quarta-feira, 29 de junho de 2022

PASTORES DEFENDEM QUE EVANGÉLICOS NÃO VOTAM EM BLOCO E RESISTEM A IMPOSIÇÕES DE MACEDO E MALAFAIA. Religiosos que atuam nas bases questionam a capacidade dos líderes em entregar os votos que prometem nas negociações com presidenciáveis.

 Religiosos que atuam nas bases questionam a capacidade dos líderes em entregar os votos que prometem nas negociações com presidenciáveis.


LÍDERES E POLÍTICOS EVANGÉLICOS nunca foram tão cortejados por presidenciáveis quanto em 2022. Luiz Inácio Lula da Silva busca os votos deles de olho numa vitória já no primeiro turno. Jair Bolsonaro quer mantê-los consigo para fazer frente ao petista e, para isso, se dispôs a entregar a dois pastores próximos da família dele a tarefa de negociar e liberar verbas do Ministério da Educação, dando origem a um escândalo que derrubou o ministro e pastor evangélico Milton Ribeiro.

A adulação tem motivo. Até 2040, os evangélicos deverão ser maioria entre os brasileiros que seguem alguma religião. No longínquo 2010, eles eram 22,2% da população, segundo o Censo do IBGE. Mas a conversão caminha a passos largos, e isso leva políticos a visitar os gabinetes luxuosos dos chefes das congregações em busca de acordos que lhes garantam a boa vontade de bispos e pastores durante as pregações aos fiéis.

O problema é que o público não entrega votos com a mesma fidelidade com que paga o dízimo exigido nas igrejas pentecostais e neopentecostais como prova de convicção e fé, me dizem bispos e pastores de diferentes denominações e casos que recolhi ao longo dos últimos anos. Em outras palavras, lideranças como Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus, e Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, vendem algo que não sabem se conseguirão entregar.

A ideia de que o eleitor evangélico age em bloco não resiste a fenômenos recentes. “Os fiéis estão melhor informados sobre política e não aceitam mais qualquer imposição de voto vinda de pastores”, afirma o advogado Francisco Tenório, autor do livro “O Direito das Igrejas”, ex-seguidor da Universal e da Deus é Amor e hoje consultor e assessor de instituições evangélicas. “Se existem as fake news, também existe acesso a mais informações, facilitado pelo telefone celular. Então, é mais difícil manipular a opinião do fiel”.

No subúrbio carioca e em cidades da Grande Rio, há pastores evangélicos de igrejas como a Universal e a Assembleia de Deus que apoiam o PT e outros partidos de esquerda mas que não podem tornar pública a opção para não contrariar seus chefes e correrem o risco de perderem seus empregos. Por isso, é naturalmente difícil entrevistá-los. Mas o teólogo protestante Fábio Py, professor do programa de pós-graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense, diz ver “muitos desses casos”.

“Conheço pastores que dizem ser um contrassenso não votar no Lula, pois o PT é o partido que dá muito mais possibilidades à camada social que é o foco de nossa atividade religiosa. De forma silenciosa, esses pastores têm certa autonomia e vão tocando o seu trabalho à sua maneira”, corroborou.

O que move esses líderes não é simplesmente a simpatia pelo petismo, mas também uma boa dose de senso prático, segundo Py. É um raciocínio simples: quanto mais as políticas públicas permitirem o progresso econômico da população de baixa renda, mais dinheiro irá circular no interior das igrejas.

BELÉM, PA, 11.11.2019 - Fiéis assistem a culto dominical na Assembleia de Deus em Belém (PA), com a presença do pastor Samuel Câmara. (Foto: Thiago Gomes/Folhapress)

Fiéis durante culto dominical na Assembleia de Deus em Belém, Pará: crise econômica, desemprego e inflação pesam no bolso dos evangélicos nas periferias e dificultam a adesão a Bolsonaro.

