sábado, 28 de agosto de 2021

Bolsonaro pode cometer suicídio(?)


Pensando ser o novo Getúlio Vargas, alçaria sua tática para fazer de seu ato o último discurso ao povo gadificado (de baixa cognição política

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)


 

Tudo é possível! Nada é improvável! Quando falamos das sandices de Bolsonaro, quaisquer elementos são especuláveis. O fato é que Jair Messias está cada dia mais fora de si, e essas circunstâncias podem levar a atos extremos, como um suicídio[1].

 

A verdade é que vemos o Jair Messias: o sujeito, o humano daquele ente. E vemos o Bolsonaro: uma personagem vestida na história, todavia, respirando um delírio que se assumiu na coletividade. Entre a realidade de Jair e a ficção de Bolsonaro: a loucura! E o problema é que o evento loucura tem cada dia mais tomado domínio das inter-relações destas duas personalidades (em si).

 

O que afirmo acima não é atestado (ainda) nas salas de psiquiatria. Todavia, será bastante difícil que os especialistas dessa área do saber possam contraditar os desvios cognitivos-psíquicos do ser que ocupa a Presidência da República. O tempo confirmará.

 

O Jair Messias poderia cometer suicídio pelo medo (de ser preso), pela fraqueza (de enfrentar o cárcere), pelo desespero (de ver seus planos medíocres fracassarem). É típico dos humanos sentirem dor e a depender da intensidade, o pós-limite e o ato extremo. Já o Bolsonaro pode cometer suicídio pela potência de seu ego ultra-egocêntrico. Pensando ser o novo Getúlio Vargas, alçaria sua tática para fazer de seu ato o último discurso ao povo gadificado (de baixa cognição política).

 

Não precisamos lembrar aos leitores que Getúlio se matou. Entretanto, é impossível aproximar comparações entre este e Bolsonaro. Getúlio era um gênio, não apenas politicamente, entretanto, de sólida cognição e conhecimento. Bolsonaro é um déspota, um zurro, um ser ignóbil (claro, com um assessoramento estratégico potente que o fez chegar onde chegou).

 

Getúlio comete suicídio não para fugir, e ao contrário, para chegar mais perto da lenda consolidada no imaginário de uma nação. Com um tiro, assassina a si, todavia, também a oligarquia mesquinha da época. E torna-se herói efetivamente, fazendo, inclusive, minimizar nos livros seus atos totalitários de um determinado fluxo temporal em poder.

 

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Getúlio, nem de longe, suicida-se por fundamento da loucura (neste caso, a acepção da perda das capacidades mentais típicas). O líder faz um último gesto – embora não dê tanto para chamar isso de altruísmo[2] – a fim de servir o povo que o venerou por vários de seus atos políticos até hoje vigentes na República mais moderna e solidificada somente a partir deste Presidente. Já Bolsonaro, se cometesse esse ato extremo, tão somente seria por si, por sua incapacidade de sempre de enfrentar os grandes desafios e problemas da vida (e da política). Por se olhar no espelho e perceber que nunca deixou de ser um fracassado[3].

 

Rompidas as especulações deste texto – tão meramente do reflexo sintomático dos devaneios e discursos desvairados e cada vez piores do Bolsonaro –, é hora de este articulista voltar para a realidade também. Sair do mundo quimérico e afirmar que, não, o “Mito” não irá se suicidar. Por mais duro que seja a convivência no plano da existência entre humanos e fascistas, iremos de boa ética emprestar parte do nosso oxigênio à vida – e que a tenha longa – de Jair Messias.

 

No entanto, seu suicídio político já é um fato consumado na história (embora ainda muito vivo e tragicamente vivo no locus da realidade institucional).

 

Destarte, como tudo na vida de Bolsonaro é uma grande mentira, não duvidemos, entretanto, que ele simule sua própria morte para fugir da cadeia que o aguarda – por tantos crimes cometidos – tão logo termine seu mandato de Presidente da República. 

 

Resta saber se sobrará algum vestígio de Jair Messias no plano da realidade, ou se apenas sobreviverá a alucinação falante do Bolsonaro pairando pelas praças públicas, como o faz hoje em frente às câmeras de celulares e palanques do País.

 

Quem viver, verá!

 

 

 

 

[1] Um bom desafio para nós seria encaixar uma hipotética situação de suicídio do “Mito” em uma das três categorias definidas pelo sociólogo Émile Durkheim, a saber, i) o suicídio egoísta, de sua pesquisa, vinculado a elementos religiosos-capitais ou a contextos de ausência familiar (solteiros, divorciados, viúvos etc.). Isto é, o sujeito não se vê mais no grupo. Seu ego individual é maior que o “ego” coletivo; ii) o suicídio altruísta, afirmado como o que é praticado por pessoas que doam sua vida, literalmente, pelos outros, como um piloto de guerra japonês camicase que joga seu avião, na visão dele, para salvar sua pátria e seu povo, ou o turista que enfrenta a correnteza de um rio sabendo que a morte é seu fim para resgatar um afogado; e iii) o suicídio anômico, que, em síntese, se afixa nas sociedades modernas, industriais em que as relações de pertencimento comunitário não mais existe. Em que a consciência coletiva (pela divisão social do trabalho; pelo poder de consumo ou sua perda) se esvai, assim também os laços sociais, portanto, a perda de identidade favorece condições para a mortificação. Um exemplo deste formato anômico: quando o presidente Fernando Collor confiscou as poupanças das pessoas. O desespero da perda econômica era tão grande que várias pessoas tiraram suas vidas. É comum em tempos de crises – especialmente ligada à estrutura material – eventos desta natureza. A ausência de regras civilizatórias (ou respeito a elas) levam a situações extremas.

 

Há contextos de suicídio em certas comunidades antigas onde o indivíduo se matava para PURIFICAR toda a tribo de seus males internos. Algo como espíritos ruins que o contaminam e, consequentemente, contaminam a sociedade.

 

Lembrando que, para o autor, o suicídio se dá como causa social. Não é apenas um evento de ordem individual (mesmo que seja o suicida um indivíduo).

 

Para isso, sugerimos aprofundar a leitura do livro do sociólogo francês que leva o título “O suicídio”.

 

[2] Embora mereçamos estudar sobre o objetivismo de Ayn Rand, para quem afirmava que o evento humano deve ser guiado pela racionalidade. E somente é bom o que é racional.

 

Chegou a dizer de algo tão belo como o altruísmo que isto é maligno, comparando-o ao suicídio (que seria a fática irracionalidade). Para ela, as pessoas se sacrificarem pelas outras, cuidarem mais das outras que de si é semelhante a “se matar”.

 

Assista a um resumo de sua concepção por meio de um curta-documentário feito pelo canal “Meteoro Brasil”, por este link: https://www.youtube.com/watch?v=s-ExE5b4snQ

Vale a pena tirar suas próprias conclusões vendo em contexto tais falas.

 

[3] Não é porque chegou ao cargo máximo da República brasileira que deixou de ser um fracassado. Bolsonaro é um ser em decadência desde sempre. É a meta-decadência. Decadência ética, moral, simbólica, fática...

 

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Fonte Brasil247.com

Autor.

Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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