Tudo é possível! Nada é improvável! Quando falamos
das sandices de Bolsonaro, quaisquer elementos são especuláveis. O fato é que
Jair Messias está cada dia mais fora de si, e essas circunstâncias podem levar
a atos extremos, como um suicídio[1].
A verdade é que vemos o Jair Messias: o sujeito, o
humano daquele ente. E vemos o Bolsonaro: uma personagem vestida na história,
todavia, respirando um delírio que se assumiu na coletividade. Entre a
realidade de Jair e a ficção de Bolsonaro: a loucura! E o problema é que o
evento loucura tem cada dia mais tomado domínio das inter-relações destas duas
personalidades (em si).
O que afirmo acima não é atestado (ainda) nas salas
de psiquiatria. Todavia, será bastante difícil que os especialistas dessa área
do saber possam contraditar os desvios cognitivos-psíquicos do ser que ocupa a
Presidência da República. O tempo confirmará.
O Jair Messias poderia cometer suicídio pelo medo
(de ser preso), pela fraqueza (de enfrentar o cárcere), pelo desespero (de ver
seus planos medíocres fracassarem). É típico dos humanos sentirem dor e a
depender da intensidade, o pós-limite e o ato extremo. Já o Bolsonaro pode
cometer suicídio pela potência de seu ego ultra-egocêntrico. Pensando ser o
novo Getúlio Vargas, alçaria sua tática para fazer de seu ato o último discurso
ao povo gadificado (de baixa cognição política).
Não precisamos lembrar aos leitores que Getúlio se
matou. Entretanto, é impossível aproximar comparações entre este e Bolsonaro.
Getúlio era um gênio, não apenas politicamente, entretanto, de sólida cognição
e conhecimento. Bolsonaro é um déspota, um zurro, um ser ignóbil (claro, com um
assessoramento estratégico potente que o fez chegar onde chegou).
Getúlio comete suicídio não para fugir, e ao
contrário, para chegar mais perto da lenda consolidada no imaginário de uma
nação. Com um tiro, assassina a si, todavia, também a oligarquia mesquinha da
época. E torna-se herói efetivamente, fazendo, inclusive, minimizar nos livros
seus atos totalitários de um determinado fluxo temporal em poder.
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Getúlio, nem de longe, suicida-se por fundamento da
loucura (neste caso, a acepção da perda das capacidades mentais típicas). O
líder faz um último gesto – embora não dê tanto para chamar isso de
altruísmo[2] – a fim de servir o povo que o venerou por vários de seus atos
políticos até hoje vigentes na República mais moderna e solidificada somente a
partir deste Presidente. Já Bolsonaro, se cometesse esse ato extremo, tão
somente seria por si, por sua incapacidade de sempre de enfrentar os grandes
desafios e problemas da vida (e da política). Por se olhar no espelho e
perceber que nunca deixou de ser um fracassado[3].
Rompidas as especulações deste texto – tão meramente
do reflexo sintomático dos devaneios e discursos desvairados e cada vez piores
do Bolsonaro –, é hora de este articulista voltar para a realidade também. Sair
do mundo quimérico e afirmar que, não, o “Mito” não irá se suicidar. Por mais
duro que seja a convivência no plano da existência entre humanos e fascistas,
iremos de boa ética emprestar parte do nosso oxigênio à vida – e que a tenha
longa – de Jair Messias.
No entanto, seu suicídio político já é um fato
consumado na história (embora ainda muito vivo e tragicamente vivo no locus da
realidade institucional).
Destarte, como tudo na vida de Bolsonaro é uma
grande mentira, não duvidemos, entretanto, que ele simule sua própria morte
para fugir da cadeia que o aguarda – por tantos crimes cometidos – tão logo
termine seu mandato de Presidente da República.
Resta saber se sobrará algum vestígio de Jair
Messias no plano da realidade, ou se apenas sobreviverá a alucinação falante do
Bolsonaro pairando pelas praças públicas, como o faz hoje em frente às câmeras
de celulares e palanques do País.
Quem viver, verá!
[1] Um bom desafio para nós seria encaixar uma
hipotética situação de suicídio do “Mito” em uma das três categorias definidas
pelo sociólogo Émile Durkheim, a saber, i) o suicídio egoísta, de sua pesquisa,
vinculado a elementos religiosos-capitais ou a contextos de ausência familiar
(solteiros, divorciados, viúvos etc.). Isto é, o sujeito não se vê mais no
grupo. Seu ego individual é maior que o “ego” coletivo; ii) o suicídio
altruísta, afirmado como o que é praticado por pessoas que doam sua vida,
literalmente, pelos outros, como um piloto de guerra japonês camicase que joga
seu avião, na visão dele, para salvar sua pátria e seu povo, ou o turista que
enfrenta a correnteza de um rio sabendo que a morte é seu fim para resgatar um
afogado; e iii) o suicídio anômico, que, em síntese, se afixa nas sociedades
modernas, industriais em que as relações de pertencimento comunitário não mais
existe. Em que a consciência coletiva (pela divisão social do trabalho; pelo
poder de consumo ou sua perda) se esvai, assim também os laços sociais,
portanto, a perda de identidade favorece condições para a mortificação. Um
exemplo deste formato anômico: quando o presidente Fernando Collor confiscou as
poupanças das pessoas. O desespero da perda econômica era tão grande que várias
pessoas tiraram suas vidas. É comum em tempos de crises – especialmente ligada
à estrutura material – eventos desta natureza. A ausência de regras
civilizatórias (ou respeito a elas) levam a situações extremas.
Há contextos de suicídio em certas comunidades
antigas onde o indivíduo se matava para PURIFICAR toda a tribo de seus males
internos. Algo como espíritos ruins que o contaminam e, consequentemente,
contaminam a sociedade.
Lembrando que, para o autor, o suicídio se dá como
causa social. Não é apenas um evento de ordem individual (mesmo que seja o
suicida um indivíduo).
Para isso, sugerimos aprofundar a leitura do livro
do sociólogo francês que leva o título “O suicídio”.
[2] Embora mereçamos estudar sobre o objetivismo de
Ayn Rand, para quem afirmava que o evento humano deve ser guiado pela
racionalidade. E somente é bom o que é racional.
Chegou a dizer de algo tão belo como o altruísmo que
isto é maligno, comparando-o ao suicídio (que seria a fática irracionalidade).
Para ela, as pessoas se sacrificarem pelas outras, cuidarem mais das outras que
de si é semelhante a “se matar”.
Assista a um resumo de sua concepção por meio de um
curta-documentário feito pelo canal “Meteoro Brasil”, por este link: https://www.youtube.com/watch?v=s-ExE5b4snQ
Vale a pena tirar suas próprias conclusões vendo em
contexto tais falas.
[3] Não é porque chegou ao cargo máximo da República
brasileira que deixou de ser um fracassado. Bolsonaro é um ser em decadência
desde sempre. É a meta-decadência. Decadência ética, moral, simbólica,
fática...
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Fonte Brasil247.com
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