 

Foto: Thiago Gomes/Folhapress

Trata-se de uma tendência que sequer é novidade. Bispo da Universal, cantor gospel e sobrinho do poderoso Edir Macedo, Marcelo Crivella, do Republicanos, não contou com todos os votos de fiéis de sua própria denominação na tentativa frustrada de se reeleger prefeito do Rio em 2020.

“Se todos os fiéis da Universal tivessem votado nele, Crivella teria tido uma votação muito maior”, garante um de seus apoiadores, o apóstolo Márcio Líbano, presidente da Associação de Ministros Evangélicos Interdenominacionais, a Amei. Ou seja, a péssima gestão de Crivella pesou mais que a fé professada por ele entre muitos evangélicos. A Universal tinha 1,8 milhão de fiéis, segundo números oficiais do Censo de 2010.

Na influente Assembleia de Deus do ramo Madureira, o líder máximo, bispo Manoel Ferreira, chegou a interromper uma celebração da Santa Ceia em sua sede no Rio para pedir votos a um músico que tocava saxofone nos cultos. A Assembleia de Deus congrega mais de 100 mil fiéis no Rio (se somadas todas as suas vertentes, eram mais de 12 milhões de seguidores em 2010), mas o saxofonista não chegou a três mil votos e ficou de fora da Câmara Municipal.

“Eu estava lá e vi. O bispo o colocou no púlpito. Isso foi em 2008, mas reflete o quadro atual. As igrejas evangélicas não têm mais esse poder de impor e eleger em bloco qualquer candidato”, me disse o advogado Tenório.

É um cenário que deve ser agravado pela crise econômica, o desemprego e a alta expressiva nos preços de itens básicos como o gás de botijão. Tudo isso aumenta a dificuldade que pastores conservadores terão para convencer fiéis de áreas pobres de subúrbios e do interior do país a votar em Bolsonaro, a quem grande parte dos líderes evangélicos já declarou apoio público.

Universal e Assembleia de Deus estão com Bolsonaro, mas fazem acenos a Lula para manter aberta a chance de pular no barco do petista.

Os bispos e pastores mais influentes sempre gostaram de propagandear o poder que têm sobre seus fiéis e a força política de suas denominações. Mas, em 2022, se mostram mais cautelosos. “Quem decide o voto é o eleitor. Pastor não decide eleição. Nenhum líder pode impor o voto a ninguém. O máximo que podemos fazer é indicar, apontar caminhos, apresentar opções. Reconhecemos a legitimidade de todos os candidatos”, falou o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, filho de Manoel Ferreira. A frase dele foi dita logo após um encontro de Bolsonaro com líderes cristãos no início de março, em Brasília.

Manoel Ferreira já havia se encontrado com Lula e posado para fotos ao lado do petista no feriado de Corpus Christi do ano passado, no Rio. “Foi um encontro de um pastor com alguém que já foi presidente da República e com quem tivemos uma relação muito respeitosa. Eu tenho respeito pela história do Lula, não nego jamais”, justificou o filho Abner à época. “Lula tem um capital político, ninguém tira isso dele”.

A Assembleia de Deus de Madureira, assim, expôs uma posição ambígua que chegou a ser adotada também pela concorrente Universal. A igreja de Edir Macedo divulgou recentemente um texto em que diz que “cristãos não votam na esquerda”. Em seguida, instruiu um de seus líderes, o bispo Marcos Pereira, presidente do Republicanos, partido que é controlado pela denominação, a fazer críticas públicas a Bolsonaro.

A intenção é “não fechar portas” a nenhum candidato. Dessa forma, mantêm a possibilidade de mudar de barco na reta final da campanha, a depender do que dirão as pesquisas eleitorais. É algo que o próprio Macedo fez às vésperas do primeiro turno em 2018, quando abandonou o então tucano Geraldo Alckmin, que patinava nas pesquisas, e aderiu a Bolsonaro.

