quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Corregedoria apura ameaças de PMs contra Padre Júlio Lancelotti

Padre Júlio Lancelotti é conhecido por atuar em defesa da população em situação de rua. Foto: Reprodução/Facebook
PADRE JÚLIO LANCELOTTI É CONHECIDO POR ATUAR EM DEFESA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

PMs teriam dito que ‘a hora dele vai chegar’; padre é reconhecido por defender os direitos humanos

A Corregedoria da Polícia Militar recebeu uma denúncia sobre ameaças contra o coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, Padre Julio Lancelotti. Policiais teriam dito a três jovens em situação de rua que “A hora do Padre Júlio Lancelotti vai chegar”, em 27 de janeiro, na Praça Barão de Tietê, no Belenzinho, Zona Leste de São Paulo. As informações são do site G1.
Segundo o site, o padre afirmou que a ameaça foi feita durante uma ação da polícia para buscar suspeitos de roubo ou furto de celular de uma mulher. Os PMs teriam dito que três dos jovens em situação de rua teriam pego o telefone. Um deles foi levado à delegacia, mas não teria sido reconhecido. Ao serem liberados, os policiais teriam mandado “um recado”.
Os PMs teriam agredido os jovens e dito que eles eram “aqueles que o padre protege, aqueles vagabundos, estão sempre na igreja”. Em seguida, teriam pedido aos jovens que avisassem ao padre que “a hora dele vai chegar”. O padre é conhecido por seu trabalho em favor dos direitos humanos.
Em nota, a Defensoria Pública da União (DPU) expressou “grande preocupação” com a integridade pessoal e a liberdade de manifestação do padre Júlio Lancelotti. A DPU destacou a importância da atuação do padre na defesa dos direitos da população em situação de rua e afirmou que o órgão também luta pela causa.
“A Defensoria Pública da União espera que as ameaças sejam investigadas e debeladas, e que o padre Júlio Lancellotti, beneficiário de medida de proteção determinada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, possa prosseguir o trabalho que realiza há anos sem novas intercorrências”, diz a nota.
Nas redes sociais, figuras públicas demonstraram apoio ao padre. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) manifestou solidariedade em sua conta no Twitter. Já o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que encaminhou carta para as devidas autoridades competentes.
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) publicou um texto em que diz que o trabalho do padre em defesa da “numerosa” população em situação de rua “é importantíssimo”. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos também fez uma publicação em apoio a Lancelotti. Também protestaram nas redes a cartunista Laerte, o youtuber Felipe Neto e a influenciadora Andreza Delgado.

Fonte. CartaCapital.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

PM é acusado de esmurrar e fazer insultos racistas a jovem de black power: ‘desgraça de cabelo’





