Permanecei no meu amor



 

Leia a reflexão sobre João 15,9-17, texto de Francisco Orofino.

 

Boa leitura!

 

Desde o começo do evangelho de João nos é dada uma chave de leitura muito importante para entendermos o texto. É quando a Mãe de Jesus diz aos servidores: Façam tudo o que ele vos disser! (João 2,5). Assim, ao longo do Evangelho segundo João, Jesus vai fazendo longos discursos em que vai repassando aos seguidores e seguidoras as suas propostas e seus mandamentos. Neste capítulo 15, temos mais um destes discursos. Este inicia com a parábola da videira (João 15,1-6). A parábola de abertura ressalta a estreita ligação entre os ramos e o tronco. Quem estiver unido ao tronco, produzirá frutos. Quem não estiver unido ao tronco, será cortando e jogado fora. O que significa então estar unido ao tronco? E que frutos são estes? Segue então o discurso catequético de Jesus aos discípulos.

 

A ligação entre a pessoa e Jesus se faz através da acolhida e da prática da sua Palavra (João 15,7). Esta prática cristã a partir da Palavra de Jesus são os frutos que demonstram o discipulado e o seguimento. Permanecer no amor de Jesus, acolhendo e obedecendo às suas palavras, é estar no mesmo caminho de Jesus em sua relação com o Pai: assim como eu venho cumprindo os mandamentos de meu Pai e me mantenho no seu amor. Esta adesão dos discípulos às palavras de Jesus não é forçada, como a antiga Lei era imposta pelo sistema farisaico, mas na total liberdade. Esta liberdade em acolher as palavras de Jesus e colocá-las em prática é demonstração da verdadeira amizade.

 

Jesus se revela o verdadeiro amigo. Ninguém tem maior amor do que aquele que entrega sua vida por seus amigos. Amar é entregar-se. Esta entrega aos outros vai gerar a verdadeira alegria. A vida em comunidade torna visível este sinal de amizade. Permanecer no amor é perseverar na proposta comunitária. O amor se concretiza em atos e gestos. Amor é serviço. Assim como a abertura e o acolhimento das Palavras do Pai geram a estreita união entre Pai e Filho, da mesma forma a comunidade cristã aberta e acolhedora das palavras de Jesus deve unir-se em comunhão de amizade e de serviço. Por isto mesmo, este discurso é colocado pelo evangelista depois do episódio do lava-pés e da Ceia comunitária (João 13,1-30). Lá, Jesus tinha se apresentado como Mestre e Senhor (João 13,13) lavando os pés de seus amigos e suas amigas. Não existe amizade se na comunidade não houver humildade e serviço mútuo.

 

Terminando estas palavras sobre amor, serviço e amizade, Jesus repete novamente seu mandamento: Que vos ameis uns aos outros (João 15,17). Este mandamento torna-se a condição para que alguém permaneça unido ao tronco e produza frutos. O amor do Pai se manifestará nos frutos que a comunidade (os ramos) apresentar em fidelidade aos mandamentos de Jesus. Jesus ensina que a única maneira de permanecermos unidos e unidas a Deus está em acolhermos seu mandamento de amor. Surge assim o verdadeiro rosto da comunidade cristã: amigos e amigas, gente unida em Cristo, amando e servindo ao ponto de entregar sua vida por amor. Vivendo assim a comunidade se tornará um sinal de presença de Deus no meio do mundo. Este laço de amizade deve encorajar os discípulos e discípulas de Jesus a enfrentar as incompreensões de um mundo que rejeita esta proposta de amor com violência.

Fonte. https://cebi.org.br/

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