‘O evangélico está cético’

O apóstolo Márcio Líbano, que é líder do ministério Luz do Mundo, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, e é próximo de políticos ligados ao Republicanos e à Universal, reforça a ideia de que não se consegue mais definir o voto evangélico em bloco. Ele me disse que há, inclusive, colegas pastores que pretendem votar em Lula em outubro.

“Hoje há divisão [entre os fiéis na preferência por Lula ou Bolsonaro], embora o presidente leve um pouco de vantagem. Eu nunca votei no Lula, mas outros pastores votam”, afirmou Líbano. “O Silas Malafaia não fala por todos os evangélicos. Eu o admiro, mas ele não representa todos nós. Aquilo que havia antigamente, hoje não tem mais. O pastor pode indicar. Mas não pode obrigar”.

Para manter o apoio de seus fiéis a um presidente cujo governo entregou resultados econômicos pífios, cada vez mais líderes religiosos conservadores têm recorrido à pauta de costumes e reforçado suas falas contra o aborto e a agenda LGBTQIA+. Mas há cada vez mais evangélicos que se opõem a esse discurso, caso do bispo Hermes Fernandes, da igreja evangélica Rede Internacional de Amigas e Amigos, a Reina, do Engenho Novo, bairro da zona norte do Rio.

“Esses líderes conservadores dizem que, se a esquerda voltar ao poder, os pastores serão obrigados a fazer casamentos homoafetivos. E, se não fizerem, serão presos, as igrejas fechadas e a Bíblia proibida nas escolas. São as fakes news, como a mamadeira de piroca e a ideologia de gênero. E surgem chantagens, como se houvesse uma luta entre o bem e o mal, o candidato de Deus e o do diabo. Estamos combatendo esse discurso e procurando mostrar que a coisa não é bem assim”, disse o líder da Reina, que mantém igrejas nas zonas norte e oeste do Rio, na Baixada Fluminense, em São Paulo e Minas Gerais e tem pastores nos Estados Unidos e Portugal.

‘É difícil hoje conseguir 100% dos votos evangélicos’, admite pastor que apoia Bolsonaro.

Mas, para Fernandes, o número de fiéis que se submetem a viver sob a tutela de um pastor ou de uma denominação vem diminuindo. “Eles começam a perceber que o líder não tem procuração para decidir por eles. Além do mais, é subestimar a inteligência dos seguidores. E muitos não querem estar numa igreja onde se apoia uma figura grotesca que faz apologia da tortura, do armamento, que é contra os direitos humanos, os indígenas e a comunidade LGBTQIA+. Assim, fica cada vez mais difícil aos pastores conduzirem os seus fiéis à candidatura Bolsonaro”, me disse.

A Reina, segundo Fernandes, não indica candidatos, nem faz campanha para qualquer político. Mas o bispo não esconde que acha Lula o melhor candidato no momento e o considera “o melhor presidente que o país já teve”. Além disso, a preferência dos evangélicos em sua “bolha” recai majoritariamente sobre o petista. Um quadro que se repete em igrejas e relatos de colegas pastores do Norte e Nordeste do país, segundo ele. A exceção, ao menos por ora, é o Sudeste, onde Bolsonaro leva vantagem “porque a influência da cúpula das igrejas é muito forte”, ponderou.

O bispo Fernandes não é nenhum neófito no meio evangélico. Ele assistiu ao nascimento e crescimento vertiginoso do neopentecostalismo. “Meu pai é o parteiro desse movimento no Brasil”, ele me disse com orgulho. Trata-se do missionário Cecílio Carvalho Fernandes, líder da antiga Casa da Benção, uma igreja por onde Edir Macedo passou rapidamente como obreiro no final dos anos 1970, pouco antes de fundar a sua Universal do Reino de Deus ao lado do cunhado Romildo Ribeiro Soares – o RR Soares, como é conhecido, hoje na Igreja Internacional da Graça.