Foto: Reprodução

Uma suposta abordagem policial em Salvador terminou com murros e chutes dados nas costas de um jovem negro, além de insultos racistas por parte de um PM.
A ação foi gravada de dentro de um imóvel, sem que os policiais envolvidos na abordagem percebessem, e divulgadas nas redes sociais na tarde desta segunda-feira. Nas imagens, um policial de pele clara esmurra um jovem negro que estava sendo revistado ao lado de outro homem.
Na abordagem truculenta, o PM retira a boina do jovem que usa cabelo no estilo black power e a joga no chão. Ao ouvir o rapaz dizer que é trabalhador, o PM retruca: “Você pra mim é um ladrão. Você é vagabundo! Essa desgraça desse cabelo. Tire aí [o chapéu], vá! Essa desgraça aqui. Você é o quê? Você é trabalhador é, viado?”
Assista.
Durante os ataques, o PM é chamado por um colega para deixar o local.
A data e local do vídeo ainda não foram confirmados, mas um dos primeiros a divulgar foi o ativista social Raull Santiago, criador e integrante do Coletivo Papo Reto, grupo com sede no Rio de Janeiro que atua na denúncia de violações de direitos humanos especialmente nas comunidades carentes do país.
Na postagem, Santiago condena a violência policial e o teor racista das declarações.
“VIOLÊNCIA POLICIAL | “VOCÊ PRA MIM É LADRÃO, VOCÊ É VAGABUNDO… COM ESSA DESGRAÇA DESSE CABELO AQUI” disse o policial e em seguida PUXA O CABELO DO RAPAZ, QUE ESTÁ EM POSIÇÃO DE REVISTA E COMEÇA A ESPANCA-LO, repito, estando ele rendido e com a mão na cabeça. | Recebi esse vídeo a pouco, não sei de onde é essa polícia, mas na sequência da postagem, printei partes do vídeo onde podemos tentar identificar o criminoso de farda e como último vídeo, postei um recorte com repetições no momento do puxão de cabelo e das agressões diversas. | Vamos identificar o “brabão” de farda! Espalhem esse absurdo! Que revoltante. ???? RACISTAS: “você pra mim é ladrão, com essa desgraça de cabelo” disse o policial antes de puxar o cabelo do rapaz é espanca-lo. RACISTAS!”
Nos comentários da postagem, os seguidores dizem se tratar de uma gravação feita em Salvador. A reportagem enviou um pedido de informações sobre o caso ao departamento de comunicação social da PM, mas ainda não obteve resposta.

ELE NUNCA TEVE NADA COM ELA', DIZ MÃE; GUGU POSOU COM ROSE COMO CASAL COM DIREITO A BEIJO


Maria do Céu no "Fantástico"; Gugu e Rose Miriam na "Caras", em 1994
Maria do Céu no "Fantástico"; Gugu e Rose Miriam na "Caras", em 1994 Foto: fotos reprodução
 
Em entrevista ao "Fantástico", exibida no domingo, Maria do Céu, mãe de Gugu Liberato, foi taxativa em afirmar que o apresentador nunca teve um relacionamento com a médica Rose Miriam, mãe de seus três filhos. Eles nunca tiveram nada um com o outro, e eu juro isso porque eu sei", disse ela.
Também ouvido pelo programa, Nelson Willians, advogado de Rose, dá outra versão: "Em todo momento, a Rose era a mulher, a esposa, a companheira. Somente após a abertura do testamento que nós começamos a ouvir essa história de 'amiga'. Isso é de uma desumanidade total".
Gugu Liberato e Rose Miriam posaram como casal em 1994
Gugu Liberato e Rose Miriam posaram como casal em 1994 Foto: fotos reprodução/ revista caras
A questão é que, no passado, Gugu já fez questão de posar com Rose Miriam como casal. Em 1994, eles posaram para uma reportagem para a revista "Caras" como tal. Nas fotos, os dois aparecem juntos na cama e até dando um beijo na boca. O romance exposto na publicação teria começado nos bastidores do programa do apresentador no SBT. Rose trabalhava como assistente de palco na emissora.
"Se tiver que casar com ela, eu casarei. Eu gostaria muito de ter filhos", disse o apresentador à publicação.
Gugu com Marriete e Rose nos anos 80
Gugu com Marriete e Rose nos anos 80 Foto: reprodução
Quando vazou a notícia de que Gugu Liberato seria pai pela primeira vez, no dia 22 de junho de 2001 (sete anos depois das fotos como casal na revista), a informação de que teriam recorrido à técnica de inseminação artificial foi rebatida pela equipe do apresentador.
Segundo nota divulgada na época, Rose Miriam teria visitado uma clínica de fertilização em São Paulo para fazer apenas um tratamento de reposição hormonal. À última edição da revista "Veja", Rose disse: "Éramos um casal, e chegou uma hora em que decidimos ter filhos. Como eu tinha ovário policístico, procuramos o doutor Roger”.
Fonte. Jornal Extra


'BBB 20': Polícia Civil entrega intimação para Petrix e brother terá de deixar a casa


