QUE MUNDO GESTOU O LÁZARO?
Hoje, em meio aos fogos e aplausos, recebemos a notícia da morte de Lázaro Barboza, o “serial killer”, o “pactuante com o diabo”, o “amigo dos latifundiários” ... que há vinte dias vinha sendo procurado por um grande número de policias no Estado de Goiás. Para muitos, parece que dias de pavor se transformam agora em calmaria. Para alguns, “graças a Deus ele morreu” ou “nós conseguimos mata-lo, com a ajuda de Deus”. Para eu, uma eterna indagação: QUE MUNDO GESTOU O LÁZARO?”.
Comemorar uma morte assim, independentemente do que a causou, é brindar a morte de uma humanidade que há muito tempo reponde assim ao seu Criador: “Sou eu por acaso o guarda do meu irmão?” (Gn 4,8-9). Parece-me que há muito tempo não queremos perguntar os motivos, mas preferimos aplaudir os “espetáculos finais”. Lázaro, de acordo com as leis, teria que pagar por seus atos, mas não dessa forma. Ah Lucas, e se ele tivesse feito algum mal para a sua família? Ah fulano ou sicrana, eu sou cristão e prefiro ficar com o que diz o Senhor: “Não tenho prazer na morte do ímpio, mas desejo que ele se converta do seu caminho, e viva” (Ez 33,11).
O mundo que gestou o Lázaro é um mundo que age em milícia, no ódio que prefere investir em armas de fogo a investir na educação; que abre as portas para um sistema genocida e se esquece de que a vida, em todas as suas manifestações, tem o seu valor inalienável. Este mundo, habitado por Adolf Hitler, Osama bin Laden, e, infelizmente, por vários “cristãos”, encontrou e encontra no homicídio e no fratricídio, uma forma de gestar “Lázaros” para a fama, para as mídias, para os bolsos de uns poucos, para a corrupção, para a falsa religião, para o falso progresso. Longe de querer punir e encontrar caminhos de reinserção, parece mais fácil apagar vidas e comemorar:... eis um sistema fracassado em si mesmo!
Contudo, o que restou deste sistema para Lázaro? Será ele salvo? “Lázaro recebeu somente males” (Lc 16,25). Festejam por ai com quem o matou e usam até o Santo nome de Deus para justificar a ação. Bem disse o Papa Francisco um dia: “Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo”. Você não precisa e nem deve concordar comigo, mas, o meu Deus, sem sombra de dúvidas, continuará dizendo para este Lazaro e para os que virão: “Lázaro, vem para fora” (Jo 11,43), vem para a vida nova, vem ser diferente deste mundo que te inseriram e nem sequer te ajudou a ser melhor.
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Lucas Lamancusa Pereira
28 de junho de 2021
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