**ARQUIVO** RIO DE JANEIRO, RJ, 26.02.2019 - O ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress)

Marcelo Crivella, ex-ministro de Dilma Rousseff e ex-prefeito bolsonarista do Rio: ele prevê a vitória de Lula em outubro.

 

Foto: Ricardo Borges/Folhapress

Antevendo um futuro polêmico, Cecílio Fernandes se negou, à época, a consagrar Macedo como pastor. Deu o título a Soares, mas não ao então jovem obreiro. Achava que havia algo errado com ele. Para o missionário, Macedo não tinha o “chamado de Deus” para seguir em sua missão.

Cecílio morreu em 2001, e o filho Hermes seguiu no meio evangélico em um caminho oposto ao de Macedo e de outros líderes evangélicos, como Malafaia e o pastor e deputado federal Marco Feliciano, hoje no PL de São Paulo. “Minha luta no meio evangélico tem sido investir na autonomia das pessoas e incentivar que pensem por si mesmas”, pregou Fernandes.

O apóstolo Márcio Líbano, da Amei, estima que seu preferido, Bolsonaro, tem hoje na região de Nova Iguaçu, cidade de 825 mil habitantes da Baixada Fluminense, a preferência de 60% dos evangélicos, ante 40% de Lula. Na capital do Rio, ele enxerga um empate entre os dois.

“É difícil hoje conseguir 100% dos votos [dos fiéis]. Uma das razões é que o político se infiltra na igreja, promove obras sociais antes das eleições para ganhar a confiança do evangélico. Aí, o fiel acaba votando nele. Mas depois se decepciona, porque nem sempre ele vai defender a nossa bandeira. Às vezes, dá as costas para você”, Líbano reclamou. “Isso deixa o evangélico cético sobre a política”.

O plano Crivella

O ex-prefeito Marcelo Crivella, que ficou preso por quase dois meses, no fim de seu mandato, acusado de liderar uma organização criminosa que aliciaria empresários em esquemas de corrupção, deve ser candidato a deputado federal pelo Republicanos do Rio em outubro.

Já mirando as eleições, Crivella reuniu no final de fevereiro cerca de 50 pastores de várias denominações evangélicas na Catedral da Fé, a sede da Universal no Rio.

Segundo o representante de uma das igrejas que esteve na reunião, Crivella e dois outros líderes da Universal – os bispos Jadson Santos e Inaldo Silva, vereador pelo Republicanos – ressaltaram, ao final do evento, a importância de obter votos para ter força no Congresso e negociar as reivindicações dos evangélicos num eventual governo Lula.

Hoje apoiador de Bolsonaro, Crivella, ex-ministro da Pesca do governo petista de Dilma Rousseff, vaticinou como quase certa a vitória de Lula, segundo uma pessoa presente ao encontro. Assim, a estratégia da Universal seria tornar Crivella um grande puxador de votos, com o apoio de outras igrejas, para tentar carregar à Câmara até cinco candidatos do Republicanos. E, naturalmente, votos de eleitores de Lula também seriam bem-vindos.

É um plano que faz sentido, segundo o advogado Tenório, para quem muitos evangélicos tendem a votar no candidato a presidente que preferirem e a optar pelo nome indicado por sua igreja para o Legislativo. Assim, estaria ajudando a combater o que pastores evangélicos conservadores chamam de a “ditadura dos gays”. “Continuam botando esse tipo de medo nos fiéis. Mas quem está na periferia sabe que, no governo Lula, pobre podia comer picanha e até andar de avião. E agora a situação piorou”.

Fonte.https://theintercept.com/


Bolsolão do MEC;O esquema que pode custar a reeleição ou a cadeia

As digitais Bolsonaro no caso são tao evidentes que a justiça determinou o envio da investigação de  volta para o STF por causa do seu envolvimento.