'BBB 20': Polícia Civil entrega intimação para Petrix e brother terá de deixar a casa

Petrix foi intimado pela DEAM e deve prestar depoimento até sexta-feira (07). Foto: Reprodução/TV Globo
Acusado de assédio no BBB20, Petrix Barbosa terá de deixar o confinamento caso não seja eliminado do reality show. 
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, entregou nesta segunda-feira (3) ao departamento jurídico da TV Globo, uma intimação para ouvir o brother. As informações são do site 'Hugo Gloss’.
De acordo com a intimação, o ginasta precisa sair da casa até sexta-feira (7), data em que irá prestar depoimento no caso de assédio das participantes. 
Contudo, se Petrix for retirado pelo público no paredão que acontece na próxima terça-feira (04), ele poderá prestar depoimento após sua saída do programa. Até o momento a TV Globo não se posicionou sobre a intimação.

Petição do público

O público do reality show colocou a hashtag #Petrixexpulso entre os assuntos mais comentados do Twitter depois que o ginasta abraçou Bianca Andrade, a Boca Rosa, próximo aos seios e chacoalhou a influenciadora. Além disso, os internautas alegam que, no momento do episódio, a sister estava bêbada e fragilizada após ter se desentendido com Rafa Kalimann durante a confraternização.
Após o primeiro episódio, Petrix também foi acusado de assediar Flayslane ao “sentar” na sister enquanto ela estava bêbada e de passar o pênis em Gabi na cozinha, enquanto a mesma estava de costas.
Tudo piorou no último sábado (01), o ginasta foi acusado de empurrar Pyong para atender ao big fone - agressão física é proibida dentro da casa.
Fonte. Yahoo.com

Bial é um menino querendo dizer para o patrão dele que ele fez tudo direitinho

"Jornalista de TV aberta no Brasil vive sob a lei da mordaça. Se for a Globo, então, piorou. Não pode se manifestar em redes sociais, senão é demitido. Isso está registrado em um comunicado interno da gloriosa emissora que se tornou público há pouco mais de um ano", diz o colunista Gustavo Conde, sobre o ataque do apresentador Pedro Bial à cineasta Petra Costa.

Pedro Bial e Petra Costa
Jornalista de TV aberta no Brasil vive sob a lei da mordaça. Se for a Globo, então, piorou. Não pode se manifestar em redes sociais, senão é demitido. Isso está registrado em um comunicado interno da gloriosa emissora que se tornou público há pouco mais de um ano.
Seria um caso de o Ministério Público processar a emissora, óbvio, sob o argumento meridiano de violação da liberdade de expressão.
Nos EUA, apresentadores de televisão têm vida própria e podem se manifestar no Twitter como qualquer profissional não subserviente.
Enfim, estar empregado em uma TV aberta como a Rede Globo é mais ou menos como vender a alma ao diabo (que o Edir Macedo não me escute): ostenta-se uma vida artificial, sob o vazio intelectual comum a todas as sub celebridades de televisão.
Penso, evidentemente, em Pedro Bial.
Alguém que não tem o menor cacoete para encarar o debate público das redes sociais, acaba involuntariamente exposto na vertigem dos tuítes, amargando toda a identidade real que lhe atravessa a alma.
Machismo, misoginia, intolerância, vulgaridade e a boa e velha 'falsa espontaneidade' depois de anos a fio sendo usado como vetor de propagação do 'ódio de classe', o mais eloquente parâmetro técnico do jornalismo da Globo.
Saudades do Jô Soares que, com todos os seus defeitos, era - e é - uma potência intelectual plena de humor e de capacidade de rir de si mesmo.
A frase de Pedro Bial sobre Petra Costa é para não ser esquecida: "é uma menina querendo dizer para a mamãe dela que ela fez tudo direitinho."
É a típica frase de gente desqualificada, despeitada e de quinta categoria, tudo junto.
O problema é que Bial não tem a menor condição de participar do debate que se avoluma em torno de sua frase infeliz. Ele está atrofiado, interrompido, bloqueado, inclusive, contratualmente.
Ele terá de se calar, mas provavelmente pedirá desculpas para não ver sua imagem pública ao lado da imagem da colega Regina Duarte.
Rede social (a opinião pública digital) não é para os fracos. Quem rebaixa as redes dizendo que ali "tudo é um lixo" (e ainda faz isso pelas redes), É, efetivamente, um lixo.
O jogo pesado da opinião pública digital, encara quem tem estômago, coração e cérebro.
Não é para apresentador domesticado das claques luxuosas e compradas das tevês abertas, um fosso profundo distante da opinião pública real.
Pedro Bial não vai entender nada, coitado. Vai fazer cara de 'ué' e se queixar do "ódio digital".
É melhor deixá-lo esquecido naquele túmulo da comunicação que é a Rede Globo.
Eu até me desculpo por comentar esse tema - que é importante em função de Petra, não de Bial.
O apresentador já teve os seus 15 minutos de fama na internet. Basta. Volte para a sua bolha platinada, Bial. Você não tem lastro pra encarar um Twitter.
Fonte. Brasil.247.com


