Em Portugal, Dilma se diz preocupada com crise européia
Em sua segunda visita oficial a Lisboa, presidente reafirma interesse em ampliação de relações bilaterais. Na pauta dos encontros, a possível participação brasileira na privatização de estatais portuguesas.
Ao final
de uma visita de dois dias a Lisboa, a presidente Dilma Rousseff disse nesta
segunda-feira (10/06) estar preocupada com a crise financeira na Europa, que
afeta a economia global. "Nós temos uma preocupação muito grande com a
situação social e com o desemprego", ressaltou, após um encontro com o
presidente português, Aníbal Cavaco Silva.
"Expressei
ao presidente o meu desejo de que estejam mais próximos os momentos que vão
levar a uma retomada do crescimento [...] e a uma melhoria da situação para
populações europeias", completou.
A
presidente ressaltou, ainda, que o Brasil tem interesse em ampliar as relações
comerciais e os investimentos, elevando o "patamar de relacionamento"
entre os dois países.
Já Cavaco
Silva pediu que os empresários brasileiros invistam mais em Portugal.
"Muitas empresas portuguesas investem no Brasil, e nós desejamos que mais
empresas brasileiras olhem para Portugal, para as potencialidades de
investimento, para as possibilidades de desenvolver relações comerciais mais
intensas", afirmou o chefe de Estado, no Palácio de Belém.
Acordos e
privatizações portuguesas
Logo
depois, a líder brasileira se encontrou com o primeiro-ministro português,
Pedro Passos Coelho. Na pauta da reunião, esteve o processo de privatização das
estatais portuguesas. Portugal está em recessão há quase três anos, e os
portugueses têm especial interesse por investimentos brasileiros no programa de
privatização das estatais. Há expectativa de que no segundo semestre seja
retomada a venda da companhia aérea TAP e que Lisboa anuncie a venda dos
correios, de uma companhia fornecedora de água e de um estaleiro.
Segundo
afirmou em Portugal o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) poderá financiar as empresas brasileiras que queiram
participar do programa português de privatização nos setores de aviação, saneamento,
correios e portos.
“Nós
vamos assistir as empresas interessadas e vamos participar, mas primeiro tem
que haver manifestação de interesse”, lembrou, ao falar com a imprensa no
domingo, na chegada à capital portuguesa da comitiva brasileira.
ilma com
Pedro Passos Coelho em Lisboa
Segundo o
presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira, os portugueses têm interesse
especial, por exemplo, na compra da companhia aérea TAP por uma empresa
sul-americana, por causa das rotas entre Portugal e o Atlântico Sul. Hoje,
Lisboa é a principal porta de entrada de brasileiros na Europa.
Reconhecimento
de diplomas
Entre os
acordos assinados durante a visita de Dilma Rousseff a Portugal está um que
prevê o reconhecimento recíproco dos cursos de arquitetura e engenharia,
permitindo que profissionais portugueses dessas áreas possam trabalhar no
Brasil e vice-versa. Portugal e Brasil também assinaram acordos de cooperação
nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia.
Em sua
segunda visita oficial a Portugal, que coincide com o Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas, a presidente brasileira participou,
ainda, na cerimônia de entrega do Prêmio Camões ao escritor moçambicano Mia
Couto, no Palácio de Queluz.
Depois da
cerimônia, Dilma Rousseff participou de um jantar oferecido pelo presidente
português, Cavaco Silva, antes de embarcar de volta ao Brasil.
Encontros
com a oposição
O
primeiro compromisso da presidente brasileira em Portugal foi no domingo, dia
em que ela chegou a Lisboa. Ela teve um encontro com o líder da oposição
portuguesa, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Antônio José Seguro.
A reunião tratou das relações entre Brasil e Portugal e de investimentos.
Dilma
Rousseff se encontrou, ainda, na manhã desta segunda-feira com o ex-presidente
de Portugal Mário Soares. O político, de 88 anos, criticou as políticas
econômicas de austeridade para se combater a crise e disse concordar com a
presidente brasileira neste assunto.
“Somos
camaradas, temos um pensamento muito próximo", disse. "Somos ambos de
esquerda e temos um pensamento muito claro do que se passa e concordamos
praticamente em tudo. Sou contra as políticas de austeridade como toda gente de
esquerda tem que ser.”
Segundo
Mário Soares, a crise na Europa tende a acabar “na medida em que a Alemanha
[principal economia do continente] percebe que também vai entrar em crise se
não acabar a austeridade”, disse, ao se referir à queda das exportações alemãs
para países do sul da Europa.
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