terça-feira, 3 de julho de 2018

ALERJ: Dia do Orgulho LGBT - por Vagner Almeida e Jéssica Marinho


 

A fachada da ALERJ foi iluminada com as cores do arco-íris


Deputado Carlos Minc, que abriu as portas da ALERJ para essa celebração, presidiu a mesa.


Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens

Publicado em 29/06/18.









“PRAZER” E “DESCONFORTO” NA ALERJ NO DIA DO ORGULHO LGBT+

Ontem no dia 28/07/2018 foi realizado um ato politico no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, com uma solenidade de Celebração Pública, organizada pelo Deputado Estadual Carlos Minc e outros ativistas LGBT+ para debater os enfrentamentos da comunidade no “Dia Mundial do Orgulho e Cidadania LGBT+”.


Foi um “Prazer” ver amigos na ALERJ envolvidos na luta contra a homofobia, a discriminação e o estigma que nossa população LGBT+ encara todos os dias nos corredores das gestões públicas e na sociedade, com familiares ainda muitas vezes preconceituosos, grupos fundamentalistas religiosos, machismos e crimes de ódio. Fazer parte desse conjunto, estar presente, aumentar o número de pessoas que ainda pensam as pautas engessadas para a população LGBT+ é um ato cidadão e de resistência. Sempre me farei presente.


Organização impecável, artistas maravilhosos e ativistas reunidos por uma causa que ainda está muito fragilizada e esvaziada pela própria população. Um Plenário esvaziado, a não ser a presença das mesmas lideranças que ainda atuam neste espaço de resistência.


Porém senti “Desconforto” até a minha saída do recinto às 21:10, já com a presença da segunda e última mesa composta por ativista de base vindo de diferentes regiões do Estado. Senti desconforto porque até este momento não ouvi sequer a menção das palavras “HIV e AIDS”. Nenhum representante de uma ONG AIDS foi convidada a fazer parte do grupo seleto do plenário pelos organizadores. Uma total omissão entre as pontes LGBT+ e o Movimento HIVe AIDS, como se uma não se conectasse a outra em uma pauta urgente na luta pela diversidade e saúde. Falou-se de “Direitos”, mas não foi mencionado (até o momento da minha saída) a palavra HIV/AIDS, onde a população LGBTI+ majoritariamente é a mais atingida. Uma total omissão de todos presentes sobre a conexão do HIV/AIDS e a população LGBT+.


Vale a pena lembrar que, nos últimos tempos, a mídia está repleta de notícias sobre a volta de crescimento da infecção pelo HIV no Brasil, principalmente entre as populações de jovens gays e pessoas trans. Não há nenhuma dúvida sobre as causas deste retorno. Em primeiro lugar, é a omissão dos governos (de todos os níveis, federal, estadual e municipal) e dos governantes (cada vez mais conservadores e irresponsáveis), que abandonaram o trabalho de prevenção principalmente para estas populações marginalizadas e excluídas. Mas também temos que assumir a nossa própria responsabilidade com esta crise. Nós, do movimento LGBT+, também abandonaram o nosso compromisso com os nossos próprios jovens. Na medida que temos omitidos a pauta do HIV e AIDS, temos deixado de proteger a nossa própria comunidade.


Há uma urgência profunda nas pautas que a comunidade LGBT+ organiza de se re-conscientizar que o HIVe AIDS ainda precisa fazer parte da nossa pauta, e neste momento tão importante a epidemia é esquecida e ignorada em locais onde há vozes de resistência contra o sistema engessado e truculento em vivemos no presente. Vejo isto como um tremendo retrocesso na luta por “Direitos”. A saúde também é Direito, apesar das ações de governos cada vez mais reacionários que ameaçam destruir o SUS e jogar fora uma resposta frente à AIDS que um dia, no passado, foi considerada bem sucedida – mas que não é mais, principalmente para as populações gays e trans.


Quantos amigxs LGBT+ já não estão mais conosco? Quantxs morreram pela omissão do Estado e agora pela omissão da própria comunidade LGBT+? Quando começaremos recolocar na pauta LGBT+ as palavras HIV e AIDS? Até quando vamos ignorar o HIV e AIDS em manuais, folhetos, outdoors LGBT+? 


Ficam aqui registrado o meu Prazer e Desconfortos sobre o ato público da ALERJ ao “Dia Mundial do Orgulho e Cidadania LGBT+”

Texto: Vagner de Almeida





Segue abaixo um outro manifesto sobre esse dia.

DIA DO ORGULHO LGBTI+! UMA RÁPIDA REFLEXÃO



No dia 28 de junho 1969, em Nova Iorque, pessoas da comunidade LGBTI exaustas dos diversos ataques, constrangimentos, assédios e agressões físicas provocadas por policiais em locais que costumavam frequentar decidiram reagir e bater de frente com o sistema opressor. Este momento ficou conhecido a “Revolta de Stonewall”, que está completando 49 anos em 2018.


Assim, muitos ativistas do movimento LGBTI passaram a considerar o dia como um marco para a comunidade que unida levantou a bandeira contra todo o descaso e assédio que sofriam e, assim, passaram a considerar o dia 28 de junho como o Dia do Orgulho LGBTI+.


