Ser mulher negra é ser forte o tempo todo... sério ?

Ser mulher negra é ser forte o tempo todo... sério ?

Ser mulher negra não nos faz automaticamente mais fortes do que as demais e o tempo todo. Esse pensar é um resquicio da senzala, do açoite, do estupro e da escravização.

Temos a voz forte, sim! Muitas vezes grave, alta e intimidamos por causa disso. Mas na verdade a nossa voz mexe com os preconceitos das pessoas que nos ouvem, principalmente se temos firmeza do que pensamos e do que somos. 

Não, a grande maioria absoluta das vezes não é de propósito que intimidamos com a nossa voz e postura, mas a maioria das vezes a nossa voz faz revelar o quanto o outro, sendo ela homem, mulher, lgbtt, negra, branca, japonesa (sim, eu disse também negra) carrega em seu senso comum esse racismo que foi construído, no decorrer da história e no seio das relações sociais e culturais. De que somos selvagens, de que somos barraqueiras, de que somos violentas, de que somos mal educadas e toda a sorte de rótulos negativos que imprimiram à ferro em nossos corpos e nas mentes das pessoas que reproduzem, ininterruptamente esses rótulos racistas! Sim, eu disse racistas !

Não, o que deveria intimidar é a sua própria reflexão, autocrítica, para frear esse racismo.

Não, não temos que ser fortes o tempo todo. Tem dia que cansa, pensar que as pessoas esperam de você uma fortaleza além, sobre-humana, só por conta de sermos uma mulher negra! Não, mulher negra também precisa de proteção, precisa de apoio, precisa de uma fala amiga, de um abraço, de um cuidado ao falar, de um elogio, de respeito, que na grande maioria das vezes, também nunca vem! Nunca ganhamos! Mas os julgamentos negativos: esses sempre vem! Precisamos que nos encarem também como uma mulher, um ser humano, passivel de equívocos, de limitações e de fragilidades, de cansaços ...  que somos!

Autora Joseane Pessanha

Contato.@joseleneNegra Black