BRASÍLIA, DF, 10.02.2022 - O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro Milton Ribeiro (Educação), durante cerimônia sobre renegociação de dívidas do Fies, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
BRASÍLIA, DF, 10.02.2022 - O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro Milton Ribeiro (Educação), durante cerimônia sobre renegociação de dívidas do Fies, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O PASTOR PRESBITERIANO e ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro – aquele homem de Deus que anda armado e dispara acidentalmente tiro em aeroporto – foi preso preventivamente suspeito de operar um esquemão de propinas para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, FNDE, para prefeituras, que ficou conhecido como o Bolsolão do MEC. Também foram presos dois outros pastores evangélicos, sem cargos públicos, que intermediaram o pagamento das propinas.

Ribeiro é acusado pelos crimes de tráfico de influência, corrupção passiva, prevaricação, tráfico de influência e advocacia administrativa – quando um servidor público usa o cargo para atender interesses particulares. Há fartas provas, como áudios com relatos de prefeitos e um do próprio Milton Ribeiro admitindo que procurou os pastores para atender um pedido de Jair Bolsonaro.

Apesar dos fatos comprovados, a prisão preventiva do pastor tem um quê de lavajatismo. Os requisitos legais para a execução da prisão preventiva não foram cumpridos e, em virtude disso, um habeas corpus tirou o ex-ministro da cadeia no dia seguinte. A farra das prisões ilegais e preventivas durante a Lava Jato ajudou a pavimentar a ascensão do bolsonarismo ao Planalto. É irônico ver o modus operandi lavajatista sendo aplicado contra ele agora. Há provas suficientes para que Milton Ribeiro e os pastores sejam presos após o trânsito em julgado. Bolsonaro também pode acabar no xilindró como o mandante do crime caso não se reeleja.

O bolsonarismo percebeu o potencial de estrago dessa bomba em seu eleitorado e entrou em pânico. Logo após a prisão dos pastores, o núcleo de campanha eleitoral montou uma operação de guerra para tentar conter os danos à imagem do presidente.

Em entrevista dada logo após a prisão, Bolsonaro ajustou o discurso e perguntou lavando as mãos: “Se a PF prendeu, tem um motivo. (…) Se alguém faz algo de errado, pô, vai botar a culpa em mim?”. Há um ano, Bolsonaro afirmou o exato oposto: “Podem ter certeza: eu sou responsável por tudo o que acontece ou deixa de acontecer nos meus ministérios”.

Quando o Bolsolão do MEC estourou pela primeira vez no noticiário, o presidente saiu em defesa do seu ex-ministro ao dizer que botaria a “cara no fogo por ele”. Agora, Bolsonaro fez o que costuma fazer com aliados com potencial para arranhar sua imagem: o largou ferido na estrada. O homem que bateu no peito dizendo ser responsável por tudo o que acontece nos seus ministérios, agora lava as mãos e diz que “ele [o ministro Milton Ribeiro] que pague pelos erros dele”. É importante lembrar da proximidade do ex-ministro com Bolsonaro. A indicação de Milton Ribeiro ao MEC foi feita pela primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A tropa de choque bolsonarista nas redes sociais e na imprensa correu para demonstrar indignação com a prisão dos pastores, alegando perseguição da justiça. O ex-ministro do Meio Ambiente e atual comentarista da Jovem Pan, Ricardo Salles, também é acusado por alguns dos crimes cometidos por Milton Ribeiro, disse que Ribeiro é uma vítima dos ratos da política: “Até que se prove o contrário, é um homem correto, um pai de família, um homem religioso e que talvez tenha sido pego por sua inocência a contrapé por esses ratos que roem a política brasileira”.

Salles fingiu esquecer que há uma liderança no comando dessa ratoagem. Quem deu as ordens para Milton Ribeiro atender os pedidos de outros ratos se chama Jair Bolsonaro. E quem afirmou isso em áudio vazado foi o próprio Milton Ribeiro, o homem que Salles considera “correto”. Além do áudio, o ex-ministro confirmou em depoimento à Polícia Federal que as tratativas com os pastores presos só aconteceram depois que Bolsonaro pediu.

