MPF denuncia assessor de Guedes e outros 28 por prejuízos a fundos de pensão
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A força-tarefa do Ministério Público
Federal na operação Greenfield apresentou denúncia à Justiça contra Esteves
Colnago, um assessor do ministro da Economia, Paulo Guedes, e outras 28 pessoas
responsáveis pela gestão dos fundos de pensão Petros, Funcef, Previ e Valia,
com pedido recorde de reparação pelos prejuízos causados.
REUTERS/Sergio Moraes
Os procuradores acusam os envolvidos de gestão temerária na
aprovação de investimento do Fundo de Investimentos e Participações (FIP)
Sondas —veículo de investimentos da empresa Sete Brasil Participações. Eles
cobram, além da condenação dos denunciados, uma reparação econômica e moral das
vítimas de 16 bilhões de reais, o triplo do montante causado em prejuízo aos
fundos, cerca de 5,5 bilhões de reais.
A Sete Brasil é a empresa que seria a responsável pela
construção de sondas, unidades de perfuração, que viabilizariam a exploração do
pré-sal. Colnago, recém-nomeado chefe da Assessoria Especial de Relações
Institucionais do ministério e que chegou a ser ministro do Planejamento no
governo Michel Temer, era um dos integrantes do Conselho Deliberativo da
Funcef, o fundo de pensão da Caixa.
Os ex-gestores dos fundos autorizaram investimentos na Sete
Brasil ignorando os riscos dos investimentos, as diretrizes do mercado
financeiro, do Conselho Monetário Nacional e dos próprios regimentos internos,
afirmou o MPF, destacando que também não foram realizados estudos de
viabilidade sobre os aportes. Funcef Petros e Valia continuaram a investir no
FIP Sondas, apesar de o cronograma ter apresentado atrasos já na primeira etapa
e do incremento de mais riscos.
Em nota, o Ministério da Economia informou que Esteves
Colnago está à disposição da força-tarefa para prestar os esclarecimentos
relacionados à gestão dos fundos de pensão.
“O assessor esclarece que todas as atividades exercidas como
membro do Conselho Deliberativo da Fundação dos Economiários Federais (Funcef)
ocorreram em consonância com o regimento interno e demais normas legais”,
disse.
“Cabe lembrar que encontra-se em tramitação na
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) processo no
âmbito administrativo de semelhante teor, no qual Esteves Conalgo já apresentou
sua defesa”, acrescentou.
Em nota atualizada encaminhada à Reuters, a Funcef informou
que foi o primeiro fundo de pensão a atuar como assistente de acusação nas
apurações do MPF e da Polícia Federal acerca dos investimentos que estão sendo
investigados pela Operação Greenfield.
“Como destacado pelo MPF e pela PF, a Petrobras foi a grande
beneficiada do Projeto Sondas e dos investimentos dos fundos de pensão, sendo
que a denúncia não isenta a Petrobras de sua responsabilidade para com os
fundos de pensão, pois tal responsabilidade revela-se inconteste”, completou.
A Petros disse estar comprometida com as “melhores práticas
de governança e responsabilidade na administração dos recursos dos
participantes”, e que vem colaborando com a PF e o MPF.
“Paralelamente, tem reforçado os trabalhos das Comissões Internas
de Apuração (CIAs) da Fundação, criadas para averiguar eventuais
irregularidades em investimentos decididos no passado, e cujos resultados são
imediatamente encaminhados às autoridades”, disse, acrescentando que também se
prontificou a atuar como assistente do MPF em processos de improbidade
administrativa contra ex-gestores por atos ilegais.
A Reuters não conseguiu contato com os demais fundos de pensão que tiveram ex-gestores citados na denúncia.
Reportagem de Ricardo Brito e Marcela Ayres
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