quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Funcionária denuncia racismo e intolerância religiosa em mercado e é demitida: 'Só para branco usar'

 

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No dia em que foi desligada da empresa, a auxiliar de cozinha deixou o RH da unidade e, quando retornou à cozinha, encontrou um recado escrito em um avental. “Só para branco usar” (Foto: Reprodução/Facebook)
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No dia em que foi desligada da empresa, a auxiliar de cozinha deixou o RH da unidade e, quando retornou à cozinha, encontrou um recado escrito em um avental. “Só para branco usar” (Foto: Reprodução/Facebook)

Desde o dia em que começou a trabalhar no hipermercado Atacadão, no bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, a auxiliar de cozinha Nataly Ventura da Silva, 31, passou a ser vítima de racismo e intolerância religiosa por parte de um colaborador da rede. Os ataques racistas sofridos por ela, que é negra, só cessaram no dia 28 de junho, dia em que foi demitida.

De acordo com o Uol, que conversou com a ex-funcionária, Ventura fez uma série de denúncias sobre os episódios de preconceitos vividos por ela no ambiente trabalho antes de ser demitida.

Para se ter ideia, no dia em que foi desligada da empresa, a auxiliar de cozinha deixou o RH da unidade e, quando retornou à cozinha, encontrou um recado escrito em um avental. “Só para branco usar”.

"Eu me senti muito mal. A supervisora tinha que ter levado o avental e encaminhado ele direto para o RH, mas ela não fez nada. Ela apenas riscou a frase, fez vista grossa esse tempo todo", lamentou Ventura em entrevista ao Uol.

(Foto: Arquivo pessoal)
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(Foto: Arquivo pessoal)

Segundo a ex-funcionária, que era uma das únicas pessoas negras da cozinha do hipermercado que pertence ao grupo Carrefour, em diversos momentos em que ela chegava no trabalho, o colaborador “virava o balde e começava a batucar como se fosse atabaque, em referência ao candomblé”.

“Um dia, os colegas estavam conversando sobre a doação de um gato, ele disse que o gato só serviria se fosse branco, preto não poderia adotar. Ele chegou a dizer que desde o dia que eu entrei lá [na cozinha], ele já não gostava de mim”, relatou.

De acordo com o jornal, as denuncias foram levadas à responsável pela cozinha, que nada fez. O caso também foi denunciado pelos canais de atendimento interno do estabelecimento, como é recomendado pela empresa. Mais uma vez, nada ocorreu.

Recontratação da funcionária negada

As denúncias chegaram ao Ministério Público do Trabalho, que confirmou os relatos da ex-funcionária. O órgão ainda afirmou que o suspeito de racismo também tinha problemas com outros funcionários, tendo até machucado outra colega.

“Esse funcionário dizia que não gostava de preto, está envolvido em caso de agressão física a uma outra funcionária e nunca foi punido. Neste caso de agressão, a empresa chegou a alegar acidente. Então, eu entendi é que a atitude omissa da empresa permitiu que ele fizesse tudo isso”, afirmou ao Uol a procuradora do trabalho Fernanda Diniz.

Diniz afirmou que propôs à empresa que recontratasse Nataly, nem que fosse em outra unidade da rede. Porém, o pedido foi negado.


"A empresa não quis admiti-la novamente, para que ficasse de exemplo para a todas as equipes”, avaliou a procuradora.

Por esses motivos, o órgão entrou com um pedido de danos coletivos que somam R$ 50 milhões. Caso o mercado seja condenado, os valores serão transferidos para instituições sem fins lucrativos voltadas para causas negras.

De acordo com o Uol, o empregado acusado de racismo e intolerância religiosa só foi desligado do hipermercado após o MPT intervir no caso.

Outro lado

O hipermercado Atacadão disse que repudia qualquer tipo de discriminação e que assim que a empresa tomou conhecimento do caso, o funcionário foi desligado por justa causa.

"Esclarecemos que a denúncia só foi registrada quando o contrato de experiência da colaboradora já havia sido encerrado e estamos atuando junto ao Ministério Público do Trabalho para colaborar com os esclarecimentos dos fatos. O Atacadão conta com um canal exclusivo para denúncias, que são tratadas com o máximo rigor como demandam questões de preconceito", disse a rede, em nota.

Fonte.João de Mari

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