IMPRENSA ESTÁ SENDO AMORDAÇADA NO BRASIL, DIZ EDWARD SNOWDEN

Medo. Edward Snowden dá entrevista sobre espionagem feita pelos EUA: ex-técnico da NSA pediu abrigo político à Rússia em 2013, onde vive até hoje Foto: Ewen MacAskil 06/06/2013 / Reuters/The Guardian/Handout

Medo. Edward Snowden dá entrevista sobre espionagem feita pelos EUA: ex-técnico da NSA pediu abrigo político à Rússia em 2013, onde vive até hoje Foto: Ewen MacAskil 06/06/2013 / Reuters/The Guardian/Handout
Ex-analista da NSA defendeu Glenn Greenwald em entrevista a jornal francês Le Monde.

O jornal francês Le Monde que chegou às bancas na sexta-feira (31) trouxe um artigo de meia página assinado por Edward Snowden. O ex-analista da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) diz que a liberdade de imprensa está em risco no Brasil e defende o jornalista Glenn Greenwald, acusado de auxiliar e orientar hackers a invadir telefones de autoridades brasileiras. 
Snowden começa o artigo afirmando que as acusações contra fundador do site The Intercept Brasil são “absurdas”. Ele tece elogios ao jornalista, lembrando que Greenwald foi recompensado com um Pulitzer, o equivalente ao prêmio Nobel de jornalismo, e que algumas de suas revelações respingaram em personalidades de peso da política e da justiça brasileira, como o juiz Sergio Moro.
Para Snowden, a alegação usada pela justiça brasileira, que usa o termo “conspiração” para descrever os jornalistas que fornecem e publicam os documentos vazados, “é o mesmo argumento usado pela administração de Donald Trump nos Estados Unidos para acusar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange”.
O ex-analista da NSA, que está refugiado na Rússia após ter vazado informações sobre o programa de vigilância em massa do governo dos Estados Unidos, alerta para um impacto global do caso Greenwald. Segundo ele, as acusações visando o jornalista “ameaçam a liberdade de imprensa no mundo inteiro”.
Tanto Greenwald quanto Assange irritaram muita gente, relata Snowden. Principalmente por terem publicado informações que “grandes grupos tinham dissimulado por razões políticas”. “É provável que as autoridades desses dois países [Estados Unidos e Brasil] tenham imaginado que as divergências na opinião pública desviariam a atenção da população para o perigo maior que esses processos representam para a liberdade de imprensa”, martela nas páginas do Le Monde.

