

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