MPF emite nota contra proposta de internação compulsória de usuários de droga no Rio, feita pelo prefeito Eduardo Paes


Prefeito quer internação compulsória de usuários de droga no Rio

No documento, os órgãos destacam que a proposta é inconstitucional e traduz uma medida higienista, além de ser contra a dignidade do ser humano

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, e a Defensoria Pública da União, enviaram, na quinta-feira, uma nota técnica ao prefeito Eduardo Paes, colocando-se contrários à internação compulsória de usuários de drogas em unidades terapêuticas no Rio. No documento, os órgãos destacam que a proposta é inconstitucional e traduz uma medida higienista, além de ser contra a dignidade do ser humano, a Lei de Drogas e a Política Antimanicomial.

A nota técnica foi assinada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto, Julio José Araujo Junior, e pelo defensor regional de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, Thales Arcoverde Treige. Juntos, eles enfatizam que "ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal", além de ressaltarem que a saúde é um direito social, e não uma obrigação imposta aos cidadãos.

“Ninguém pode ser privado de sua liberdade para, forçadamente, submeter-se a qualquer espécie de tratamento, sem o seu livre consentimento. Esse tipo de ação trata as pessoas como sendo meros objetos de incidência da política estatal, e não como verdadeiros sujeitos de direitos que são”, complementa o documento.

Segundo a atual legislação, a internação compulsória para tratamento de saúde acontece, necessariamente, por decisão médica, e não pode ser imposta por agentes estatais. Outra possibilidade é se a pessoa estiver cometendo algum delito. Nesses casos, o abrigamento é uma medida socioassistencial, excepcional, temporária e voluntária.

Proposta de internação

Na quarta-feira, o prefeito fez uma publicação determinando ao secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que prepare uma proposta para "implantar no Rio a internação compulsória de usuários de drogas". Segundo Paes, é necessária uma alternativa para os que "não aceitam qualquer tipo de acolhimento". Esta não é a primeira vez que o prefeito quer implementar a medida.

A postagem foi divulgada três dias após a morte de Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, no dia 20. Ele estava no Rio de Janeiro para o show da cantora Taylor Swift e, na madrugada de sábado para domingo, foi à Praia de Copacabana, com mais quatro amigos, quando foi abordado por dois homens em um assalto. Um deles esfaqueou o turista no peito, que morreu na hora.

Com as investigações da polícia, descobriu-se que os suspeitos vivem em situação de rua e são usuários de drogas conhecidos da Zona Sul. Juntos, eles somam 12 anotações criminais. Ambos foram presos e seguem à disposição da Justiça, que transformou o flagrante em prisão preventiva.

Fonte.Jornal Extra

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