Fãs denunciam racismo e violência policial em show de Ludmilla em Porto Alegre: 'Dia de terror'


Público mostra agressões que dizem ter sofrido de policiais e seguranças em show de Ludmilla, em Porto Alegre: caso está sendo investigado

Público mostra agressões que dizem ter sofrido de policiais e seguranças em show de Ludmilla, em Porto Alegre: caso está sendo investigado Reprodução/Instagram

Pelo menos três casos ocorridos no 'Numanice' foram protocolados na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul; Polícia nega má conduta.

O que era para ser um dia de alegria não terminou bem para algumas pessoas que estiveram no "Numanice", show de pagode da cantora Ludmilla, no último domingo (11), no Parque Harmonia, em Porto Alegre. Ao longo desta semana, alguns casos de violência e de racismo começaram a ser relatados nas redes sociais das vítimas. As principais denúncias dizem respeito à atuação da Polícia Civil, que estava com um posto de delegacia montado no local, e à abordagem dos seguranças do próprio evento.

Eriane Pacheco, uma das vítimas, conta que estava saindo do evento quando foi abordada por uma policial à paisana e acusada de ter "comportamento suspeito". A princípio, ela pensou ser um assalto. Depois entendeu que era uma abordagem quando outro policial mostrou o distintivo da Polícia Civil.

— Chegou um momento em que oito policiais estavam em volta de mim e ninguém me explicava nada, só gritavam. Fui empurrada, machucada durante uma revista e pegaram meu celular. Só me devolveram quando outro policial conferiu meu documento, deixou que eu me apresentasse e eu disse que fazia parte da Bancada Negra na ALERGS. Só fui saber o nome de alguns deles, o que é meu direito, quando minha amiga, que é branca, chegou e perguntou. Afirmo que foi racismo, porque eu era uma mulher negra saindo sozinha de um evento e isso foi considerado "atitude suspeita". Não apresentei resistência e teria colaborado se tivessem me explicado o que estava acontecendo, foi traumatizante — relembra Pacheco.


Em post nas redes sociais, um rapaz afirma que "o que era para ser um dia perfeito acabou sendo um dia terrível":

Em post nas redes sociais, um rapaz afirma que "o que era para ser um dia perfeito acabou sendo um dia terrível":

"Fui retirado do evento por seguranças da festa, me algemaram, me levaram para dentro de uma sala... E lá fui agredido com chute e tentaram me enforcar. Meu amigo chegou para tentar me ajudar e também detiveram ele. Ficamos mais de cinco horas algemados, e nos colocaram para dentro do camburão. Foi um dia de terror", relatou o rapaz, por meio de vídeo publicado nas redes sociais.

De acordo com o boletim de ocorrência aberto após o corrido, o jovem teria sido levado à delegacia instalada no local após "tumultuar o evento", ao tentar entrar numa área privada para influenciadores digitais. O caso, no entanto, não aconteceu isoladamente.

Outros depoimentos ressaltam que o evento foi mal organizado, em noite marcada por muitos furtos a aparelhos de celular, segundo quem esteve no local. "Mas isso não é motivo pra sair arrastando as pessoas, como fizeram", reclama uma mulher que esteve no show. "Seguranças totalmente despreparados! Fui barrado de entrar no evento novamente após pedir orientação de onde ir para prestar alguma queixa (sobre os furtos e a ação indevida dos seguranças)", relata outra pessoa.

Fã de Ludmilla, Tássia Amorim registrou boletim de ocorrência sobre o caso e fez exame de corpo de delito para mostrar as agressões que teria sofrido por parte dos policiais e seguranças. "Aconteceu comigo também. Fui retirada como marginal da área vip. Meu braço tem lesões pela truculência. Estou triste, mas estou buscando justiça", ela relata.

"Eu e meus amigos estávamos em busca de um lugar para ficar dentro da área vip. Tentei me aproximar do palco, mas duas pessoas começaram a me hostilizar na tentativa de me afastar do lugar que eu estava tentando ficar. Em seguida apareceram seguranças e sem nem me darem chances de falar, fui retirada com truculência por estar na frente das pessoas que estavam me hostilizando", conta Tássia.

O que diz a polícia

A 2ª Delegacia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, responsável pela investigação do caso, afirma que ainda está apurando detalhes acerca do que ocorreu. Autoridades ressaltam que a situação não aconteceu em decorrência de má conduta de agentes de segurança contratados pela equipe da cantora Ludmilla, tampouco por atuação equivocada de policiais. A versão é conflitante com o que dizem as vítimas.

Uma das autoridades que acompanham a investigação, o delegado regional Cleber Lima afirma que o fato "nada tem a ver com Ludmilla ou a equipe de produção do evento". E diz que, a rigor, um policial é que foi tratado ofensivamente por alguém na plateia.

— O que ocorreu tem a ver com pessoas que participaram do show e estariam ali tratando policiais de uma forma extremamente grosseira. Isso está sendo apurado pela delegacia competente — afirma o delegado, frisando que desconhece haver mais relatos semelhantes acerca de violência policial nesse mesmo show. — O que aconteceu foi que um indivíduo, que estava no evento, tratou os policiais de forma desrespeitosa e racista. E isso está sendo investigado.

Caso chega à Assembleia Legislativa

O caso foi protocolado pela deputada Bruna Rodrigues (PCdoB-RS) na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A parlamentar reuniu depoimentos de pessoas negras que dizem ter sofrido agressões e violências praticadas por policiais e agentes de segurança privada.

— O que aconteceu é um absurdo, mas é o praxe da polícia do Rio Grande do Sul, todo show que tem é a mesma questão, eles sempre vão em cima do mesmo perfil. O mais triste é que foi o show de uma mulher negra, houve uma mobilização linda da garotada preta daqui para prestigiá-la, mas faltou preparo da polícia. Estamos lutando pela criação de um protocolo para grandes eventos que lide com a questão racial, porque é inadmissível que isso continue acontecendo — afirmou Rodrigues.

Procurada, a assessoria de Ludmilla não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Fonte.Jornal Extra

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* estagiária sob supervisão de Renata Izaal

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Fonte.Jornal Extra

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