Sininho diz à Justiça que tem sido torturada psicologicamente


Depois de passar sete meses foragida, ela nega ser chefe de ativistas




RI - Rio de Janeiro/RJ - 05/08/2015 - A 27ª Vara Criminal da Capital realiza audiência para interrogar a ativista Elisa Quadros Pinto, a Sininho, no processo em que ela e mais 22 réus respondem por formação de quadrilha. A audiência foi no Centro de Assessoramento Criminal da Capital (CAC), na Lâmina II do Fórum Central. Foto: Marcelo Carnaval/ Agência O Globo - Marcelo Carnaval / Agência O Globo
RIO - Em depoimento nesta quarta-feira à Justiça, a ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, que passou sete meses foragida até ser beneficiada por um habeas corpus no mês passado, explicou que não incitou violência durante a greve dos rodoviários, no ano passado, quando houve depredações. Ela disse que tinha endereços de garagens de empresas, onde veículos foram queimados, e telefones e contatos de grevistas porque trabalhava como produtora, ajudando na elaboração de vídeos e entrevistas.
— Eu sou produtora e desde o início dos atos fiz muitos vídeos e muitas entrevistas. Nesse dia (quando ônibus foram incendiados), eu fui à assembleia aberta em frente à prefeitura e, quando os rodoviários decidiram ir para a porta das garagens das empresas, apanhei os endereços e os telefones dos rodoviários e anotei na minha agenda para distribuir para os midiativistas (pessoas que fazem vídeo e reportagens para sites ligados ao movimento), para que eles pudessem cobrir — explicou, acrescentando que, apesar de tudo que passou, não se arrepende de ter participado das manifestações.

Elisa Quadros, a Sininho, presta depoimento à Justiça - Reprodução de vídeo / Elenilce Bottari
Sininho aproveitou a audiência para criticar a forma como foi tratada desde que tiveram início os protestos na cidade. Ela afirmou que tem sido torturada psicologicamente e que se sente perseguida, sem ter condições de retomar sua rotina. Sininho e outros 22 ativistas são acusados de associação criminosa, para a promoção de atos violentos durante as manifestações que ocorreram no Rio entre junho de 2013 e julho de 2014.
— Não fui torturada porque não apanhava, mas vivo numa tortura há três anos. Sou acusada de coisas que nunca fiz — disse Sininho ao juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal.
Sininho, que chegou a ficar presa 12 dias no complexo penitenciário de Gericinó em 2014, negou ser chefe dos ativistas. Ela disse que participava apenas das atividades culturais da Frente Independente Popular (FIP), grupo que convocava as manifestações. Afirmou ainda que foi vítima de “fofocas” que destruíram sua identidade e criaram a imagem de uma terrorista que, segunda ela, não existe.
Já Karlayne Morais Pinheiro, a Moa, que também é ré no processo, abriu mão do interrogatório. Embora o processo já esteja em sua fase final, as duas só compareceram agora à Justiça porque estavam foragidas, desde dezembro passado, quando tiveram suas prisões decretadas por terem desobedecido à ordem judicial de não participarem de protestos até o fim do processo.


Via o globo.

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