DISSUADIR OS JORNALISTAS MAIS CORAJOSOS

Para Snowden, ambos os processos têm como objetivo “tentar dissuadir os jornalistas mais corajosos de fazerem investigações agressivas”.  Por essa razão, insiste o ex-analista da NSA, logo após o anúncio das acusações contra Greenwald e Assange, dezenas de associações de defesa das liberdades civis e dos jornalistas se manifestaram”.
“Em todas as épocas, o jornalismo mais essencial é justamente o que os governos tentam silenciar. As acusações atuais mostram que, se tiverem a possibilidade, os governos brasileiro e americano estão prontos para amordaçar a imprensa.”


OS DESMATADORES Bilionários, políticos, paulistas, estrangeiros, reincidentes contumazes: aqui estão os 25 maiores destruidores da Amazônia

“O PIOR INIMIGO DO MEIO AMBIENTE É A POBREZA”, sentenciou o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante uma apresentação no Fórum Econômico Mundial em janeiro. “As pessoas destroem o ambiente porque precisam comer”, ele disse, em Davos, na Suíça. É mentira – e a gente pode provar com números. Durante meses, nos debruçamos sobre 284.235 multas por desmatamento nos últimos 25 anos. E descobrimos que os maiores destruidores do meio ambiente – principalmente da Amazônia – não são os pobres. São algumas das pessoas mais ricas e poderosas do Brasil.
Dados públicos do Ibama, o órgão do governo federal responsável pela preservação do meio ambiente, compilados e analisados pelo De Olho nos Ruralistas, mostram que os 25 maiores desmatadores da história recente do país são grandes empresas, estrangeiros, políticos, uma empresa ligada a um banqueiro, frequentadores de colunas sociais no Sudeste e três exploradores de trabalho escravo.
Os 25 maiores desmatadores somaram mais de R$ 50 milhões em multas entre 1995 e 2019. No total, suas centenas de autuações chegam a R$ 3,58 bilhões, praticamente o orçamento do Ministério do Meio Ambiente inteiro para 2020. Corrigido, o valor chegaria a R$ 6,3 bilhões. Sozinhos, os campeões da destruição são responsáveis por quase 10% do total de multas aplicadas por devastação de flora desde 1995 – R$ 34,8 bilhões.
A imensa maioria deles jamais pagou suas multas e acumula outras dívidas com o poder público. Os valores, que são proporcionais à área desmatada, mostram que quem destrói a floresta não são as pessoas pobres, como defende Paulo Guedes, e que o desmatamento não é ‘cultural’, como diz Bolsonaro. A destruição é movida a dinheiro – muito dinheiro – e uma boa dose de impunidade.

DEVO, NÃO PAGO, VOLTO A DESMATAR

Olevantamento, feito a partir das autuações por crimes contra a flora – há outros tipos de multas no Ibama –, abrange dois grandes grupos: as pessoas físicas e jurídicas que participaram de desmatamentos e aquelas que se beneficiaram diretamente de produto vindo de área desmatada, como na compra de madeira sem certificação de origem. A enorme base de dados foi analisada a partir dos infratores que tiveram multas acima de R$ 1 milhão. Somando os valores, chegamos aos maiores multados dos últimos 25 anos.
O valor base da multa na região da Amazônia Legal é de R$ 5 mil por hectare. As multas podem ser maiores quando há no lugar espécies raras ou ameaçadas de extinção ou no caso de áreas de reserva ou proteção permanente. Boa parte das multas recebidas pelos recordistas se encaixa nesses agravantes.
Na lista, chama a atenção a repetição de nomes. Dos 25 campeões de infrações por desmatamento do país, só um – Agropecuária Vitória Régia – recebeu uma única multa. Os outros 24 foram reincidentes. Uma das empresas que aparecem no ranking, a Cosipar, levou multas em nada menos do que 16 anos diferentes. O valor chega a R$ 156,9 milhões – destes, R$ 155 milhões ainda não foram pagos.