O envolvimento do presidente da República como mandante do Bolsolão do MEC é inquestionável.

O juiz que prendeu os pastores virou alvo do ódio bolsonarista nas redes sociais. Relatou ter recebido uma “centena de ameaças” de apoiadores dos pastores. Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, André Porciúncula e outros bolsonaristas inflamaram suas redes insinuando que o juiz persegue o governo por questões ideológicas, o que é simplesmente falso: o mesmo juiz já condenou vários políticos petistas e emedebistas.

O envolvimento do presidente da República como mandante do Bolsolão do MEC é inquestionável. Além da afirmação de Milton Ribeiro, há registros de que Arilton Moura Correa, um dos pastores presos por participar do esquemão no MEC, tinha passe livre para entrar no Palácio do Planalto.

Entre janeiro e setembro de 2019, o líder evangélico só não foi ao Palácio em março. Segundo apuração da Agência Sportlight, os registros do prédio de trabalho de Jair Bolsonaro apontam 23 entradas do pastor só nos primeiros nove meses de governo. Em quatro ocasiões foram registradas entradas múltiplas de Arilton Moura em um mesmo dia.

O pastor lobista tem sido também um assíduo visitante da Câmara durante o governo Bolsonaro. Soma-se entre 2019 e 2022 um total de 90 visitas à Câmara, algumas delas no gabinete de Eduardo Bolsonaro. Segundo o prefeito da cidade de Luis Domingues (MA), o pastor prestigiado pelo Planalto e pelo bolsonarismo na Câmara pediu R$ 15 mil e um quilo de ouro em propina para poder liberar verbas da educação para a cidade.

10/02/2021 - Com presença do Presidente Bolsonaro, MEC apresenta ações para 2021 à prefeitos.

Prisão de Milton Ribeiro, gravado em um esquema de desvio de verbas, atinge em cheio base mais fiel de Bolsonaro.

 

Foto: Catarina Chaves/MEC

As digitais de Jair Bolsonaro no seu caso são tão evidentes que a Justiça Federal em Brasília determinou o envio da investigação de volta para o STF por causa do envolvimento do presidente da República. O pedido foi feito pelo MPF depois que a investigação interceptou um telefonema entre Ribeiro e sua filha. Numa conversa cheia de códigos, o ex-ministro deixa claro que Bolsonaro lhe avisou que seria alvo de busca e apreensão.

Antes de saber do vazamento dessa conversa, Bolsonaro alegou, na maior cara de pau, que o fato da prisão ter sido executada pela Polícia Federal seria um claro sinal de que ele não interfere nos trabalhos da corporação. Mas, no dia seguinte, o delegado responsável pelo caso denunciou que sofreu interferência na condução da investigação.

Segundo ele, a PF teria dado tratamento diferenciado a Milton Ribeiro por ordem de superiores. O ex-ministro deveria ter sido preso e levado para Brasília, e não para São Paulo: “O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação. Por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial deste caso com independência e segurança institucional”. Ainda segundo o delegado, Milton Ribeiro “foi tratado com honrarias não existentes na lei, apesar do empenho operacional da equipe de Santos que realizou a captura.”

Já presenciamos inúmeros casos de corrupção no governo que se elegeu prometendo acabar com a corrupção: o laranjal do ministro do Turismo, o ex-ministro Ricardo Salles atuando ilegalmente em favor das madeireiras na Amazônia, o orçamento secreto, o escândalo da compra da Covaxin etc. Até agora, todos esses casos em que o governo se meteu não fizeram grandes estragos na base eleitoral do presidente, que permaneceu fiel escândalo após escândalo.

