domingo, 28 de fevereiro de 2010

Por uma policia cidadã

( em close, Elyanna e Priscila, da secretaria de travestis do grupo 28 de junho). Por uma policia cidadã • Eugenio Ibiapino O Estado do Rio de Janeiro terá uma delegacia especializada em atendimentos a homossexuais. Ela será criada com o objetivo de investigar os crimes envolvendo a comunidade lgbt (Lésbicas gays, bissexuais e travestis). A louvável indicação é do Deputado Jorge Babu que procurado por grupos LGBTS organizados decidiu encampar mais esta luta em favor deste setor social. Embora alguns grupos achem que se trata de um projeto desnecessário, outros entendem que se trata de uma iniciativa até preconceituosa por entender que esta iniciativa reforça a questão dos guetos, dentre outras posições. Venho publicamente apoiar a divulgar este projeto por entender que não basta somente denunciar estes crimes. É preciso que o Estado tenha uma equipe de profissionais da área de segurança, não somente para punir os autores dos crimes homofóbicos, como também ter políticas públicas que possam evitar prevenir a existência de tais arbitrariedades. Sempre é bom lembrar que a homossexualidade não é crime no Brasil desde 1821 quando foi extinto o terrível tribunal da inquisição e desde 1823 quando foi elaborada a primeira constituição federal do Brasil., infelizmente ainda persiste no imaginário popular uma visão preconceituosa de estereotipada sobre as pessoas que tem uma orientação sexual homossexual, é cotidianamente tratada como se fossem cidadãos de segunda classe, excluídas do mercado de trabalho, humilhadas nas delegacias, e até mortas em virtude da sua orientação sexual. Ninguém nasce com o preconceito. Eles vão se formando durante a vida, seja por omissão ou por afirmação da sociedade em que se vive. Assim sendo, a luta contra a intolerância é uma batalha muito importante para a humanidade. Precisamos cada vez mais de aliados para sensibilizá-la as pessoas a respeito da importância da diversidade. Este é um dos maiores desafios da contemporaneidade. Atualmente 75% dos conflitos armados ao redor do nosso planeta são construídos em cima de fundamentalismos culturais, raciais, étnicos. A violência contra os homossexuais tem sérias e profundas raízes culturais. Basta lembrar que nos últimos 2º anos mais de dois mil e quinhentos homossexuais foram executados, vitimas da intolerância á homossexualidade, onde o ódio fica patente através dos crimes com muito requinte de crueldade. No Brasil á cada dois dias uma pessoa lgbt( Lésbica, gay, bissexual e travesti) é assssinada por causa do preconceito. Tais crimes são classificados como “crimes de ódio” Outro aspecto muito importante é que devido à repressão anti gay da policia e da sociedade, muitos destes crimes de violação aos direitos humanos da comunidade homossexual não tem a devida atenção das autoridades policiais, e assim a vitima quando chega às delegacias são tratadas como réus. O homicídio de ódio coloca o país na triste posição de campeão mundial de assassinatos de gays, lésbicas bissexuais e travestis, equiparando o Brasil ao Irã, Sudão, Zimbábue e Iraque, vergonhosos destaques mundiais da homofobia, embora muitos destes países onde existisse pena de morte contra os homossexuais registrem menos execuções do que entre nós. Portanto se é difícil combater a criminalidade em geral, esse tipo de crime é mais complicado ainda porque o preconceito ainda continua enraizado em nossa sociedade. Já entramos em um ano novo, um novo século de muitos desafios pela frente. Já está no tempo do Estado e da Sociedade construir novos equipamentos de combate ao crime, já que este é o resultado do comportamento da sociedade e assim deve ser administrado não somente pelo Estado através da policia, mas nós enquanto sociedade tem nossa parcela não somente para punir os autores, como também educar crianças e jovens para a importância e o respeito às pessoas independente de qualquer coisa. A existência dos centros de referencia é de grande importância para nossa busca incessante por uma cidadania plena, um local aonde as vitima e seus familiares encontrarão apoio jurídico, psicológico e social, até o monitoramento das suas queixas de violação. Porém, precisamos de uma delegacia especializada para investigar os crimes homofóbicos porque estes acontecem com uma característica bem especifica com um modus operandis diferente dos crimes comuns. A delegacia especializada saberá investigar e punir os autores destes crimes. Quem não concorda com a criação desta delegacia, geralmente é uma pessoa de classe média/alta que nunca sentiu o problema de vulnerabilidade social por qual passa a maioria da população LGBT (lésbicas gays, bissexuais e travestis). A posição do movimento social organizado é imprescindível contra a ação transgressora da homofobia. O Rio de Janeiro não é uma ilha isolada do mundo. A comunidade homossexual já soma mais de 10% da população mundial e no Brasil são mais de 18 milhões. Não dá para ignorar o desrespeito a estas pessoas. Os opositores da iniciativa estão apenas fazendo uma tempestade em um copo ´dagua. A comunidade LGBT carioca não quer privilégio, apenas mais uma opção de poder registrar suas ocorrências policiais, isso não é pedir demais, isso não é nenhum, privilegio, apenas um importante avanço político na busca de uma cidadania plena, em fim esta delegacia será tão importante como é hoje a delegacia do idoso, da mulher do turista, etc. A iniciativa do deputado Jorge Babu em propor esta delegacia é uma ousadia louvável, haja vista que muitos parlamentares se dizem aliados (as) da luta contra a homofobia, mas não procuram os grupos para elaboração de projetos com esta magnitude, e mesmo se dizendo aliados, não tem a dignidade sequer de nomear como um dos seus assessores uma pessoa que venha do movimento LGBT. A criação de uma delegacia especializada em atender os homossexuais é um significado avanço na construção da criação de uma policia verdadeiramente cidadã. • Fundador do movimento homossexual da baixada fluminense e atualmente vice presidente do grupo 28 de junho

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