GRILEIROS, BILIONÁRIOS E CONDENADOS

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Ilustração: Amanda Miranda/The Intercept Brasil
No ranking, o campeão das multas é o Incra, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, órgão federal responsável pelo assentamento de camponeses. Mas isso não significa que os assentados tenham sido os responsáveis pelo desmatamento: muitos locais onde foram aplicadas as multas já não são, de fato, assentamentos. Eles são focos de grilagem de terras como São Félix do Xingu, no sul do Pará: das 15 multas milionárias recebidas pelo Incra em 2012, 12 foram aplicadas no município, capital da pecuária em terras do governo federal. Como a terra não tem um dono oficial, a culpa recai sobre o órgão federal que detém sua posse.
Em segundo lugar no ranking está a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, empresa dos fundos de investimentos geridos pelo banco Opportunity, de Daniel Dantas. A empresa, comandada pelo ex-cunhado de Dantas, Carlos Rodenburg, acumula multas de mais de R$ 325 milhões.
Em 2009, a AgroSB, como é conhecida, declarava ser dona de mais de 500 mil hectares de terra, onde eram criadas mais de 500 mil cabeças de gado. À justiça, a empresa disse que não cometia desmatamento, mas que adquiriu áreas já degradadas. O argumento foi rejeitado, e a empresa voltou a ser autuada, em valores milionários, em 2010, 2011 e 2017. Não foi o único problema: em 2012, pessoas em condições análogas à escravidão foram resgatadas na fazenda.
Atualmente, a agropecuária tem dez áreas embargadas pelo Ibama para recuperação da vegetação, em Santana do Araguaia, no Pará, e São Félix do Xingu. A maior delas tem mais de 2,3 mil hectares, um território do tamanho de metade da Floresta da Tijuca, na Amazônia. Em nota ao Intercept, a AgroSB atribui diversas multas à uma “perseguição direcionada à companhia” entre 2008 e 2010. Segundo a empresa, essas multas, em sua maioria, “vêm sendo cancelados pela Justiça e pelo órgão ambiental em razão da falta de fundamentos fáticos ou jurídicos”. Segundo AgroSB, o valor das multas canceladas chega a R$ 20 milhões.
Daniel Dantas também tem mais um nome ligado a ele na lista: o fazendeiro Tarley Helvecio Alves, que ocupa a 18ª posição. Alves foi administrador da fazenda Caracol, de propriedade de Verônica Dantas, irmã e sócia de Daniel no banco Opportunity. Com três áreas embargadas em Cumaru do Norte, também no Pará, as multas dele chegam a R$ 70 milhões.
Antonio José Junqueira Vilela Filho, o terceiro da lista, é conhecido no Intercept. Em 2017, contamos como o pecuarista e sua família, frequentadores de colunas sociais em São Paulo, foram denunciados pelo Ministério Público Federal por grilagem de terras e exploração de trabalho escravo na região de Altamira, no Pará.

