É #FAKE que UTIs infantis de Pernambuco estejam lotadas por conta de vacina contra Covid-19
De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, informação "não faz
o menor sentido" e aumento de casos está relacionado com o período de
sazonalidade dos vírus respiratórios.
Por Artur Ferraz, g1 PE
11/05/2023 19h10 Atualizado há uma semana
Reprodução
Circula
nas redes sociais a afirmação de que o aumento dos casos de crianças com
infecções respiratórias graves em Pernambuco - que tem deixado superlotadas as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do
estado - é causada pela vacina contra a Covid-19. É #FAKE.
— Foto: g1
A
mensagem falsa diz que "essa
superpopulação de crianças nas UTIs são de elementos que tomaram essa
vacina".
Procurada
pelo Fato ou Fake, a diretora geral de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), Sarah Ribeiro, disse que o imunizante
contra a Covid não tem relação com o aumento na ocupação das UTIs pediátricas
no estado. "A vacina não causa doença, portanto, não tem relação com a
lotação das UTIs", afirmou.
Segundo a
gestora Sarah Ribeiro, o aumento do número de casos de infecções entre as
crianças está relacionado ao período de sazonalidade dos vírus respiratórios,
registrado, anualmente, entre os meses de março e julho. Ainda de acordo com
ela, a maioria dos casos notificados não é provocada pelo Sars-Cov-2, o vírus
da Covid-19.
"O
que estamos vivendo é o período de sazonalidade, com um maior número de pessoas
adoecidas de modo geral. E, quando a gente ver os vírus que estão circulando, a
gente verifica que tem, em primeiro lugar, o vírus sincicial - que não tem
vacina - e um considerável número de pessoas adoecendo por Influenza A e B. E a
gente tem alguns casos que estão positivando para a Covid", explicou Sarah
Ribeiro.
Segundo o
infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Sérgio
Ramos, a sazonalidade dos vírus respiratórios coincide com o período pós volta
às aulas nas escolas.
"Devido
ao retorno das atividades escolares, as crianças têm mais contato umas com
outras, sobretudo em ambientes confinados. É muito importante que essas duas
vacinas sejam administradas: a da Covid e a da Influenza", afirmou.
Taxas de vacinação
Além do
período de sazonalidade dos vírus respiratórios, a taxa de cobertura vacinal
contra a Covid no público de 6 meses a 2 anos está baixa. Até esta quinta-feira
(11), segundo a SES-PE, apenas 13,75% das crianças tomaram a primeira e 6,94%
receberam a segunda dose do imunizante no estado, bem abaixo da meta de
imunizar 90% do público-alvo.
"As
crianças são o pior grupo de vacinação em relação [à adesão] à vacinação da
Covid. Se essa informação procedesse, quanto mais vacinação tivesse, maior
número de casos de síndromes respiratórias a gente teria, o que não faz o menor
sentido", afirmou Sarah Ribeiro.
Até 31 de
maio, o estado segue com a campanha de imunização também contra
o vírus da Influenza. De acordo com a secretaria estadual, até esta
quinta (11), 34,7% dos grupos prioritários - que incluem idosos, crianças,
gestantes, pessoas com comorbidades e trabalhadores da educação e da saúde -
foram imunizados.
Segundo
Sarah Ribeiro, esses grupos são os mais vulneráveis a apresentar quadros mais
graves das doenças respiratórias.
"O
vírus sincicial tem uma maior prevalência entre crianças de 0 a 2 anos de
idade, até pelo contato e pela questão imunológica. Por isso que as crianças
fazem parte dos grupos prioritários. Como a gente tem um número de crianças nas
escolinhas e nas creches, elas podem evoluir para um caso grave com mais
facilidade", informou.
Superlotação nas UTIs
Desde o
início da semana, a rede pública de saúde em Pernambuco vem apresentando uma
superlotação nas UTIs infantis. Na segunda-feira (8), o número de crianças na
fila de espera por uma vaga passou de 80. Na quarta (10), caiu para 62. A maior
parte delas são pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Por conta
desse problema, o governo do estado anunciou a abertura de novos leitos nas
unidades de saúde do Grande Recife e do interior.
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