Bolsonaro leva Brasil às portas de um novo apagão de energia

 "Evidentemente que Bolsonaro não é responsável pela falta de chuvas. Mas a falta de planejamento, sim, é responsabilidade dele e dos neoliberais que o acompanham no governo", escreve o jornalista Rodrigo Vianna.


Usina hidrelétrica / Jair Bolsonaro

Usina hidrelétrica / Jair Bolsonaro (Foto: Agência Brasil)

A notícia acabou escondida, quase sem destaque nos principais portais da mídia comercial brasileira: o Brasil está sob risco de um novo apagão. 

A dura realidade foi exposta pelos técnicos numa reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), na última quinta-feira. O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, teria mostrado irritação, ao ser informado da situação crítica nos principais reservatórios que abastecem o centro-sul do país. Pelo visto, foi pego de surpresa. 

Um comunicado divulgado após a reunião informa que o setor enfrentou - de setembro a maio - o pior regime de chuvas em 91 anos. Evidentemente que Bolsonaro não é responsável pela falta de chuvas. Mas a falta de planejamento, sim, é responsabilidade dele e dos neoliberais que o acompanham no governo.

Nos bastidores, em Brasília, a preocupação é com a ausência de alternativas para conter a crise. Nem a utilização de todas as usinas termoelétricas (acionadas quando o nível dos reservatórios faz cair a produção de energia hidroelétrica) seria suficiente para evitar o pior no segundo semestre de 2021.

Os bolsonaristas teriam cogitado jogar a responsabilidade para a gestão Dilma: a velha tática do “mas e o PT...” Sabem que não vai colar. Primeiro, porque o país tinha planejamento e previsibilidade energética sob o governo Dilma. E, em segundo lugar, porque ela saiu do poder há cinco longos anos.

O governo se prepara para criar um “comitê de crise” e já se fala internamente que o racionamento pode ser a única saída. Racionamento de energia e também de água!

Nesta sexta-feira, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu alerta de “emergência hídrica” na Bacia do rio Paraná – o que deverá impactar os estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. 

A dupla Guedes-Bolsonaro pode repetir, assim, a sina do neoliberalismo brasileiro, já exposta no período FHC. Todos se lembram que foi o apagão de 2001, com racionamento e falhas seguidas de energia pelo país, o responsável por expor que o programa radical de privatização e desregulamentação conduziria o país ao caos. O apagão de FHC abriu caminho para Lula em 2002.

No caso de Bolsonaro, o desmonte do Estado e o foco em privatizar (inclusive a Eletrobrás), em vez de planejar o futuro, estão associados a um absoluto desprezo pela questão ambiental. Todas as pesquisas sérias e a ciência indicam que o desmatamento na Amazônia tem ligação direta com a redução de chuvas no Sudeste do Brasil.

O governo de Paulo Guedes e seus privateiros rastaqueras é também o governo de Ricardo Sales – o ministro do Meio Ambiente suspeito de participar de um esquema internacional de contrabando de madeira.

Sob pressão da CPI da pandemia, e tendo que lidar com quase 500 mil mortes, Bolsonaro pode se transformar em breve no gerente de mais um apagão energético. Seria a pá de cal nas pretensões do capitão para 2022. E poderia até acelerar o processo de afastamento de um presidente que ainda tem o apoio de 25% a 30% dos brasileiros, e de setores importantes das elites. Se faltar energia, pode acabar a paciência (inclusive no “andar de cima”) com um governo que não consegue planejar vacinas nem usinas.    

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Fonte.Brasil247.com


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