ENTRE MULTAS E VOTOS

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Ilustração: Amanda Miranda/The Intercept Brasil
Oranking mostra que as multas não são suficientes para frear os crimes ambientais. Preso em 2014 pela Operação Castanheira, realizada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, o fazendeiro Giovany Marcelino Pascoal foi condenado por desmatamento em 2018. Não adiantou: ele voltou a ser multado pelo Ibama em 2019. Pascoal, o segundo maior reincidente da lista, atua na região de Novo Progresso, onde foi organizado em agosto passado o Dia do Fogo, ação de desmatadores em defesa do governo Bolsonaro. Desde 2010, ele aparece oito vezes nas listas daqueles com multas anuais acima de R$ 1 milhão. Ao Intercept, Pascoal disse por telefone que está recorrendo e que algumas multas não são responsabilidade dele, mas não especificou quais.
Outro nome da lista é velho conhecido no rol dos reincidentes em desmatamento na Amazônia. O fazendeiro Laudelino Delio Fernandes Neto, dono da Agropecuária Vitória Régia (a nona no ranking), chegou a ser acusado de ter facilitado a fuga de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, apontado como mandante do assassinato da missionária católica Dorothy Stang em Anapu, no Pará, em 2005. Ele ainda foi denunciado pelo Ministério Público Federal por desvios de mais de R$ 7 milhões da Sudam, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.
Vice-prefeito de Anapu, eleito em 2008, e candidato a prefeito no município em 2012, Delio Fernandes declarou ao Tribunal Superior Eleitoral possuir R$ 10,2 milhões em bens, sendo R$ 9 milhões relativos a 9 mil hectares em Anapu e Senador José Porfírio. Seu irmão, Silvério Albano Fernandes, foi vice-prefeito de Altamira e teve seu nome especulado para assumir a chefia do Incra na região no governo Bolsonaro, para o qual fez campanha.
Delio Fernandes não é o único político da lista. Entre os 25 maiores desmatadores, há o ex-deputado federal Antonio Dourado Cavalcanti. Deputado entre as décadas de 1950 e 1970, ele era líder do grupo do qual fazia parte a Destilaria Gameleira, com sede em Mato Grosso. A usina condenada por manter mais de mil escravos – o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão dos últimos anos – também está no ranking. Com R$ 69 milhões em multas, ela ocupa a 19ª posição.
Na lista de políticos, o ranking também tem José de Castro Aguiar Filho, atual prefeito de Flora Rica, no oeste paulista, pelo MDB. Suas multas milionárias em São José do Xingu, no Mato Grosso, não o impediram de ganhar as eleições na pequena cidade com quase 80% dos votos válidos.

SIDERÚRGICAS DESTROEM MAIS DO QUE MADEIREIRAS

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Ilustração: Amanda Miranda/The Intercept Brasil
Entre os 25 maiores destruidores, 13 são empresas. Onze delas têm capital aberto, listadas na Bovespa. Se engana quem pensa que madeireiras e carvoarias são as vilãs: as empresas que mais desmatam são, em sua maioria, ligadas à siderurgia e à agropecuária.
Siderúrgicas são listadas porque se beneficiam diretamente da retirada de madeira para o uso do carvão. Para elas, apesar das multas – que geralmente não são pagas –, sai mais barato comprar madeira oriunda de áreas protegidas do que respeitar os devidos ritos legais de proteção ambiental. A Siderúrgica Norte Brasil S/A e a Sidepar ocupam, respectivamente, a terceira e a quarta posições no ranking, e, juntas, acumulam mais de R$ 500 milhões em multas.
O setor agropecuário é representado não apenas pela pecuária, mas também por causa da produção de soja em larga escala. Também é comum que o mesmo empresário tenha uma madeireira e uma empresa de grãos, ou crie gado e, ao mesmo tempo, tenha uma companhia de outro setor – de bancos a empreiteiras.
Duas das empresas listadas têm capital internacional. Uma é a Ibérica, uma sociedade entre empresários bascos. A outra é a Gethal Amazonas Madeiras Compensadas, controlada pelo milionário sueco Johan Eliasch e que tem uma empresa uruguaia entre seus sócios.
A Gethal é a única do setor de madeiras na lista dos 25 – contrariando o senso comum sobre o desmatamento na Amazônia. Assim como só há uma do setor de carvão, matéria-prima das siderúrgicas, a Líder. A constante alteração de nomes e CNPJs das empresas dos dois setores, com sócios em comum, diminui a reincidência em multas ao longo dos anos.