Mas o Bolsolão do MEC é diferente e atinge em cheio bandeiras caras ao bolsonarismo. Trata-se de um episódio em que pastores evangélicos foram flagrados fazendo politicagem baixa com as verbas destinadas às escolas públicas. É um caso que queima o filme de pastores evangélicos e fere a identidade religiosa da base eleitoral evangélica de Bolsonaro. Essas pessoas têm filhos, netos e conhecem a precariedade das escolas públicas. Em sua maioria são pessoas honestas, trabalhadoras, pagadoras de impostos e de dízimo que agora veem seus líderes religiosos se enlameando com dinheiro destinado à Educação.

Diferentemente da rachadinha, do negacionismo na pandemia e dos crimes cometidos pelo governo na Amazônia, a prisão de um pastor torna este um escândalo mais palpável, com alto potencial para diminuir a distância – que já é pequena – entre Lula e Bolsonaro nas intenções de voto do eleitorado evangélico. De qualquer maneira, o tamanho do impacto da prisão do pastor entre os evangélicos ainda é incerto e será medido pelas próximas pesquisas.

No Senado há uma mobilização para a abertura de uma CPI para apurar o caso dos pastores lobistas no MEC. Já há assinaturas suficientes para protocolar abertura da comissão. A abertura de uma CPI que investiga pastores evangélicos fazendo farra com dinheiro destinado às escolas em ano eleitoral pode cair como uma bomba nas pretensões de reeleição de Bolsonaro. Com os coturnos atolados na lama, o bolsonarismo terá dificuldades em continuar empunhando a bandeira do combate à corrupção.

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João Filhojoao.filho@​theintercept.com@jornalismowando

Prefeito usou dinheiro de casas populares para pagar artistas


O prefeito de Rio Bonito (RJ), Leandro Peixe (Republicanos), gastou valores milionários com artistas como Zezé di Camargo e Luciano, Ludmila, Ferrugem, entre outros.

www.brasil247.com - Leandro Peixe, Zeze Di Camargo, Luciano e Ludmila

Leandro Peixe, Zeze Di Camargo, Luciano e Ludmila (Foto: Reproduçã

247 - O prefeito de Rio Bonito (RJ), Leandro Peixe (Republicanos), usou R$ 1.572.505,97 do Fundo Municipal de Habitação de Rio Bonito (FMHRB) para pagar os cachês de artistas famosos, como Zezé di Camargo e Luciano, Ferrugem e Ludmila, que se apresentaram na festa de 176 anos da cidade, entre os dias 5 e 8 de maio.

De acordo com informações publicadas nesta quarta-feira (22) pelo site O São  Gonçalo, nos quatro dias de festejos, entre 5 e 8 de maio, foram gastos quase R$ 2 milhões, sendo R$1.207,650 em cachês para Zezé di Camargo e Luciano, Ludmila, Ferrugem, entre outros, e mais R$ 542.812,00 em infraestrutura, montagem de palco e banheiros químicos. 

Em quatro dias (R$1.750,462,00) foram gastos bem mais do que o reservado para investimentos durante todo o ano de 2022 com as secretarias de Cultura e Turismo (R$ 957 mil); de Saúde (R$ 3 mil), de Assistência Social (R$ 3 mil); de Comunicação Social (R$ 526 mil); e no Fundo Municipal do Idoso (R$ 5 mil) e Controladoria Geral do Município (R$ 59 mil), o que totaliza R$ 1.553.000,00 para todo o ano de 2022, conforme a Lei orçamentária de 20 de dezembro de 2021. 



Fonte.Brasil247

Acusado de pedofilia, preparador de elenco de Chiquititas teve prisão secreta e morreu como herói

 O mandado de prisão foi expedido em 2014, sendo cumprido apenas em 2016.

www.brasil247.com - Beto Silveira

Beto Silveira (Foto: Reprodução/Youtube)

247 - Beto Silveira (1950-2022), preparador de elenco contratado em 2013 para trabalhar em Chiquititas (2013), no SBT, foi condenado naquele mesmo ano por estupro. Em 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo já havia emitido outra condenação por abuso de uma criança de nove anos. Ele teve a prisão em 2016 abafada e morreu em maio último com status de estrela e referência na classe artística. A reportagem é do portal Notícias da TV.

