Em suas mãos, palavras viram brinquedos!

Para Bule-Bule, que completa 65 anos hoje, qualquer assunto serve de inspiração Maíra Azevedo O mais recente cordel de Bule-Bule foi escrito em homenagem ao MASSA! Ele tinha apenas 11 anos quando escreveu o primeiro cordel. Talvez por isso um dos cordelistas e repentistas mais conhecidos do País, com textos traduzidos em várias partes do mundo, tenha tanta facilidade de brincar com as palavras. Nascido Antônio Ribeiro da Conceição, na cidade de Antônio Cardoso, no sertão da Bahia, foi como Bule-Bule que ganhou fama de poeta. O apelido nasceu pela sua habilidade de lidar com a massa de um biscoito típico da sua cidade. Para ele, escrever é uma brincadeira de lápis e papel. Hoje, quatro dias depois do aniversário do MASSA!, ele completa 65 anos e perdeu as contas de quantos textos já produziu. “Eu me lembro que eu escrevia, mas tinha vergonha de mostrar às pessoas devido ao meu pouco estudo. Até que um dia tomei coragem e pedi para meu amigo Rodolfo ler um texto meu, e ele se encantou. Disse que eu tinha feito uma obra de arte. Assim surgia o meu primeiro cordel publicado: ‘A tragédia de três amantes’”, revela o artista. Além de autor de poemas da literatura de cordel, Bule-Bule é repentista (músico que trabalha na base do improviso, cantando sobre um determinado tema) e tocador de viola, como ele mesmo faz questão de dizer. “A viola é minha parceira. O gosto pelas artes eu peguei dentro de casa, com a ajuda de papai, Manoel Belo Conceição, e minha mãe, Isabel Ribeiro Conceição, famosa rezadeira da região”, diz orgulhoso o cantandor. E como escrever, para ele, mais parece brincadeira do que trabalho, Bule-Bule escolheu o amor e as injustiças sociais como principais fontes de inspiração dos seus textos. “Escrevi tanto sobre a corrupção na política que até já perdi as esperanças. Mas falar sobre o amor e a vida do povo pobre do serão, desses aí eu não me canso não”, garante. O Rei do Repente Com a fama de cordelista encantado, Bule-Bule se tornou uma celebridade na sua cidade. A praça central recebeu o seu nome de batismo e o 22 de outubro, data de seu aniversário, virou o dia oficial em homenagem ao poeta. “Me sinto honrado, é bom ser reconhecido enquanto ainda estou aqui”, diz o artista. Mas é fazendo homenagens que ele se sente ainda melhor. O texto “Adeus a Mãe Meninha”, em memória da ialorixá Menininha do Gantois, foi o mais rápido que escreveu: “Numa sentada”. Na sua lista de celebridades, nem mesmo a presidente Dilma Roussef escapou. Bule-Bule é o autor do repente que conta a trajetória da ex-ministra até assumir a Presidência. O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, cujo centenário é celebrado este ano, também recebeu os seus versos. O último repente escrito por Bule-Bule foi em homenagem ao aniversário de dois anos do MASSA!, publicado na edição do dia 18/10.

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