MAIORES DESTRUIDORES, MAIORES CALOTEIROS

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Ilustração: Amanda Miranda/The Intercept Brasil
Aatual legislação ambiental brasileira, que determina as multas, só foi consolidada no fim dos anos 1990. Na década anterior, só há dez autuações por crimes contra a flora nos registros do Ibama. E os valores eram irrisórios: em 1996, por exemplo, foram aplicadas 22 multas de R$ 0,01. O cenário começou a mudar em 1998, com a lei 9.605, de crimes ambientais, que estipulou regras e valores maiores em multas para destruidores da floresta.
Os números mostram que, ao longo das duas décadas de aplicação da lei, ela afetou principalmente grandes desmatadores. De um total de R$ 34 bilhões em multas por destruição de flora entre 1995 e 2000, R$ 25 bilhões (73,5%) foram aplicados a 4,6 mil pessoas físicas e jurídicas que, em pelo menos um ano do período analisado, tiveram infrações somadas acima de R$ 1 milhão.
As sanções, no entanto, não significam que a punição resolve o problema. O Intercept já mostrou que, do total de R$ 75 billhões em multas ambientais já aplicadas desde os anos 1980, só 3,3% foram efetivamente pagos (e o governo tem tomado medidas para receber ainda menos). O valor poderia sustentar o Ministério do Meio Ambiente inteiro por 21 anos.
Os pequenos infratores – que o governo insiste em culpar pela destruição do meio ambiente – são os que mais pagam multas. Já os maiores, responsáveis pela destruição das partes mais extensas da floresta, deixam os processos prescreverem e continuam desmatando.
O Intercept tentou entrar em contato com os 25 listados por meio do número de telefone listado na Receita Federal. Os dois números da Destilaria Gameleira não funcionam. A página cadastral da empresa de Jeovah Lago Silva, Minuano Sementes, não dispõe de meio de contato. Carlos Alberto Mafra Terra foi contatado por telefone e e-mail, sem sucesso. A Líder Ind e Com de Carvão Vegetal LTDA EPP foi contatada por meio de um e-mail no diretório da Receita Federal, mas a mensagem retornou. Paulo Diniz Cabral da Silva foi contatado por e-mail e WhatsApp, mas não houve resposta. Os telefones de José de Castro Aguiar Filho e Tarley Helvecio Alves, listados na Receita Federal, não funcionam.
Veja a lista completa dos 25 desmatadores mais multados entre 1995 e 2020:
1º – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – R$ 421 mi
2º – Agropecuária Santa Bárbara – R$ 323 mi
3º – Antonio Jose Junqueira Vilela Filho – R$ 280 mi
4º – Siderúrgica Norte Brasil S/A – R$ 272 mi
5º – Sidepar Siderúrgica do Pará S.A. – R$ 258 mi
6º – Gethal-Amazonas S.A. Indústria de Madeira Compensada – R$ 231 mi
7º – Gusa Nordeste S.A. – R$ 202 mi
8º – Agropecuária Vitória Régia S/A – R$ 170 mi
9º – Companhia Siderúrgica do Pará – COSIPAR – R$ 157 mi
10º – José Alves de Oliveira – R$ 105 mi
11º – José Carlos Ramos Rodrigues – R$ 101 mi
12º – Fernando Luiz Quagliato – R$ 100 mi
13º – Gilmar Texeira – R$ 99 mi
14º – Hamex Comércio de Produtos Alimentícios Ltda – R$ 94 mi
15º – USIMAR – Usina Siderúrgica de Marabá S/A – R$ 88 mi
16º – Siderurgica Iberica S/A – R$ 87 mi
17º – Giovany Marcelino Pascoal – R$ 86 mi
18º – Tarley Helvecio Alves – R$ 70 mi
19º – Destilaria Gameleira Sociedade Anônima – R$ 69 mi
20º – Carlos Alberto Mafra Terra – R$ 66 mi
21º – Jose de Castro Aguiar Filho – R$ 61,8 mi
22º – Lider Ind. e Com. de Carvão Vegetal Ltda EPP – R$ 61,5 mi
23º – Paulo Diniz Cabral da Silva – R$ 61,1 mi
24º – Siderúrgica Alterosa S/A – R$ 60 mi
25º – Jeovah Lago da Silva – R$ 58 mi
Correção – 31 de janeiro, 11h03
O tamanho de um hectare é 10 mil metros quadrados, e não 1 quilômetro quadrado. O texto foi corrigido.
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Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...