Ação ocorreu na manhã desta quarta-feira, na frente da sede do Ministério Público do Rio de Janeiro.
— A gente não quer que o Herus seja mais um. Como vamos fazer daqui para frente? Como trabalhar para que isso não aconteça mais? — questiona Lucas Pessoa, amigo do jovem morto no Santo Amaro, em entrevista para primeira edição do RJTV.
A dor sentida por Lucas, também é conhecida por Priscila Menezes, mãe do Thiago Flausino, 13 anos, morto em agosto de 2023, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. O menino estava na garupa da moto de um amigo, quando foi atingido por cinco tiros, que segundo as investigações, foi disparados por polícias que estavam em um carro descaracterizado.
Quatro policiais militares estão sendo julgados por homicídio, e na justiça militar foram denunciados por fraude processual, por omitir a verdade em suas declarações iniciais na delegacia.
— Desde o dia 7 de agosto eu me encontro nessa luta. Uma luta pelo mínimo que a gente tem, que é o direito a justiça pelo que fizeram com os nossos filhos — desabafa Priscila Menezes.
Ainda estava presente Jaqueline Oliveira , mãe de Kathlen Romeu, assassinada quando estava grávida, há quatro anos, no bairro do Lins de Vasconcelos, Zona Norte da cidade. Dois dos cinco policiais investigados no caso vão a juri popular. Com uma camiseta estampada com o rosto da filha e as palavras de ordem "justiça para Kathlen", ela também cobrou por agilidade nos processos.
— Se não tem a punição, nós temos a impunidade...por que esses agentes de estado se sentem tão confortáveis em matar nossos filhos e nos nossos territórios? Tem leis para punir a gente, porque se a minha filha tivesse apertado esse gatilho, ela já estaria quatro anos presa — declara Jaqueline.
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Sonia Bonfim Vicente, mãe do adolescente Samuel Vicente, de 17 anos, morto em setembro de 2021 em uma ação da polícia em Anchieta, na Zona Norte do Rio, também marcou presença. Segundo ela, o ato organizado na manhã desta quarta-feira é uma tentativa de acelerar casos em andamento há mais de uma década.
Mães de Acari
O movimento começou na década de 1990, com as 'Mães de Acari'. Na época, 11 jovens de Acari foram sequestrados e seguem desaparecidos até hoje, sem que os familiares tivessem maiores informações sobre o caso.
Em dezembro do ano passado, a Corte Internamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) — um tribunal regional de proteção dos direitos humanos, criado pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos — condenou o estado brasileiro pela omissão em investigar com seriedade o desaparecimento das 11 vítimas.
Agora, o desejo das famílias é pressionar o Ministério Público para investigar e condenar os responsáveis pelos assassinatos e mortes de inocentes.
Atualização dos casos
Em reunião na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro, nesta terça-feira, o secretário de Polícia Milital, coronel Marcelo de Menezes, entregou ao procurador Antonio José Campos Moreira um relatório sobre a atuação de 12 PMs investigados pela operação no Morro Santo Amaro, no último sábado.
No caso do Thiago Flausino, o MP denunciou cinco policiais pelo crime de homicídio qualificado e o processo está em andamento no Tribunal de Justiça. Já em relação a Kathlen Romeu, cinco policias foram denunciados por fraude processual e falso testemunho e o processo foi encaminhado para o tribunal do juri, onde aguarda a definição da data para o julgamento.
Segundo equipe do RJTV 1ª edição, em relação ao caso de Acari, o Ministério Público afirma que tem atuado junto ao sistema interamericano de direitos humanos e as ações seguem alinhadas com as recomendações da corte.
Fonte.Jornal Extra
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