domingo, 20 de outubro de 2019

Livre elege Joacine Katar Moreira, uma activista negra

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Doutorada em Estudos Africanos, Joacine Katar Moreira deixou a Guiné-Bissau e veio viver para Portugal para um colégio interno quando tinha oito anos. É cabeça-de-lista do Livre por Lisboa e foi eleita deputada este domingo.

O colégio que frequentou era das espanholas Irmãs Dominicanas da Anunciata e Joacine não se identificava com as restantes meninas, muitas delas retiradas às famílias em contextos de dificuldades económicas ou maus-tratos, o que não era o seu caso, explicou em entrevista ao Diário de Notícias. Joacine conta que gostava muito de ir à escola, mas, quando chegou a Portugal, foi colocada de novo no segundo ano porque era o que se fazia habitualmente às crianças de origem africana. Esta contrariedade motivou-a a esforçar-se nos estudos, o que não a impedia de passar “o tempo todo a questionar tudo”.
A primeira vez que concorreu pelo Livre foi nas legislativas de 2015. Ocupava o 22º lugar na lista de Lisboa, o que acabou por lhe garantir uma certa “invisibilidade”. Em 2019, tornou-se na primeira mulher negra a encabeçar a lista de um partido a eleições legislativas. Foi convidada para entrevistas e programas de televisão e foi estrela nas acções de rua. A gaguez que a acompanha desde pequena não a inibiu. No colégio, essa condição também nunca a impediu de apresentar as festas de Natal ou de ler em voz alta sempre que era necessário.

Gaguez não é mental
Foi a partir do nascimento da filha que Joacine percebeu que não podia tentar esconder ou disfarçar a situação. “Eu gaguejo quando falo, não gaguejo quando penso. O que é um risco enorme na Assembleia são os indivíduos que estão lá e que gaguejam quando pensam”, disse recentemente no programa Gente Que Não Sabe Estar, da TVI, apresentado por Ricardo Araújo Pereira.
JOACINE KATAR MOREIRA FUNDOU E É PRESIDENTE DO INMUNE - INSTITUTO DA MULHER NEGRA EM PORTUGAL, QUE NASCEU EM 2018. DESCREVE-O COMO UMA “ENTIDADE ANTI-RACISTA” E “FEMINISTA INTERSECCIONAL” QUE QUER INTERVIR NA SOCIEDADE E PRODUZIR CONHECIMENTO SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DAS MULHERES NEGRAS. A CRIAÇÃO DE QUOTAS ÉTNICO-RACIAIS É UMA DAS MEDIDAS DO LIVRE, ASSIM COMO A RECOLHA DE DADOS ÉTNICO-RACIAIS SOBRE A POPULAÇÃO NOS CENSOS E A ALTERAÇÃO DA LEI DA NACIONALIDADE, DE FORMA QUE TODOS OS CIDADÃOS QUE NASÇAM EM PORTUGAL SEJAM AUTOMATICAMENTE PORTUGUESES.
A ideia de regressar à Guiné passou-lhe pela cabeça, mas por pouco tempo, mas Joacine sente que Portugal é que é a sua terra e disse-o em entrevista ao jornal i. A primeira viagem que fez foi precisamente à terra natal para visitar a avó, com dinheiro que poupou quando ainda estava no último ano da licenciatura. Agora o próximo destino: a caminho do Palácio de São Bento.
Baseado num texto originalmente publicado a 4 de Outubro

Fonte. https://www.publico.pt/

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