Globo é condenada a pagar R$ 500 mil a atriz por assédio moral e racismo em gravações de novela, diz colunista





A emissora não comenta casos que estão na Justiça. Atriz alegou ter tido tratamento diferente de atores brancos do elenco

Resumo

A Globo foi condenada a pagar R$ 500 mil à atriz Roberta Rodrigues por racismo e assédio moral nas gravações de 'Nos Tempos do Imperador'. O caso envolveu alegações de privilégio ao elenco branco e críticas ao diretor.


As informações foram reveladas pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. Nas redes sociais, Roberta Rodrigues fez publicações nos stories do Instagram comemorando a decisão da Justiça, com frases religiosas e compartilhando notícias que falam sobre o assunto. Ela também mostrou comentários de seguidores que a apoiaram, e outros que a criticaram.


Segundo a colunista, o processo corre em segredo de Justiça. A juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, entendeu que o ambiente de trabalho foi marcado por práticas de assédio moral e racismo institucional durante as gravações da novela.


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Ainda de acordo com a juíza, o suposto ambiente teria causado o adoecimento da atriz, que recebeu um diagnóstico de burnout, e foi afastada do trabalho por cerca de três meses.



Roberta Rodrigues deve receber indenização da Globo

Foto: Reprodução/Globo

A Globo negou as acusações no processo, alegando que não houve discriminação ou segregação racial. A emissora também defendeu que, mesmo após o fim do contrato das gravações da novela, Roberta atuou em outras produções da Globo. A empresa também reforçou que adota políticas de inclusão.


O Terra procurou a assessoria da emissora, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. À colunista, a Globo informou que não comenta casos sob júdice.


De acordo com a colunista, os advogados de Roberta Rodrigues não se pronunciaram porque o processo é sigiloso. A atriz pedia indenização de R$ 10 milhões, mas o valor foi fixado em R$ 500 mil pela juíza.


Entenda o caso

Segundo a atriz, ela e outros atores negros da produção tiveram tratamento e privilégio diferentes em relação ao elenco de atores brancos. O caso veio à público em fevereiro de 2022. O departamento de compliance da Globo havia recebido denúncia de suposto racismo nos bastidores das gravações da novela.


No mês seguinte, o diretor da novela, Vinicius Coimbra, foi demitido da emissora por assédio moral. Em entrevista à Folha de S. Paulo, um ano depois, ele reconheceu os erros estruturais, mas disse que busca combater a segregação.


O processo de Roberta Rodrigues contra a Globo também cita um áudio que mostra um trecho de uma reunião de Coimbra com artistas negros da novela em setembro de 2021.


A novela estava sendo criticada por exibir uma cena que sugeria que uma personagem branca havia sido segregada por negros, numa espécie de "racismo reverso". A autora da novela pediu desculpas publicamente após a repercussão.


Apenas pessoas negras do elenco foram convocadas para a reunião por Coimbra, o que incomodou os envolvidos. O diretor alertou para eventuais represálias. 


“Assim como você tem a tropa de choque do movimento negro, a [escritora e filósofa] Djamila [Ribeiro], o [comunicador e influenciador] AD Junior, você também tem a tropa de choque do movimento branco, entendeu? Que também vão, a qualquer deslize de vocês, vão deslegitimar as reivindicações, os discursos”, afirmou, na ocasião.


Após a estreia, a novela, que se passa durante o Brasil Império, foi criticada por “romantizar a escravidão” e apresentar alguns erros factuais. A Globo contratou uma revisora histórica para apontar erros no texto.


Fonte: Redação Terra


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