Obama se
torna o 1º presidente dos EUA a apoiar o casamento gay
Após a declaração, Romney reafirmou seu posicionamento contrário
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O presidente Barack Obama aparece no monitor da Casa Branca em
Washington, durante declaração sobre apoio ao casamento gayCAROLYN KASTER/AP
NOVA YORK — O presidente Barack Obama declarou pela primeira vez nesta
quarta-feira que é a favor do casamento gay. A afirmação vem na sequência de
uma série de posicionamentos públicos de membros de seu governo em apoio à
extensão do direito aos casais homossexuais e logo depois de a Carolina do
Norte se tornar o 30º estado americano a mudar a constituição para proibir essa
união. Após a declaração, o candidato republicano Mitt Romney reafirmou seu
posicionamento contrário e disse que o casamento deve ser acontecer apenas
entre um homem e uma mulher.
— Em um determinado momento eu concluí que para mim, pessoalmente, é
importante ir em frente e afirmar publicamente que eu acho que casais do mesmo
sexo deveriam poder se casar — disse Obama em uma entrevista na Casa Branca à
rede de TV ABC.
Obama não deixava claro se era oficialmente contra, mas há dois anos
afirmou que sua posição estava “evoluindo” em razão dos contatos com amigos e
outras pessoas que são gays. Agora, torna-se o primeiro presidente americano a
apoiar a extensão do direito do matrimônio aos casais gays. O democrata sofreu
pressão, durante longo tempo, de ativistas dos direitos dos homossexuais que
são seus simpatizantes, mas que se mostravam frustrados com a negação de Obama
em se posicionar sobre o tema.
A declaração, que carrega um risco político potencial especialmente em
um ano eleitoral, veio depois que o seu vice-presidente, Joe Biden, afirmou no
domingo se sentir “absolutamente confortável” com a ideia de que gays pudessem
se casar uns com os outros. Na segunda-feira, o secretário de Educação, Arne
Duncan, respondeu afirmativamente quando perguntava se também era favorável.
— Eu havia hesitado sobre o casamento gay em parte porque eu achava que
as uniões civis eram suficientes. Eu era sensível ao fato de que, para muitas
pessoas, a palavra “casamento” é algo que invoca tradições e crenças religiosas
muito fortes — afirmou Obama na entrevista.
Obama mencionou que suas filhas foram um fator decisivo para a
declaração e disse que sua esposa, a primeira-dama Michelle Obama, compartilha
das mesmas visões que ele.
— Malia e Sasha têm amigos que têm pais do mesmo sexo. Algumas vezes eu
e Michelle conversamos na mesa de jantar sobre esses amigos e seus pais e, em
nenhum momento, lhes passou pela cabeça que eles fossem tratados de maneira
diferente. Para elas não têm sentido e, francamente, esse é o tipo de coisa que
muda nossa perspectiva — disse.
Rommey reforça seu posicionamento contra o
casamento gay
Candidato da oposição e ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney
classificou o casamento homossexual como um tema “muito delicado e sensível”.
Mas o republicano não foi além nas críticas à declaração de Obama e disse que
cada estado deve ser capaz de decidir sobre a concessão de determinados benefícios
legais para casais do mesmo sexo.
Romney evita a polêmica, mas foi jogado no meio dela na semana passada.
Um porta-voz de sua equipe de campanha deixou o cargo depois de pesadas
críticas por ter se declarado gay. Romney veio a público o defender e dizer
estar disposto a readmiti-lo, mas o estrago já estava feito.
Ao longo de sua carreira, o candidato republicano já mudou de posição
sobre o tema. Inicialmente reconhecia a plena igualdade de direitos para os
homossexuais, mas depois começou a se opor ao matrimônio. Ao declarar apoio ao
ex-governador, o ex-senador pela Pensilvânia Rick Santorum comprometeu ainda
mais o candidato à oposição, dizendo que ambos partilhavam a crença de que o
casamento é algo que acontece entre um homem e uma mulher.
Human Rights Campaign, um grupo de defesa dos Direitos dos Gays,
declarou que Obama “fez história”. Para Neera Tanden, do Centro para o
Progresso Americano, a expressão de apoio foi um grande passo para conseguir a
promessa de igualdade do país.
Metade dos americanos apoia
Nesta terça-feira, o Instituto Gallup mostrou uma ligeira queda na
aprovação dos americanos ao casamento homossexual para exatos 50%. Outro
indicador que aponta o desafio que o tema impõe a Obama é que entre os
democratas, a aprovação chega aos 65%, mas outros 34% são contrários. Ao mesmo
tempo 40% dos eleitores independentes — que não se declaram nem republicanos
nem democratas — se dizem contrários.
Por fim, os protestantes — religião com mais adeptos nos Estados Unidos
— são majoritariamente contra: 59% nesse grupo acreditam que a união entre
pessoas do mesmo sexo não deveria ser legalizada
O Gallup analisa a opinião dos americanos sobre o tema desde 1996 e o
histórico aponta que os americanos se tornaram paulatinamente mais favoráveis
ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na primeira pesquisa, 27% dos
entrevistados tinham essa posição, ante 68% contrários.
A correlação só foi se inverter, entretanto, em 2011, quando 53% dos
americanos se declararam favoráveis 45%, contrários. Os resultados de 2012 —
50% a 48%, respectivamente — colocam fim a uma tendência ascendente
ininterrupta desde 2009.
O levantamento de 2012 foi realizado por telefone, entre os dias 3 e 6
de maio, com uma amostragem de 1.024 pessoas de 18 anos ou mais, nos 50 estados
americanos e no Distrito de Columbia.
Fonte. Globo.com
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