Etiópia diz que ao menos 78 morreram em protestos da semana passada
Etiópia diz que ao menos 78
morreram em protestos da semana passada
Por Giulia Paravicini
ADIS ABEBA (Reuters) - Ao menos
78 pessoas morreram nos protestos ocorridos na Etiópia na semana passada contra
o tratamento de um ativista proeminente, disse a porta-voz do primeiro-ministro
nesta quinta-feira.
Premiê etíope, Abiy Ahmed 22/10/2019 REUTERS/Tiksa
Negeri
Billene Seyoum disse em uma
coletiva de imprensa que 409 pessoas foram detidas devido aos tumultos, que há
investigações em andamento e que tanto o saldo de mortes quanto o número de
detidos pode aumentar.
O premiê Abiy Ahmed foi recebido nesta
quinta-feira por ao menos 700 manifestantes ao som de vaias durante uma visita
a Ambo, local de episódios anteriores de violência localizado 100 quilômetros a
oeste da capital Adis Abeba, relatam à Reuters por telefone três pessoas
presentes.
Quando o premiê chegou para uma
reunião com políticos locais, apoiadores do ativista Jawar Mohammed reunidos
diante da prefeitura bradaram “Fora, Abiy” e “Estamos com Jawar, Jawar é nosso
herói”, segundo as pessoas presentes.
Uma disse que os brados foram tão fortes
que o primeiro-ministro deixou a reunião antes do tempo e foi retirado de Ambo
em um helicóptero com um forte esquema de segurança.
Assim que ele partiu, a calma voltou à
cidade, disseram as testemunhas, acrescentando que ninguém se feriu durante os
protestos.
Apoiadores de Jawar foram às ruas na semana
passada para protestar contra o tratamento que ele recebeu depois de dizer que
policiais cercaram sua casa de Adis Abeba e tentaram retirar os seguranças
destacados pelo governo.
Multidões de jovens de seu grupo étnico
oromo logo direcionaram sua revolta contra Abiy, que também é oromo, dizendo
que ele os traiu ao maltratar Jawar.
A capacidade de Jawar de organizar
protestos de rua ajudou Abiy a chegar ao poder no ano passado.
Billene disse que ao menos 78 civis
morreram em “um ato muito insensato de violência” nas regiões de Oromiya e
Harari e em Dire Dawa, cidade do leste do país, na semana passada.
Desde sua nomeação, Abiy implantou reformas
políticas abrangentes que lhe renderam prestígio internacional, mas também deu
espaço a tensões longamente reprimidas entre os muitos grupos étnicos
nacionais. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz neste mês por fazer as pazes com a
Eritreia, inimiga de longa data da Etiópia.
Até as eleições do ano que vem, Abiy terá
que equilibrar as liberdades políticas crescentes e líderes autoritários que
investem em bases de poder étnicas exigindo mais acesso a terras, poder e
recursos para seus grupos.
(Reportagem adicional de Tiksa Negeri)
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