Por Jeferson Miola, para o 247
O ministério bolsonarista da Educação [MEC] é palco de vários
escândalos de corrupção, em regra abafados, como ocorre em outros
ministérios e órgãos do governo militar, inclusive nas Forças Armadas.
Antes do esquema de corrupção de pastores que controlavam a agenda e
os repasses de verbas públicas, outros escândalos do MEC ficaram
conhecidos, como, pelo menos [1] a fraude milionária com gráficas para
impressão das provas do ENEM; [2] a licitação fraudulenta de R$ 3
bilhões para compra de computadores para escolas públicas, por meio da
qual 255 estudantes de uma determinada escola receberiam 30 mil laptops,
uma média de 117,6 laptops por aluno; e [3] a licitação, também
fraudulenta, com superfaturamento de R$ 700 milhões para a compra de
ônibus escolares.
A prisão do reverendo e ex-ministro Milton Ribeiro [22/6] recoloca em
outros termos a discussão não só sobre a notória e sistêmica corrupção
do governo militar, como a respeito da responsabilidade direta de Jair
Bolsonaro no esquema de corrupção que derrubou o reverendo do MEC.
A roubalheira “em nome de deus”, operada pelos pastores evangélicos
Gilmar Santos e Hamilton Moura a mando do próprio Bolsonaro, consistia
na cobrança de propinas pelos “agentes de deus” – inclusive em barras de
1 kg de ouro – como pré-requisito para viabilizarem a transferência de
verbas do MEC para municípios.
Quando estourou o escândalo, o então ministro Milton Ribeiro declarou
que “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim
sobre a questão do [pastor] Gilmar [dos Santos]”.
Além de não contestar e, portanto, de dar como verdadeira e fidedigna
a versão de Milton Ribeiro sobre a atuação corrupta dos pastores em seu
nome, Bolsonaro ainda declarou que “eu boto a minha cara [não só a mão]
no fogo pelo Milton” [sic].
Desta vez, sem a decretação de sigilo de 100 anos das ilegalidades e
ilicitudes para abafar mais este escândalo de corrupção, o governo
militar ficou nu.
O bordão eleitoral de Bolsonaro – “Brasil acima de tudo, deus acima
de todos” – que, por sinal, é lema do Exército brasileiro [Brasil acima
de tudo] é, na verdade, uma corruptela picareta de “roubai em nome de
deus”.~
Fonte.Brasil247.com
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