Preso na noite desta quarta-feira por
tentativa de latrocínio contra a aposentada Eci Coutinho Bella, de 72
anos, o assaltante Júlio Cézar Ramos Bernardo, de 19 anos, já acumulava
passagens por roubo, associação ao tráfico, porte ilegal de arma,
associação e roubo de veículo com emprego de arma de fogo, além da
invasão de uma creche, em janeiro deste ano, após tentar roubar um
carro. Na noite do último sábado, presa pelo cinto de segurança do carro
da própria família, Eci foi arrastada por cerca de 400 metros ao longo
de três quarteirões, quando o criminoso fugia com o veículo roubado. O
homem que acompanhava Júlio Cézar — que confessou o crime — no assalto
ainda não foi identificado, segundo a Polícia Civil. À tarde, ele foi
levado ao Instituto Médico Legal (OML) para fazer exame de corpo de
delito e depois será levado para Benfica.
Em janeiro deste ano,
Júlio Cézar foi roubar um veículo que estava parado em frente a uma
creche, na Pavuna. O dono do carro foi rendido enquanto estava com a
filha no colo e, com medo, entrou na creche. Em seguida, armado, Júlio
Cézar correu atrás exigindo a chave do veículo e o celular.
Por
esse crime, a Polícia Civil pediu a prisão dele à Justiça do Rio, que,
só no começo desta semana decretou a prisão preventiva — sem prazo de
validade — de Júlio Cézer. Ontem, no momento da prisão, ele já era
considerado foragido. Delegado da 39ª DP (Pavuna), Tiago Dorigo relata
que imagens das câmeras de segurança da creche mostram que Júlio Cézar
entrou na unidade infantil com a arma apontando para o homem, para as
crianças e para os funcionários.
— Tinham diversas crianças na
creche e as imagens são chocantes. Os alunos ficaram apavorados porque
não sabiam o que estava acontecendo. Enquanto ele tentava roubar o
carro, os funcionários tentavam acalmar as crianças. Agora, além da
prisão preventiva, ele teve a prisão temporária decretada pela Justiça
por conta do novo crime: a gente tem 30 dias para prosseguir com as
investigações e e enviar o inquérito à Justiça. Trata-se de uma
tentativa de latrocínio, um crime hediondo com pena de prisão de 20 a 30
anos — disse Dorigo.
'Tia, se solta, se solta'
Ainda
segundo o delegado, além de ter assumido a autoria do crime, Júlio Cézar
narrou o caso em detalhes. Júlio Cézar teria visto a idosa sendo
arrastada mas, por ter avistado uma viatura da PM, ficou com medo de ser
preso e acelerou muito, deixando a vítima agarrada pelo cinto de
segurança no banco de trás.
— Ele contou que estava com outro
indíviduo e que buscavam um veículo utilitário de grande porte. Quando
avistaram o carro dirigido pelo Alex (filho da Dona Eci), eles foram
atrás e, em uma rua da Pavuna, o Alex parou no sinal distraído. Aí ele
se aproveitou e rendeu o Alex: enquanto o outro comparsa assumiu a
direção da motocicleta, ele assumiu a do veículo, empreendendo fuga em
alta velocidade. A Dona Eci estava no banco de trás e, por ser uma
pessoa idosa, não teve tempo hábil para conseguir se soltar do cinto de
segurança e desembarcar do veículo. Ele relata que disse 'tia, se solta,
se solta' e que tentou soltar o cinto dela dirigindo ao mesmo tempo,
mas que em determinado momento ela já estava para fora do carro —
detalha.
Histórico de crimes
O delegado conta que Júlio
Cézar já respondeu a quatro procedimentos criminais: quando ele tinha 13
anos, foi apreendido por porte ilegal de arma de fogo e associação ao
tráfico. Com 16, foi apreendido por roubo de carga e associação ao
tráfico. E, já maior de idade, ele foi preso em flagrante por receptação
de veículo e porte ilegal de arma de fogo.
— A 39ª DP já o estava
investigando por suspeita de roubos de veículos, que era a
especialidade dele, na área da Pavuna. Quem foi vítima de roubo de
veículo este ano e no ano passado, venha aqui na delegacia, pois há a
possibilidade dele ter sido o autor de outros roubos de veículo aqui na
área — pediu o delegado.
Alex Coutinho, filho de Dona Eci, reclamou da ''lentidão da Justiça para analisar o caso da creche".
—
Tinha um pedido de prisão contra ele há cerca três meses, só precisava
que a Justiça emitisse o mandado de prisão. Se ele tivesse sido preso
antes, se não fosse essa morosidade toda, ele não teria cometido esse
crime contra minha mãe — lamentou.
A defesa do suspeito afirma que ainda não teve acesso à investigação que o aponta como um dos suspeitos do crime.
—
Ainda não tivemos acesso ao inquérito para saber quais são as acusações
e as informações das vítimas. Tão logo tivermos acesso às informações,
poderemos passar mais detalhes — disse o advogado Gabriel D’avila, que
defende Júlio.
Já sobre o mandado de prisão preventiva em aberto,
um segundo advogado do suspeito afirmou que tudo que a defesa sabe veio
através da imprensa.
— Só soubemos o que está acontecendo através
da imprensa. Estamos esperando que os familiares da vítima saia para
encontrar com ele — disse o advogado Jonathan Bastos.
Fonte. Jornal Extra