ONG denuncia desaparecimento forçado de mais de 200 venezuelanos enviados pelos EUA a prisão de Bukele
A Human Rights Watch (HRW) acusa governos dos EUA e de El Salvador de manter detidos incomunicáveis sob acusações sem base legal.
247 - A organização Human Rights Watch (HRW) acusou nesta sexta-feira (11) os governos de El Salvador e dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, de realizarem "desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias" de pelo menos 200 venezuelanos. A denúncia foi publicada pela agência AFP.
Segundo a ONG, os detidos foram enviados pelos EUA a El Salvador em 15 de março e estão atualmente no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma megaestrutura carcerária conhecida pelas duras condições a que submete seus internos. De acordo com a HRW, entre os deportados estão mais de 100 pessoas acusadas de integrar a organização criminosa Tren de Aragua — classificação feita com base na antiga Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798, um dispositivo raramente utilizado e que costuma ser ativado apenas em contextos de guerra.
Em nota oficial, a diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus, classificou o episódio como uma grave violação de normas internacionais: “Esses desaparecimentos forçados constituem uma grave violação do direito internacional dos direitos humanos”. Ela acrescentou ainda: “A crueldade dos governos dos Estados Unidos e de El Salvador deixou essas pessoas fora da proteção da lei e causou imensa dor às suas famílias”.
A HRW exige que as autoridades revelem com urgência a identidade dos detidos, os fundamentos jurídicos de sua detenção e que permitam o contato deles com familiares e advogados. A ONG relata ter enviado uma carta oficial ao governo salvadorenho, mas afirma que não obteve resposta.
Segundo o relatório, os venezuelanos permanecem incomunicáveis desde que foram levados ao país centro-americano. Os parentes entrevistados — um total de 40 familiares — disseram que foram informados por autoridades norte-americanas de que seus entes queridos seriam “devolvidos à Venezuela”. Contudo, ao investigarem por conta própria, descobriram pistas do real paradeiro em vídeos divulgados pelo governo de El Salvador, na ausência de informações nos registros do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA) ou por meio de listas publicadas pela emissora CBS News.
“Ninguém deveria ter que juntar pedaços de informações da mídia ou interpretar o silêncio das autoridades para descobrir onde estão seus familiares detidos”, criticou Goebertus, em tom de protesto.
A situação ganhou respaldo público por parte da secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, que visitou o presídio salvadorenho em março. Segundo declarou à plataforma Axios, ela afirmou estar “convencida de que as pessoas que estão lá devem estar lá e deveriam permanecer lá pelo resto de suas vidas”.
O Centro de Confinamento do Terrorismo, criado sob a administração do presidente Nayib Bukele, abriga milhares de presos acusados de integrar grupos como a MS-13 e o Tren de Aragua — ambos classificados como organizações terroristas pelo governo dos Estados Unidos.
A Human Rights Watch reforça o pedido para que as autoridades salvadorenhas informem o paradeiro exato dos detidos, tornem pública a eventual base legal para sua prisão e assegurem que tenham acesso ao mundo exterior. Até o momento, contudo, o silêncio institucional permanece.
Fonte.Brasil247.com
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