As duas condenações aconteceram pela mesma denúncia, feita primeiro em 2000 pela mãe da então criança através de um boletim de ocorrência; e em 2009, quando a vítima completou 18 anos e decidiu expor o caso. O Notícias da TV apurou que esta não foi a única vítima do pedófilo.

A reportagem teve acesso ao inquérito de Silveira. Logo na primeira decisão, os advogados entraram com um recurso, negado em seguida, que só serviu para mais uma condenação e readequação da pena para 16 anos e nove meses de reclusão em regime fechado.

O mandado de prisão foi expedido em 2014, sendo cumprido apenas em 2016. A defesa pediu que a pena fosse transferida para prisão domiciliar, alegando que o homem de 66 anos apresentava sintomas do mal de Alzheimer. Os representantes pediram urgência para a realização de exames por um médico particular, mas o juiz cedeu um especialista prisional para assisti-lo.

Foi constatado que Silveira se sentia "bem, consciente e orientado", e o pedido de transferência domiciliar acabou negado inicialmente. O processo seguiu com apresentações de laudos, atestados e exames para comprovar a doença e, por fim, uma consulta particular na prisão.

Em novembro de 2017, após Silveira ficar um ano e três meses na cadeia, foi cedida a transferência para prisão domiciliar --naquela época, sua escola de artes em São Paulo ainda estava em funcionamento.

O artista passou os últimos anos de vida em sua casa, enquanto fazia tratamentos psicológicos para demência e acompanhamento médico para um aneurisma. O último pedido de seus advogados à Justiça é de maio de 2022 -- mês de sua morte por mal súbito--, em mais uma tentativa de mudar o regime para semiaberto. O processo ainda não foi arquivado.

Herói condenado por pedofilia

O Notícias da TV apurou o caso após as denúncias da ex-atriz mirim Duda Wendling no podcast BarbaCast neste mês. Ela revelou que além de Silveira, outro preparador de elenco, também do SBT, foi preso por pedofilia na época na novela Cúmplices de Um Resgate (2015). A artista assegurou que não foi violentada por ninguém.


 

Fonte.Brasil 247

Paolla Oliveira celebra vitória de Lula em primeiro turno com postagem minimalista: 53%


Uma das atrizes mais carismáticas do Brasil está feliz com a provável volta do ex-presidente Lula ao poder.

www.brasil247.com - Atriz usou suas redes sociais para expor o seu apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro

Atriz usou suas redes sociais para expor o seu apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro

247 – A atriz Paolla Oliveira, uma das mais queridas e admiradas do Brasil, celebrou a pesquisa Datafolha, que aponta grande probabilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro turno, com 53% dos votos válidos. Em seu twitter, Paolla foi minimalista. Confira:


53%

A pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (23), apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito no primeiro turno, com 53,4% dos votos válidos. Em segundo lugar ficou Jair Bolsonaro (PL), com 32%. 
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) apareceu com 8% dos votos. Outras candidaturas não ultrapassaram 2% das intenções de voto cada, como André Janones (Avante), Simone Tebet (MDB), Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU). Os eleitores que não sabem são 4% e os que votarão branco ou nulo chegaram a 7%.

Na pesquisa anterior, divulgada em março, o ex-presidente atingiu 54% dos votos válidos e também seria eleito em primeiro turno.

Foram entrevistados 2.556 eleitores em 181 cidades nos dias 22 e 23 de junho. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. 

A pesquisa, realizada nessa quarta (22) e nesta quinta (23), foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09088/2022


FONTE.BRASIL247

Nova Iguaçu realiza Dia D Vacinação contra a gripe

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu (Semus) vai fazer, neste sábado (13), uma grande mobilização para participar do Dia D de Vaci...