A data é celebrada, mundo a fora, com um intenso calendário de atividades para marcar e reviver esse momento histórico em um momento onde os fatos só demonstram o quanto ainda precisamos avançar no combate as violações de direitos da população, o que torna a necessidade do dia ter um tom ainda mais forte com relação as denúncias.

Orgulho de que? Fica a pergunta para a comunidade LGBTI+ contemporânea e simpatizantes.



Orgulho dos Retrocessos Contemporâneos? Os conservadores em crescimento vertiginoso, afogando todas as agendas políticas públicas que possam avançar em prol da comunidade. Todos os dias um murro em ponta de faca para se conseguir avançar contra essa maré de conservadorismos religioso, homofóbico, machista e milhares de indivíduos com aversão a diversidade sexual.


Orgulho de jovens LGBTI+ sendo expulsos de casa por seus familiares biológicos? Bom ressaltar que há vários tipos de famílias e não é só a biológica que compões esse grupo estruturado na normatividade cotidiana. As famílias escolhidas, pretendidas são os suportes contemporâneos para essa população deletada de seus núcleos familiares sanguíneos.

Orgulho de tantos crimes de ódios contra essa comunidade? LGBTI+ são mortes por causa da omissão das políticas públicas Federal, Estaduais e Municipal. Opressores e assassinos saem pela mesma porta que entra quando chegam a julgamento e como no Brasil das omissões a “Vítima sempre é a culpada”.



O Brasil continua liderando o maior número de assassinados LGBT+ do mundo deixando para traz outros países com as mesmas práticas desprezíveis. Foram registrados no Brasil 153 LGBTI até maio de 2018. Este são os número em Boletins de Ocorrências registrados, pois sabemos que os número de óbitos são bem maiores.


Orgulho de jovens que não conseguem suportar a pressão escolar? A escola para essa comunidade é um Inferno de Dantes. É sapatear em cacos de vidros cortantes. Os enfrentamentos diários levam esses meninos e meninas abandonarem as redes escolares por não suportarem tanta pressão vindas de todas as estâncias hierárquicas e dos próprios alunos. O ambiente da escola que deveria ser acolhedor e o prolongamento da casa desse cidadão e cidadã passa a ser um cárcere sem grades onde o bulling, agressões físicas e verbais, racismo são os ingredientes concretos que as pessoas precisam enfrentar diariamente. Resultado, o abandono em massa do ambiente escolar. Os familiares oprimem, a escola rejeita, a rua espanca e o individuo se anula.


Onde essa pessoa se encontra no sistema? Em lugar nenhum.


Orgulho de ver toda uma geração se suicidado ou sem direção no seu cotidiano? Jovens nas drogas, nas ruas, na prostituição, desempregados, fora da escola, aliciados pelo trafico de drogas, vampiros sociais. Com esses ingredientes o que lhes sobram são as migalhas que o sistema deixa para eles, assim criando um abismo abissal entre a vida e a morte. No Brasil, em média, 32 pessoas por dia tiram a própria vida, fazendo com que o suicídio continue sendo a segunda maior causa de morte em jovens dos 15 aos 29 anos de idade e a principal entre mulheres dos 15 aos 19. Jovens LGBTI estão cinco vezes mais propensos a cometerem suicídio.


Orgulho de vermos a comunidade LGBTI se infectando todos os dias e hora pelo vírus do HIV e AIDS? São milhares de jovens LGBTI+ se infectando todos os dias e ainda estamos bloqueados por nossos governantes e moralistas de plantões de falarmos em Saúde, Sexualidade e HIV/AIDS dentro do espaço escolar. O dado mais alarmante, entretanto, é que das 4.500 novas infecções pelo vírus HIV em adultos, 35% ocorrem entre jovens de 15 a 24 anos.


Orgulhar-se de que no dia 28 de junho de 2018? A luta continua com agendas engessadas e truncadas, impedidas de avançarem por causa de nossos gestores e governantes.


O momento conservador de nossos representantes executivos e legislativos demonstra o quanto indiretamente o machismo e as padronizações de gêneros ainda se fazem presente nas bancadas políticas. É necessário que a criação e consolidação de políticas públicas comprometidas não apenas com a causa, mas, principalmente, com as vidas de LGBT’s comecem a ser discutidas imediatamente sem quaisquer interesses políticos ocultos, já que em anos eleitorais é comum servimos de alvos para aqueles que figuram sobre nosso arco-íris como chamariz para votos, contudo, cabe a nós cobrarmos nossos direitos assim como fizeram por nós a 49 anos atrás.


O Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens acredita que antes de tudo o dia do Orgulho LGBTI deva ser um momento onde possamos reafirmar o nosso afeto, nossa diferença, nossa importância, nossa vida, nossa existência. Desejando sempre que nossas cores sejam prismas para atingir corações ainda obscuros de preconceito, intolerância e ódio.


Texto: Vagner de Almeida e Jéssica Marinho
Fonte. http://www.foradoarmario.net/2018/06/alerj-dia-do-orgulho-lgbt-por-vagner.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...