único cartão aceito em ônibus, BRTs, VLTs e vans a partir de fevereiro; entenda
Só o novo cartão será aceito nos coletivos municipais a partir de fevereiro
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Nessa corrida contra o tempo para fazer a migração para o Jaé, Maína Celidonio, secretária municipal de Transportes, apela para que as empresas se apressem, visando à fabricação de novos vales-transportes para seus funcionários. O processo, entre solicitação e confecção dos cartões, pode demorar até um mês.
— Em três meses, o RioCard deixará de ser aceito nos modos regulados pela prefeitura. Portanto, é importante que a aquisição do vale-transporte Jaé seja feita quanto antes. Recomendamos que os empregadores busquem imediatamente a Jaé para realizar a contratação, e que os funcionários informem ao RH de suas empresas ou a seus empregadores diretos — observa Maína, que quer “evitar contratempos de última hora”.
Faltando menos de três meses para a mudança, ainda há questões importantes em aberto: prefeitura, Jaé e RioCard não sabem como será a integração dos beneficiários do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), concedido pelo governo estadual. Essa parcela representa cerca de 100 mil passageiros, segundo estimativa do município, equivalente a 3,5% dos usuários.
Hoje, com o mesmo cartão RioCard, o passageiro pode sair de Niterói pagando R$ 8,55 num ônibus até o Rio, onde embarca num coletivo municipal sem pagar tarifa, desde que isso seja feito em até três horas. A dúvida é sobre como proceder a partir de fevereiro, quando o passageiro tiver dois bilhetes na carteira. Questionada sobre quando essa questão será definida e qual será a solução, a Secretaria estadual de Transportes informou que não responderá no momento, uma vez que o tema não envolve somente a pasta.
De acordo com o município, há conversas em andamento em duas frentes: uma com as concessionárias MetrôRio, SuperVia e Barcas, numa tentativa de ampliar o sistema do Jaé; e outra com o estado, para a definição do BUI.
Joubert Flores, presidente do conselho da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, critica a falta de respostas sobre beneficiários:
— Não é razoável que os dois poderes não se falem, e o prejuízo seja do passageiro.
Próximos passos
O Jaé começou a ser implementado em julho do ano passado, com previsão inicial de que substituísse o RioCard no início de 2024. Por conta de dificuldades encontradas em sua implementação, o prazo foi adiado para fevereiro de 2025. Segundo dados da SMTR, no último mês de outubro, 63,2 milhões de passageiros foram transportados no Rio, se somados os dois bilhetes. No entanto, usuários do Jaé representaram só 1% desse valor, com 714 mil pessoas.
Para diminuir o gargalo de pedidos de cartões Jaé na transição, a prefeitura resolveu que estudantes de escolas do município receberão seus bilhetes nas próprias unidades de ensino, enquanto pessoas com deficiência e doentes crônicos pegarão os cartões Jaé em clínicas da família. A SMTR também oficiou unidades de ensino da esfera estadual e federal a enviarem dados de seus alunos com gratuidade, assim como convoca idosos com mais de 65 anos a fazerem a solicitação de um novo cartão diretamente à empresa Jaé.
O meio mais indicado para a solicitação de gratuidade pelos beneficiários é através do aplicativo do Jaé. O cartão pode ser entregue diretamente na casa dessas pessoas, desde que paguem uma taxa de R$ 7,95 ao finalizar o pedido. Essas soluções, segundo Zeca Vianna, CEO da Jaé, precisaram ser implementadas para não lotar os 11 postos da empresa:
— As lojas não foram projetadas para uma migração desse tamanho. A gente tinha expectativa de que receberia a base de usuários da RioCard, mas eles se negaram (a passar).
Maior controle
A empresa alegou que isso violaria a Lei Geral de Proteção de Dados. Cassiano Rusycki, CEO da RioCard, ressalta ainda que “não cabe” à empresa “ter relação com outro ente a não ser a secretaria demandante” da gratuidade, como as de Educação e Saúde, não a de Transportes.
Desde que anunciou o Jaé, a prefeitura promete o fim da “caixa-preta” na bilhetagem eletrônica. A operação de ônibus recebe dados com 40 dias de atraso e sem detalhamento de horários, o que dificulta o planejamento de linhas. Técnicos precisam decidir sobre o aumento ou não da frota em determinados momentos do dia no “olhômetro”.
O CEO da RioCard argumenta que os relatórios são mensais e dependem do prazo de 40 dias para processar informações de todos os validadores. O prazo, frisa, respeita resolução da SMTR de 2019. Já sobre a falta de detalhamento dos dados, Cassiano diz que o acordo judicial prevê que os dados sejam entregues sem qualquer tipo de tratamento à SMTR.
— Como eles (município) não confiam na tratativa da informação, a gente entrega o dado bruto. Ou eles tratam (os dados), ou confiam no que a gente passa — rebate.
Fonte.Jornal Extra
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