sexta-feira, 6 de junho de 2025

Religiões de matriz africana crescem no Rio e em todo o Brasil




Os dados mais recentes do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE, revelam um avanço significativo das religiões de matriz africana em todo o Brasil. O Rio de Janeiro, com 2,59% da população se declarando praticante da Umbanda, do Candomblé ou de outras tradições afrobrasileiras, ocupa o segundo lugar no ranking nacional — uma elevação marcante em relação a 2010, quando apenas 0,89% dos fluminenses afirmavam seguir essas crenças.

O estado que apresenta a maior proporção de adeptos dessas religiões é o Rio Grande do Sul, onde 3,2% da população se identifica com práticas de matriz africana. Em terceiro lugar, aparece São Paulo, com 1,47%.

Esses números indicam mais do que simples estatísticas: evidenciam o fortalecimento, a resistência e a expansão dos cultos afrobrasileiros, que, por muitos anos, enfrentaram repressão e preconceito. Hoje, sua presença está mais consolidada, inclusive em regiões distantes dos grandes centros tradicionais dessas práticas.

No panorama nacional, o crescimento é ainda mais expressivo. Entre 2010 e 2022, o total de brasileiros que se declararam umbandistas, candomblecistas ou praticantes de outras religiões afrobrasileiras passou de 0,3% para 1% da população. Esse aumento representa uma triplicação em apenas uma década.

Outro dado relevante é a interiorização dessas tradições. Em 2010, mais de 3.900 municípios brasileiros não registravam nenhum adepto de religiões afrobrasileiras. Em 2022, esse número caiu drasticamente para 1.800, mostrando uma capilarização importante e o fortalecimento da ancestralidade em territórios diversos.

Apesar do avanço, o cenário ainda é desafiador em estados com forte presença de população preta e parda, como a Bahia, que não aparece entre os primeiros no ranking proporcional de seguidores dessas religiões — o que pode refletir diferentes formas de declaração ou mesmo dificuldades de autodeclaração em contextos de intolerância.

Quanto à configuração religiosa geral do estado do Rio de Janeiro, o catolicismo continua sendo majoritário, com 38,9% da população, seguido pelas igrejas evangélicas (32%). Pessoas sem religião somam 16,9%, enquanto os espíritas representam 3,5%. As religiões de matriz africana, com seus 2,6%, ainda que numericamente menores, têm papel fundamental na cultura, espiritualidade e identidade de milhões de brasileiros. Outras crenças somam 5,9%, e 0,2% da população não soube ou não quis responder.

O levantamento foi feito a partir de perguntas direcionadas a pessoas com 10 anos ou mais sobre sua religião, crença ou ritual, com um detalhamento maior em territórios indígenas. As respostas foram agrupadas em grandes blocos, entre eles “Umbanda e Candomblé”, que também incluem outras tradições afro-religiosas.

Eu, Pai Paulo de Oxalá, vejo que esses números representam não apenas um crescimento estatístico, mas um chamado coletivo à dignidade. São vozes ancestrais que agora se afirmam com mais força e visibilidade. Cada pessoa que declara com orgulho sua fé de matriz africana rompe o silêncio imposto por séculos de exclusão. Esse avanço é também uma vitória da liberdade religiosa, da cultura viva e da resistência dos nossos terreiros.

Ainda segundo o IBGE, algumas dificuldades técnicas impediram, por ora, um aprofundamento nos recortes internos de cada religião — como já havia ocorrido no Censo de 2010, que distinguiu, por exemplo, ateus de agnósticos e os diferentes ramos das igrejas evangélicas.

Mesmo assim, o que os dados de 2022 deixam evidente é que as religiões de matriz africana seguem vivas, presentes e cada vez mais reconhecidas em sua importância espiritual, histórica e cultural para o Brasil.

Kíkí Ìgbàgbọ́ àwọn Òrìṣà! (Viva a fé nos Orixás!)


Axé para todos!
Fonte.Jornal Extra

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