domingo, 15 de fevereiro de 2015

Homossexuais denunciam preconceito e apedrejamento em Itatira


Vítimas foram ouvidas por uma ativista gay, que deve enviar um relatório à União. Nesta semana, um membro do escritório Frei Tito também vai à cidade apurar as denúncias

FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Claudemir e Fábio disseram que as pedras eram grandes e quebraram as telhas de casa



A comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) denuncia uma série de violências sofridas em Itatira, 216,8 km de Fortaleza. As ocorrências, que narram apedrejamento da residência de um casal gay e até espancamento, foram listadas em um relatório da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Nesta semana, as vítimas devem ser ouvidas por uma advogada do escritório Frei Tito.

Uma das denúncias é do casal Francisco Fabio Castro, 33, que mora com o companheiro Antonio Claudemir Marcolino Macedo, 34. “Os moradores passam de moto dizendo que vão atropelar aquele 'viado'. Nós somos vitimas de insultos e tortura psicológica. Nossa casa já foi apedrejada três vezes. Tivemos sorte porque continuamos vivos”, explica Claudemir.

No caso de uma adolescente lésbica de 17 anos, a hostilidade foi sentida quando ela estava acompanhada da irmã caçula, de dez anos. “Comprei um sorvete e quando cheirei a cabeça da minha irmã um policial me parou. Disse que meu gesto não era permitido, minha irmã chorou e eu me senti um lixo”, relata.

Para advogada Luanna Marley, do escritório Frei Tito (Assembleia Legislativa), esse preconceito deve ser tratado com muita seriedade, pois amar e demonstrar carinho em público é um direito fundamental. “Visitaremos a cidade para falar com as vítimas diretamente. A ideia é iniciar um diálogo com os órgãos públicos e trabalhar numa perspectiva de enfrentamento à homofobia na região”, destaca.

Outro relato de violência é da travesti Kyara Nanachara Medeiros, 27, que assumiu a identidade feminina aos 16 anos. Moradora do distrito Lagoa do mato, ela explica que foi agredida fisicamente quando a rua estava deserta. “Muitos moradores zombavam de mim, gritavam insultos, me mandavam embora dos locais e atiravam pedras. Quando chegava em casa eu chorava bastante e, um dia, fui espancada até um galpão”, completa.

O POVO Online procurou a Prefeitura de Itatira, mas foi informado que o prefeito Antonio Almir Bié não poderia falar. Depois, as ligações não foram mais atendidas, mas a secretária dele chegou a dizer que as matérias sobre o caso de homofobia “eram fantasiosas”.

O Ministério Público do Estado (MPE) informou que não ia comentar o assunto, pois os procedimentos seguem em segredo de Justiça. O juiz Antonio Josimar Almeida Alves foi procurado, mas estava de férias. Em dezembro, ele publicou um vídeo no Youtube e disse que o preconceito contra os LGBT, no interior, afloram com maior intensidade.

“Se uma pessoa é homossexual isso não vai definir se é ruim, se tem um bom caráter ou um mau. A legislação é importante para proteger essas classes, essas pessoas, no sentido de que esse preconceito ele realmente der lugar a uma conscientização das pessoas”, pontuou Josimar.
Jornal O povo





















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